É difícil como torcedor controlar o sentimento com relação ao São Paulo e o time. Se olhamos para 2017, 2016, ficamos com a sensação de alívio.

Se olhamos para 2015 que terminamos o ano em 4o lugar, chegamos em semifinal de Copa do Brasil e tínhamos um time, é frustrante. Se olharmos o vice de 2014 com o esquadrão que montamos tendo Kaká, Ganso, Pato, Kardec, Luis Fabiano, ainda mais.

2013 foi vergonhoso, 2012 foi nosso último bom ano após um 2011 sofrível, um 2010 horrendo apesar das semifinais da Libertadores. 2009 disputamos a taça até o final mas vínhamos de 4 anos incríveis em 2008, 2007, 2006 e principalmente 2005. Confiávamos no time, na direção etc.

Quando encerramos o ano passado, quando eu imaginava ter Pinotti para 2018, a sensação era de medo. Leco começou a delegar, trouxe Raí, se afastou mais e deu mais espaço para as decisões do ídolo.

Com Raí, voltei a ter esperanças e mesmo com um início de ano meio complicado, era sabido que com Lugano e Ricardo Rocha fariam um trabalho superior ao amador de 2017 e 2016. Mesmo não engrenando com Dorival, rapidamente com Aguirre voltamos a ter cara e a trágica eliminação nas semifinais do Paulistão nos penaltis doeu mas mostrou um time com outra cara.

A expectativa de Raí era de resgatar o São Paulo e fazer um projeto sólido e duradouro. Mas, no Brasil, nada se pensa com prazo no futebol, só se olha resultados. E desta vez, o olhar foi exagerado em termos otimistas.

O que vimos no 1o turno do Brasileiro, até sua metade, também não foi nada espetacular. A eliminação para o Atlético PR 2 semanas depois da eliminação no Paulista, deu a sensação de que 2018 seria como 2017. Mas, quem via mais que apenas o resultado, entendia que a forma que foi também foram as eliminações, apesar de doloridas e complicadas, o time mostrava novo ânimo e outro espírito. O embalo antes da Copa animou, o time manteve a base titular e contratou Rojas, Bruno Peres e Gonzalo entrou em forma. Parecia que tudo ia bem e voltamos com tudo. A perda de Militão foi uma notícia horrível em meio a quase 60 dias bons no Tricolor mas a boa fase em campo deu uma apagada nessa ausência. Durou até o início do returno quando tivemos uma queda vertiginosa.

A gordura durou um pouco e com ela a esperança. O elenco foi enxugado, muitos foram emprestados como Lucas Fernandes, Paulinho Boia, Kal etc. Outros foram vendidos. O elenco menor e fechado era a pretensão de Raí e cia. Parecia que estava dando certo mas o castigo foi grande quando o time que tanto precisa de intensidade começou a sofrer com problemas no gol, lesões e suspensões. O futebol e a euforia diminuíram. A torcida acreditou até o limite e infelizmente, a apresentação contra o Palmeiras em pleno Morumbi e a derrota, foi um duro golpe. Aguirre questionado, pressão voltou, o time sentiu.

O planejamento de Raí era reconstruir o time em 2018, resgatar o orgulho, tornar o São Paulo atrativo de novo e montar um projeto para 2019 sim disputar de forma sólida os títulos. Isso é o que ele vendeu aos jogadores que contratou e era o que dizia a todos. Só que o inesperado aconteceu e tudo veio rápido demais, tudo aconteceu de forma muito rápida.

O resultado veio antes, surpreendeu, a euforia e o clima de que estávamos com tudo parecia ser a fórmula do sucesso junto com a carente torcida. A política menos inflamada e as coisas se direcionando, menos problemas e escândalos, mais profissionalismo e mais conhecimento do futebol davam a estrutura. E da mesma forma surpreendente que apareceu, um futebol envolvente, rápido, estável e consistente,, o futebol sumiu. A confiança também se esvaiu.

Falar de Libertadores agora é uma derrota? Claro que é. Para um clube como o nosso é.

Em termos de expectativa e recomeço após o time ter perdido Hernanes e Pratto, os problemas com Cueva, desfizeram a espinha dorsal de 2017 que quase venceu o 2o turno do Brasileiro. Foram nomes pesados que saíram e mesmo com novos nomes, o time precisou se reencontrar. Montou-se um time, mas longe de se ter um plantel, fato que são vantagens enormes em Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo, por exemplo. Os times possuem farto elenco e nós sofremos quando perdemos 1 mísera peça. Os resultados dos times ao longo do ano não são coincidência. Um time como o Cruzeiro tem só para centroavante nomes como Fred, Barcos, Raniel e Sassá. 2 goleiros de bom nível, o Inter tem 3 bons goleiros, atacantes e peças em profusão. O Palmeiras e o Flamengo, nem se fala.

É conformista e de se lamentar o time ter perdido o gás tendo apenas o Brasileiro? Óbvio. Poderíamos ter investido ao ver que o time estava encaminhado para a taça? Mais óbvio ainda.

Alguém poderia supor um descenso como esse? Seria uma mentira se alguém dissesse isso ao final do 1o turno.

O que podemos ficar como lição é que o projeto tem de continuar e uma espinha não ser desfeita e sim aperfeiçoada para 2019. Não podemos todo começo de ano recomeçar tudo. O projeto de disputar títulos era 2019 e deu certo antes? Ficamos 8 rodadas na liderança e resgatamos muito do velho São Paulo? Então, sigamos em frente e lutemos pelo melhor final de ano e que se pense em 2019 para disputar de vez e conquistarmos títulos pois precisamos muito. Agora, que não se apaguem os acertos e se finja ser apenas erros por conta de quem só pensa em interesses próprios. O São Paulo de Raí e cia é muito melhor e promete muito mais que o São Paulo de mentira que se desfez de seu principal ídolo por um contrato mal feito, titular com acordo de boca, que perdeu jovens por erros de condução de negociação e contratou muito pé de rato caro que teve de sair logo depois.

Hoje, temos jovens com contrato renovado, Jardine na comissão, quem entende fora do campo e que chama a responsabilidade, que não se esconde. Que terminemos esses 8 jogos da melhor forma, que deixemos essa espinha e renovemos com jovens e jogadores certeiros. Que se traga um goleiro titular de vez, que se retorne Hernanes e se tenha reposição à Everton, Nenê, reserva para direita, alternativas de jogo no plantel. Que os jovens tenham mais espaço com Luan e Liziero.

Que se mantenha o trabalho e se evolua mantendo o São Paulo disputando no topo que sempre chegando é que se pode almejar conquistas. Não se pode minguar disputar sempre nas cabeças e isso voltou com nossos diretores. Ainda é pouco? Talvez. Mas é um recomeçar de ruínas e não de uma fundação sólida.

Que nosso 2019 comece agora e que o planejamento seja efetivo e bem sucedido, sem medidas populistas e demagogas.

Que o trabalho continue e focando no São Paulo e não em agradar X ou Y. Não joguetes de empresários e contratações cala boca.

Só com trabalho sério, é que poderemos pensar em vencer. E interromper ou cobrar resultados agora, é agir igual e pensar em ter algum resultado diferente.

Isso se chama insanidade.

Alexandre Zanquetta