Amigos Tricolores.

Hudson não tem a elegância do Paulo Roberto Falcão, a classe de Alemão ou a raça do Chicão, isso para ficar apenas no exemplo desses 3 grandes volantes que passaram pelo nosso São Paulo, mesmo que Falcão pouco tenha jogado em nosso time na década de 80. Os outros dois, jogaram mais tempo.

Hudson é um jogador que chegou ao São Paulo como reforço, mas não como reforço de peso, aquele que chega para ser titular, como recentemente, chegaram Nenê e Diego Souza. Chegou como uma aposta, e ao meu ver, já tinha dado certo na sua primeira passagem. Não é um craque, mas é um jogador de muita raça e vontade e as vezes, o que o time precisa! Jogador com esse perfil contamina, de forma positiva, o time inteiro, que vê esse jogador se dedicar dar o “algo a mais” que todo o time que quer ser campeão precisa e acaba seguindo pelo mesmo caminho.

Estrutura vencedora

O São Paulo de hoje, guardada as devidas proporções, me lembra um pouco do time que Telê Santana montou em 1992. Em algumas posições, claro. Tínhamos 2 zagueiros muito bons, Adilson e Ronaldão, muito bons, não craques. Hoje temos Arboleda, um excelente zagueiro e ora Bruno Alves, ora, Anderson Martins, muito bons também. Tínhamos um lateral esquerdo, muito bom, não craque, Ronaldo Luis, hoje temos Reinaldo, cara de grupo que tem carisma e caiu nas graças da torcida, mais pelo carisma do que pelo futebol que apresenta. Ronaldo, o Santo Ronaldo Luis, era mais lembrado por tirar bolas debaixo do gol do que pelos lances em campo. Era um jogador com vontade, boa técnica e que chegou ao São Paulo a pedido do mestre Telê, ou seja, tinha talento e o algo a mais.

No meio, temos hoje um “velhinho”, Nenê no auge dos 38 anos, como tínhamos Toninho Cerezo à época. Um meia, jogando mais a frente, Palinha, hoje, Diego Souza, um atacante rápido, Muller, hoje, Everton. Na cabeça de área, Pintado, muito parecido com Hudson, aliás, esse fato é o que me inspirou a escrever esse artigo. De novo, guardadas as devidas proporções, pois não seria louco de comprar, o talento de jogador do Muller com Everton por exemplo, um gênio, outro, um jogador muito bom, mas bem abaixo do que foi Muller.

Pintado X Hudson

Raça, ambos tem. E muito! Liderança, Pintado exercia mais, Hudson é mais calado, mais na linha do fala menos e faz mais. Jogadores que nunca sobressaíram por serem craques, mas muito uteis aos times que jogaram. Muitas vezes, mais do que os craques é melhor ter 11 jogadores que dão a vida em cada jogo do que o craque que só joga quando quer ou quando tem mídia. Nós passamos recentemente por isso, todos se lembram. E tem um craque ai na França que está indo pelo mesmo triste caminho…

Pintado era um dos homens de confiança do mestre Telê, confiança essa conquistada em campo, vale lembrar. Hudson, tem ido pelo mesmo caminho, em campo, conseguiu, aos poucos ter a confiança do exigente Diego Aguirre. A raça dos dois é nítida.

Pintado, dizia que, em campo se precisasse bater no Raí, Zetti, Ronaldão, o faria, tudo em nome do amor que tinha – e ainda tem – pelo manto sagrado. Hudson, não tem esse temperamento, e não “bateria” no Nenê ou Diego Souza, em campo, esse menos energético que Pintado, mas com a mesma raça e mesmo futebol.

Ótimo se o São Paulo vier com o mesmo espírito de 1992, sairemos dos 6 anos de fila, algo que já incomoda, ainda mais para um time acostumado a títulos, como é o nosso São Paulo FC.

Foi mas, voltou. Ainda bem!

No ano passado, pouco aproveitado no São Paulo, Hudson foi para o Cruzeiro. O jogador, ao invés de ser ingrato com o São Paulo, na minha visão, entendeu o momento, foi para Minas, evoluiu muito nas mãos de Mano Menezes e voltou com mais experiência para ajudar o São Paulo a voltar a ser grande, algo que tem feito com maestria. Tem honrado a camisa do São Paulo e definitivamente, tomou conta do meio de campo tricolor.

Me faz relembrar a dupla Mineiro e Josué, pois Hudson e Jucilei, estão dando uma enorme estabilidade ao time. Tendo um bom goleiro, o São Paulo estaria mais protegido, perdido menos pontos, mais distante dos adversários, porém esse é um assunto que de nada adianta chorar, é Sidão até o fim do ano. Palavra do técnico. E seguimos assim, ser campeão no “modo hard”.

 Capitão?

Hudson tem sido capitão em alguns momentos. Ele não tem o carisma do Reinaldo, ou a liderança de Nenê, muito menos a qualidade do Diego Souza, por isso, não é tão midiático como esses jogadores são, afinal, no futebol quem faz gol é quem aparece, mas é um jogador muito importante dentro da estrutura do São Paulo. Merece ser capitão, sim, pois a sua raça, repito, é algo que contamina, no bom sentido, o time como um todo.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe