A definição de quem será o responsável por dirigir o São Paulo em 2019 provoca discussão entre integrantes da diretoria tricolor. No último domingo (11), o executivo de futebol do clube, Raí, e o presidente, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, decidiram demitir o treinador Diego Aguirre. Até o fim da temporada, quem vai ficar no comando será André Jardine, que era técnico das categorias de base até o ano passado e fora promovido em 2018 para auxiliar do profissional. No entanto, nem todos dentro do Morumbi entendem que a efetivação do gaúcho de 39 anos seja o caminho correto a seguir.

Ex-jogador e ídolo da torcida, Raí encara Jardine como o nome ideal. O campeão mundial de 1992 foi o grande incentivador da integração do treinador da base na equipe principal. Ele também apoiou o então auxiliar a viajar para a Europa, em outubro, para fazer intercâmbio e conhecer um pouco mais da cultura futebolística de outros países. No entanto, nem todo mundo pensa como Raí.

Há dentro do São Paulo quem considere Jardine como muito jovem para assumir um time deste calibre. Para essas pessoas, a efetivação dele poderia significar a queima de etapas em um processo de maturação do treinador. Nesta visão, o medo é repetir o filme de Sérgio Baresi, em 2010. Na época, ele substituiu Ricardo Gomes, não obteve os resultados esperados e deixou o cargo antes mesmo do fim do ano – dando lugar para Paulo César Carpegiani. Naquele período, Leco era o vice-presidente de futebol tricolor.

No entanto, mesmo entre a ala que tem desconfiança sobre uma possível efetivação de Jardine e defende a contratação de um técnico mais experiente, não há um nome de um substituto para 2019 em pauta – apesar das especulações normais de mercado que falam em Abel Braga e Mano Menezes. Ou seja, o São Paulo ainda não trabalha com qualquer opção para a próxima temporada, apesar de não existir ainda uma certeza de que Jardine será efetivado.

A demissão de Aguirre

Raí deixou muito claro que não havia ficado satisfeito com o desempenho do São Paulo no empate por 1 a 1 com o Corinthians, no último sábado (10). Apesar de jogar fora de casa, a equipe atuou todo o segundo tempo com um jogador a mais (Araos havia sido expulso no fim da primeira etapa).

Com a vitória do Grêmio sobre o Vasco, no domingo (11), o Tricolor paulista caiu para a quinta colocação (foi superado no número de vitórias pelos gaúchos) e viu a situação para buscar uma vaga na fase de grupos da Copa Libertadores ficar mais complicada (os quatro mais bem colocados no nacional se classificam nesta etapa do torneio continental).

No encontro da cúpula tricolor neste domingo, já com os resultados da rodada na mão, foi possível observar que o time tinha uma vantagem de 12 pontos para o sétimo lugar (Atlético-PR) – sendo que até sexto do Brasileirão se classifica para a Pré-Libertadores. Por isso, ficou claro que já era o momento para começar a se projetar 2019 e Aguirre não faria mais parte dos planos.

O consenso entre os dirigentes foi de que nessas últimas rodadas o clube devia lutar pela quarta posição com o ânimo renovado por causa da entrada de Jardine, e estudar o que será feito no próximo ano sem a preocupação de perder o lugar na Pré-Libertadores.

O uruguaio tinha contrato com o clube até o fim deste ano, sem multa de rescisão. Indicado por Lugano, Aguirre chegou a encantar a diretoria, que até esboçou uma conversa sobre a renovação de contrato há cerca de dois meses. Na ocasião, o treinador achou que não era o momento para discutir o assunto.

No segundo turno, o time perdeu desempenho. Depois de fechar a primeira metade do nacional na liderança, com 71,9% de aproveitamento, a equipe conquistou apenas 40,4% dos pontos possíveis na segunda parte do torneio.

No total, Aguirre comandou o São Paulo em 43 partidas, com 19 vitórias, 15 empates e nove derrotas, com 55,8% de aproveitamento dos pontos.

UOL