Trecho de uma coluna do Mauro Cezar Pereira na “Gazeta do Povo” em que reproduzida conversas com jornalistas argentinos sobre a passagem do Aguirre no San Lorenzo.último clube antes de assumir o São Paulo

“Acompanho muito o futebol argentino, mas para evitar uma visão distante e eventualmente distorcida, a coluna entrou em contato com alguns jornalistas do país vizinho. O objetivo: entender por que e como Aguirre saiu do San Lorenzo, após a eliminação da Copa Libertadores da América, pelo Lanús, em setembro do ano passado, pouco mais de cinco meses antes de desembarcar ao Morumbi.

“Ele não foi capaz de dar à equipe um bom volume de jogo, como fez no Internacional. Mesmo ao eliminar o Flamengo da Libertadores, virando para 2 a 1, a equipe não fez um bom jogo, foi capaz de vencer graças à força mental dos jogadores, que não desistiram. Depois de sua má gestão no San Lorenzo, não deixou uma boa imagem”, resume Cristian Del Carril, setorista do clube de Buenos Aires e que mantém o programa de rádio “A Todo Ciclón”.

Diego Paulich, do Diário Olé e da Rádio Mitre, diz que Aguirre era questionado principalmente por que a equipe tinha “pouco jogo”. Segundo ele, fez um bom primeiro semestre, mas em uma semana estava fora da Copa Libertadores e da Copa Argentina. “Claro, lá ele teve bons jogos. Mas então caiu diante do Lanús”. De fato, o San Lorenzo de Aguirre fez 2 a 0 em casa e ainda assim perdeu a classificação na Libertadores para o time Granate.

Nicolas Montalá, também do “Olé”, define o treinador em seus tempos de Argentina como “muito defensivo e sem ambição”. Diz que em geral não fazia bons jogos: “Atacava pouco e ia mal nas substituições”. Pablo Lejder, do programa de rádio “Código de Barras”, engrossa o coro e diz que o time era contido em demasia. “Na Libertadores, não jogava bem, se classificou por um milagre e foi merecidamente eliminado pelo Lanús”, resume.

As semelhanças são claras. O São Paulo de Aguirre joga defensivamente, finaliza pouco e conseguiu uma boa arrancada com vitórias magras, sofridas em maioria, por um momento do certame, quando a boa fase empurrou até a liderança. Mas era preciso mais e, a exemplo do que constataram os jornalistas argentinos quando dirigia o San Lorenzo, o uruguaio não está conseguindo dar tal passo. A derrota para o Palmeiras, sábado, confirma a tese.

Quando o time paulista ainda disputava a Copa Sul-americana, muitos defendiam uma espécie de eliminação voluntária para que o time pudesse se dedicar apenas ao Brasileiro, que liderava. O Colón de Santa Fé despachou os tricolores da competição e desde então foram quatro semanas livres de treino para Aguirre. E o São Paulo não venceu sequer uma das partidas que disputou aos sábados e domingos após esses períodos livres para treinamentos.

O treinador não conseguiu agregar predicados ao time, não foi, até aqui, capaz de fazer o São Paulo jogar um futebol de maior repertório, pelo contrário. Diante de um Palmeiras que vencia por 2 a 0 em pleno Morumbi, os são-paulinos não sabiam atacar. Exceto dentro da estratégia original do uruguaio, a do time “reativo”, que atua fechado e avança rara e velozmente. Os rivais de verde não sofreram para sustentar o placar.

Esse roteiro não surpreende os jornalistas argentinos acima. Não deveria surpreender a nenhum de nós. Mas antes de estudar o perfil dos treinadores, lembrar seus trabalhos anteriores e entender o que seria mais provável em campo, dedica-se o tempo a projeções otimistas em função de uma boa fase. Tudo isso faz parte do exagero na importância dada aos técnicos de futebol. Que não por acaso vivem entre o céu e o inferno. “

—-

Mas tem gente que jura que ele vai ser campeão aqui.

por: Anderson Carvalho