Já tive a oportunidade de ter alguns textos publicados nesse blog desde 2009. A maior parte deles foi pra fazer críticas, dada a fase da instituição nesses quase 10 anos. Em 2018, tive três textos publicados. O primeiro elogiava a contratação de Raí como diretor executivo de futebol, o segundo criticava o desempenho de Dorival e o último, publicado no último dia 7 defendia o trabalho de Diego Aguirre.

Esse texto não vai tratar da política e da gestão do clube ou de análise tática do time. Eu vim agradecer o São Paulo pelo dia 17/06/1992, data em que conquistamos a nossa primeira Libertadores. Algumas datas, jogo e músicas marcam as nossas vidas. Esse dia me marcou pelo fato de ser a véspera do meu nono aniversário.

Eu não consigo esquecer da campanha, das dificuldades, das crises pelas quais passamos, da reação, do sufoco pra marcar Jairo Lenzi do Criciúma, do espetáculo contra o Barcelona do Equador no Morumbi, da batalha de Rosário contra o Newell´s Old Boys e da tensão que foi o 2º  jogo realizado na nossa casa. O futebol para muitos serve como uma válvula de escape para esquecermos dos nossos problemas cotidianos. Em vários períodos as vitória e títulos do SP amenizaram  notas vermelhas na escola, doença na família, términos de namoro, desemprego, falta de grana, tédio.

Isso durou até 2008. Depois disso, o SP teve mais dificuldades do que eu. Mudanças de estatuto, perpetuação de poder, nepotismo, falta de transparência, de títulos, goleadas sofridas contra rivais, eliminações pra times pequenos, ameaça de rebaixamento. A situação havia se invertido. Não era o SP que me fazia fazia esquecer os maus momentos. Era o SP que me fazia ter maus momentos.

A cada nova derrota, uma nova promessa de abandonar o SP. Mas no jogo seguinte, lá estava eu atravessando a zona sul pra chegar ao Morumbi. Nunca vou me esquecer do SP x Flamengo em 2016, quando uma derrota nos deixaria na zona de rebaixamento e todo mundo dizia que perderíamos. Eu e 30 mil pessoas debaixo de frio e garoa testemunhamos Lugano dar uma cotovelada em Guerreiro e dessa forma saímos com o empate e mais tarde escapamos do rebaixamento.

Em 2017 prometi a mim mesmo que não iria mais ao Morumbi ver o SP brigar pra não cair. Esse foi o ano em que mais corremos risco e a promessa foi descumprida, pois compareci em quase 30 jogos durante o ano, e só deixei de ir no 2º turno uma vez, contra a Chape, pois tinha prova na faculdade. Como abandonar um time que me proporcionou algumas das minhas maiores alegrias e emoções? Toda vez

que eu pensava em não ir mais ao Morumbi, bastava eu me lembrar do dia 17/06/1992 pra me vestir e enfrentar 2 horas pra chegar a nossa casa sacrossanta e quase 3 horas pra voltar.  Tivemos um semestre de altos e baixos nesse ano, mas terminamos num bom momento antes da parada pra Copa do Mundo. A grandeza do SP me permite achar que ainda estamos distantes do lugar em merecemos estar, mas posso afirmar que há perspectivas. Tudo que desejo, é que as crianças são-paulinas possam em breve ter as mesmas alegrias e emoções que eu tive na idade delas.

Pra ler as notícias do SP em 1992 eu lia o Diário Popular e vi os jogos numa Sharp 20 polegadas. Ambas faliram. Não importa o momento, torcer pro SP é um privilégio, indescritível, inenarrável. E se depender de 20 milhões de torcedores não iremos cair ou falir como as empresas citadas acima ou alguns clubes.

Para quase todos os brasileiros, as atenções estarão voltadas para a estréia da Seleção na Copa do Mundo no dia 17/06. A minha, como todo dia 17/06 estará voltada para a final da Libertadores de 1992. Verei novamente a partida e irei me emocionar como  se esse jogo não tivesse acontecido.

Cada um vive e torce pro clube do jeito que acha melhor e essa é a minha. Toda vez que eu pensar em desistir desse clube é vendo esse jogo e o que ele representa pra mim é que me fará amá-lo ainda mais. Obrigado, eterno Mestre Telê Santana, Zetti, Cafu, Antonio Carlos, Ronaldão, Ivan, Pintado, Adílson, Raí, Palhinha, Muller, Elivelton, Macedo, demais jogadores, integrantes da comissão técnica e diretoria.

Obrigado São Paulo Futebol Clube. Obrigado por ter me dado o maior presente da minha vida no dia 17/06/1992, obrigado por estar comigo nos bons e maus momentos.

Obrigado por existir, Clube da Fé.

Rafael de Albuquerque

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