Só a vitória interessa ao São Paulo contra o Atlético-PR, sábado, às 19h (de Brasília), no Morumbi. Para brecar a má fase, encerrar o jejum de cinco jogos sem resultados positivos e iniciar uma reação urgente, na visão do volante Hudson.

O capitão admite abatimento do São Paulo, pois o time perdeu pontos contra Paraná (fora), América-MG e Fluminense (em casa). Nesses jogos o grupo contava com vitórias e apenas empatou, de acordo com Hudson.

A consequência da derrocada no segundo turno foi a queda da liderança para a quarta posição, sete pontos atrás do primeiro colocado Palmeiras.

Segundo Hudson, o rendimento do São Paulo nos confrontos diretos contra o próprio Palmeiras e diante do Internacional (duas derrotas) também gerou um baque.

A postura do São Paulo nesses dois jogos, inclusive, foi um dos motivos para uma reunião da cúpula do futebol e da presidência com Diego Aguirre.

Em entrevista exclusiva, Hudson disse que a falta de resultados escancarou os defeitos do São Paulo, mas falou em buscar equilíbrio, pois o Tricolor não era o melhor time do mundo na boa fase e tampouco é o pior agora no momento ruim. O desejo é retomar o futebol do primeiro turno, quando foi criada na torcida uma expectativa pelo título do Brasileirão.

Aliás, sobre se essa expectativa aumentou a pressão, o capitão do São Paulo disse o seguinte:

– A gente criou o sonho para o torcedor. Quando começou o Brasileiro, lá na primeira ou segunda rodada, o torcedor não acreditaria que o São Paulo poderia brigar pelo título. E a gente colocou o São Paulo nessa posição, de brigar pelo titulo. Então acho que é uma responsabilidade nossa. Não gostamos de euforia e expectativa. Isso não ajuda em nada no futebol. Estamos evitando isso.

Leia a entrevista com Hudson, líder em roubadas de bola no São Paulo ao lado de Jucilei (68 cada):

GloboEsporte.com: O que explica essa má fase do São Paulo?

Hudson: O que aconteceu é que os resultados pararam de vir. Quando as vitórias não vêm, e há empates em casa e derrotas fora, no futebol isso escancara os defeitos da equipe. Todos os times têm defeitos. Mas na derrota fica mais visível. Não tem uma explicação, porque o trabalho é o mesmo, temos mais tempo de treinamento, todos estão focados, não tem problema interno nenhum no grupo. Acredito muito no potencial do grupo, porque mostrou capacidade e qualidade. Então a gente está (estala o dedo) com urgência pela nossa reação, de voltar a vencer, de ter uma sequência boa e de continuar na briga.

Aguirre falou muito em falta de confiança depois da derrota para o Internacional. Você concorda e por que?

– Sempre falo que futebol é 50% confiança. Porque trabalhamos muito com isso aqui (aponta para a cabeça). Os resultados negativos… às vezes um empate contra o Paraná lá (1 a 1), um jogo que poderíamos ter vencido, empate com o Fluminense (1 a 1) em casa, America-MG (1 a 1)… lógico que vaI dando um baque na equipe. Eram resultados que querendo ou não contávamos com os três pontos e não conseguimos. Nos confrontos diretos (derrotas para Palmeiras e Internacional) tivemos um rendimento bem abaixo, o que querendo ou não também dá uma abatida no grupo.

– Mas ainda temos nove jogos. Tem uma margem. Por mais que tenhamos deixado cair muito, tem uma margem para melhorar, voltar e fazer uma sequência boa. Tivemos uma vitória boa contra o Atlético-PR no primeiro turno (1 a 0). Agora temos outra chance de jogar contra eles. É fazer um grande jogo e demonstrar alegria… o São Paulo se proporcionou a brigar pelo titulo pela sua própria capacidade. Foi o trabalho da diretoria, comissão técnica e jogadores. Por isso criou essa expectativa toda. Então demonstramos que podemos, estamos trabalhando para voltar a demonstrar e continuar até o final do campeonato.

O São Paulo teve o desfalque do Everton e coincidentemente os resultados pararam de acontecer. Faltam peças de reposição?

– Tivemos a ausência do Everton em alguns jogos e o time teve um bom rendimento. Agora nesses últimos jogos que deu uma sentida, uma caída boa por causa daquilo: resultados que não esperávamos em casa, perda de pontos, confrontos diretos que não vencemos… é um conjunto de fatores.

– Um time com 30 jogadores às vezes pode ter o problema dos 30 quererem jogar. No futebol não tem uma fórmula correta. Você vai contratar 25 jogadores de seleção e vai ser campeão. No futebol as coisas têm de acontecer dentro de campo, como estavam acontecendo para o São Paulo muito bem no primeiro turno. É isso o que estamos buscando, esse ponto de equilíbrio que o time tinha, e retomar a confiança. Por isso é importante voltar a vencer e jogar bem para as coisas fluírem de uma maneira melhor.

Você individualmente teve uma volta por cima no São Paulo. Isso pode inspirar o time?

– Com certeza. Não à toa (o time) começou o ano mal e teve uma boa parte do Brasileirão muito boa. Gosto de frisar: o time mostrou qualidade e não foi à toa. Não existe um time campeão do primeiro turno com 19 rodadas à toa. É por algo de especial que o time tem. Mas deixou cair um pouco. Perdeu algo que tinha muito bom. Tem de recuperar isso logo. Faltam nove rodadas. Ainda temos chances, mas precisamos vencer o próximo jogo para as coisas voltarem a acontecer naturalmente.

Acha que o problema foi que vocês criaram uma expectativa? Porque o torcedor talvez não esperava que o São Paulo brigasse pelo título. Vocês criaram. Por isso agora tem essa pressão?

– A gente criou o sonho para o torcedor. Quando começou o Brasileiro, lá na primeira ou segunda rodada, o torcedor não acreditaria que o São Paulo poderia brigar pelo título. E a gente colocou o São Paulo nessa posição, de brigar pelo titulo. Então acho que é uma responsabilidade nossa. Não gostamos de euforia e expectativa. Isso não ajuda em nada no futebol. Estamos evitando isso.

– Às vezes, as críticas nas derrotas são muito pesadas. Na vitória também não estava tudo uma maravailha. O São Paulo não era o melhor time do mundo por mais que era o líder. Também na derrota não é o pior. Temos de achar de novo o ponto de equilíbrio. O time que vinha encaixando as jogadas, fazia os gols as vezes com duas chances e assim vencia. Uma falta de atenção que não acontecia e agora está acontecendo… temos de buscar esse equilíbrio para voltar a vencer, porque o São Paulo tem qualidade sim.

O objetivo do São Paulo é voltar a vencer, brigar por título ou Libertadores?

– O objetivo é voltar a vencer a próxima partida. Nesse caso é o Atlético-PR, no Morumbi. Vencendo podemos pensar em outra coisa. Mas se não voltar a vencer não vamos chegar a lugar nenhum. Então o objetivo máximo é a próxima rodada, vencer o próximo jogo, e no final vamos ver o que acontece

Você disse que um conjunto de fatores explica essa fase. Está na hora de mudar algo na escalação? (nota da redação: Aguirre testou Luan e Gonzalo Carneiro nos lugares de Jucilei e Nenê na última quinta-feira)

– Mudanças no futebol as vezes fazem bem ou mal. Não tem uma fórmula correta. Mas isso é decisão da comissão. Minha função é treinar bem e estar à disposição. Agora se ele (Aguirre) achar que tem de mudar para dar um susto, um ânimo, para mexer um pouco no ambiente do elenco, é função do Aguirre e da comissão. Eles chegam cedo, trabalham, estudam o desempenho e o comportamento. Conhecem muito bem cada um. Sabem o que cada um oferece. Se tiver de mudar vai ser porque a comissão acha que vai ser importante. Mas não cabe a mim, porque pode ser que eu saia, um companheiro do lado. Então não cabe a mim falar.

Mas independentemente de peças, o São Paulo precisa mudar algo para voltar a vencer. Você concorda?

– Tem de retomar o que fazia. É muito mais difícil você buscar uma coisa nova. O São Paulo não, só precisa resgatar o que vinha fazendo. Acredito muito que podemos voltar a vencer e ter uma sequência boa até o fim.

GE