Podem anotar. A rodada deste meio de semana do Campeonato Brasileiro será uma divisora de águas na competição.

Três jogos desta quarta e um de quinta, todos eles com alto nível de dificuldade para os clubes que ocupam as cinco primeiras posições, indicarão quem quer o quê, a ponto de entrarmos no terço final do campeonato.

O São Paulo seguirá somando? Haverá um vencedor no duelo direto dos que vêm atrás, Inter e Flamengo? E Grêmio e Palmeiras, que jogam contra os dois times mais indigestos do momento para se enfrentar, irão entrar de vez na briga?

Uma pena que a rodada tão transcendental ocorra no meio de uma data Fifa, com diversas seleções, inclusive a brasileira, desfalcando os principais clubes.

O São Paulo fica sem Arboleda (além de outros seis desfalques por razões diferentes), o Flamengo perde Paquetá, Cuellar e Trauco, o Grêmio não terá Everton e Kannemann (só isso). Bom para Inter e Palmeiras, que passam incólumes das seleções e das lesões.

Uma pena, mas não uma surpresa. Já se sabe desde o ano passado o calendário do Brasileiro e quais são as datas reservadas para seleções. O calendário é o calcanhar de Aquiles do nosso futebol e é co-responsabilidade de CBF, federações estaduais e, claro, clubes.

Hoje, os clubes se fazem de vítimas por perderem seus jogadores em um momento tão importante. Mas eles estão no topo da pirâmide de culpados pela situação. O que não era possível prever era uma 23a rodada tão sensível.

O São Paulo, líder, vai ao Horto enfrentar o Atlético Mineiro (que perdeu Chará para a seleção colombiana). Apesar dos três jogos sem vitórias, o Atlético é forte demais em casa. O São Paulo será pressionado e pode se aproveitar disso, como fez contra o Flamengo. Jogar de forma reativa é uma marca no time. Para o Atlético, o jogo é quase uma final . A chance derradeira de voltar para a briga.

Inter e Flamengo, segundo e terceiro colocados, jogam no Beira-Rio. Além dos desfalques por conta da data Fifa, o Flamengo não poderá contar com Diego e Réver – ou seja, o ameaçado Barbieri terá meio time titular em Porto Alegre.

Desde a derrota para o Flamengo, no turno, o Inter engatou uma sequência com 11 vitórias, 6 empates e só 1 derrota (72% de aproveitamento). Com zero gols marcados nos cinco jogos contra seus concorrentes diretos, o Inter busca dar uma resposta.

O Palmeiras, quarto, recebe o Atlético-PR. Supostamente, seria, entre os líderes, o time com confronto mais ”fácil” na rodada. Só que o Furacão é um dos times mais quentes do campeonato – são sete vitórias e dois empates nos últimos nove jogos, contando a Sul-Americana, e a quinta melhor campanha pós-Copa. E o Grêmio, quinto, vai à Vila Belmiro enfrentar um Santos que vive seu melhor momento no ano, embalando com Cuca e com Gabriel, o Gabigol, se reencontrando com o próprio apelido.

São Paulo, Inter e Flamengo, pela pontuação, o calendário e o fato de jogarem sempre com titulares, são os três candidatos maiores a título. Palmeiras e Grêmio correm por fora, pois atuarão muitas vezes no Brasileiro com seus times reservas – é a estratégia de ambos antes das partidas de mata-mata pela Libertadores e, no caso do Palmeiras, também a Copa do Brasil.

Mas esta é uma rodada que pode ”obrigar” Palmeiras e/ou Grêmio a darem mais atenção ao campeonato. Imaginem um cenário de vitória deles, combinada com derrota do São Paulo e empate no Sul? A rodada pode acabar com o Flamengo sem técnico. Com o São Paulo disparando. Com o Inter liderando… são muitas as possibilidades!

Se olharmos a tabela com a lupa, veremos que, daqui até o final, a enorme maioria das rodadas sempre é, teoricamente, boa para alguém ou então ruim para alguém. Sempre um dos times tem um jogo mais complicado ou então, pelo contrário, mais fácil do que os outros. Sempre em tese, já que sabemos que no Brasil o nivelamento é grande mais.

Depois dessa rodada número 23, só mais uma tem características semelhantes. A 29a rodada, por enquanto toda marcada para o domingo, 14 de outubro, terá Inter x São Paulo, Palmeiras x Grêmio e o Fla-Flu. E adivinhem! Será em plena data Fifa. Aliás, será também ensanduichada entre as duas finais da Copa do Brasil, que podem ter a presença de Palmeiras e Flamengo.

É isso mesmo que você leu. Os dois jogos da final da Copa do Brasil e essa rodada gigante do Brasileiro vão coincidir com mais dois jogos da seleção brasileira – ainda não marcados, mas possivelmente contra Arábia Saudita e Argentina, lá no Oriente Médio. É provável que Tite não convoque jogadores dos clubes brasileiros para estes jogos, mas essa é uma decisão dele, não dos clubes.

Claro que outras rodadas podem se apresentar enormes mais para frente, de acordo com os momentos vividos pelos clubes que ponteiam a tabela e também seus adversários. Mas, a priori, as rodadas 23, essa que começa hoje, e a 29, ambas em datas Fifa, são as maiores até o fim o campeonato.

UOL