Era o pós-jogo da vitória do Brasil sobre o México, pela Copa do Mundo deste ano. Estava assistindo, ainda em êxtase, toda a repercussão a respeito da partida. “É o hexa chegando”, pensava.
Parei na ESPN, e algo me chamou atenção. Em meio a toda a festa pela vitória, o jornalista Arnaldo Ribeiro apresentava comentários um tanto quanto ponderados. “Lá vem a mídia querer descredibilizar o time”, dizia em tom irônico.
Mas uma de suas declarações foi certeira. Na época, todos notavam a má fase de Gabriel Jesus, o atacante-zagueiro, sem nenhum gol ou assistência na competição. Embora havia pedidos da substituição do atacante por Firmino, tudo era relevado ante o avanço da seleção na Copa.
Arnaldo foi certeiro: “A gaveta do técnico Tite está fechada. No primeiro tropeço, ela será aberta. E de lá sairá a insistência em Gabriel Jesus”. Dito e feito. Todos sabem os capítulos seguintes da história.
Essa declaração me fez refletir neste momento de oscilação do São Paulo. Os 7 tropeços do returno não só abriram a nossa gaveta: escancararam. Covardia de Diego Aguirre, insistência em Rodrigo Caio, improvisações e proteção a Sidão foram algumas da cartas tiradas do baralho.
O engraçado é que nada disso era falado há 5 rodadas. Para não ser injusto, até eram, feitas por uma minoria desconfiada. A grande massa comprou a ideia, exaltou Aguirre na escalação de Reinaldo na ponta, louvou o trio de zagueiros, enalteceu a garra do time e valorizou o trabalho feito até então.
O que mudou de lá pra cá? Obviamente, os resultados. Mas como condenar um treinador que pode levantar um time morto? Como não credibilizá-lo por levar o time à liderança? Como não valorizar seu estilo de jogo, chamado por muitos de “covarde”, mas que venceu Flamengo e Cruzeiro fora de casa?
Todos sabem que o elenco é curto, que, apesar de repetitivo, estamos em reconstrução e que passamos por problemas financeiros. Vale a pena acabar com mais um trabalho e novamente dar um tiro no escuro? É tão difícil enxergar que o trabalho, mesmo que conturbado no momento, está no caminho certo?
Não quero fazer de juízo de valor, muito menos ser “fiscal de torcida”. Acredita quem quer, critica quem acha que deve. Eu prefiro ponderar.
A má fase chegou e a gaveta foi aberta: dá pra tirar mais coisa de lá?
João Roberto Nelli,
torcedor tricolor da cidade de Maringá-PR.