Amigos tricolores.

A era Telê Santana no São Paulo, foi, sem dúvidas a melhor das épocas do São Paulo. Foram mais de 30 títulos, sendo 2 mundiais e 2 Libertadores. Fora Brasileiro, Paulista, torneios internacionais. Foi uma época de títulos memoráveis. Não tivemos o melhor time do tricolor essa época, para mim, a geração anterior, os Menudos do Morumbi, foi o melhor dos times.

Sempre que lembramos do time de Telê Santana, não tem como não vir a nossa mente Zetti, Raí, Cafú, Muller, os grandes jogadores daquele time. Lembrar do grande Cerezo desfilando talento e experiência em campo. O time, como Telê, sempre quis, jogava por música. Aliás, arrisco dizer, que Telê fez no São Paulo a sua “Monalisa”, ou seja, a sua melhor e mais perfeita obra.

Raí, era o parceiro de Telê

Na minha visão, Raí era o grande líder e a representação, do seu jeito, claro de Telê dentro de campo. Fora, se respeitavam muito, Telê ficava bravo quando o chamavam de “irmão do Sócrates” pois Telê sabia que Raí era muito mais do que isso, tinha talento para ser o Raí. Virou, em pouco tempo, Raí e o Sócrates que era seu irmão. Raí tinha um jeito menos enérgico que Telê, mas faziam uma excelente dupla. Raí, era culto, simples e um craque que na hora da decisão se podia contar, por isso, era respeitado no grupo. Todos o ouviam.

Leonardo. Sua primeira passagem

Em 1990, o tricolor trouxe do Rio um jovem lateral esquerdo chamado Leonardo. Telê havia treinado o lateral na sua passagem pelo Flamengo alguns anos antes de chegar ao São Paulo. Tinha visto no “Leo” um jogador com inteligência acima da média. Tinha uma leitura de jogo muito boa e queria o jogador no time. O São Paulo trouxe o carioca para a lateral esquerda. Leo foi campão em 1991, em um time que tinha Ricardo Rocha, Zetti, Antonio Carlos, Zé Teodoro, Raí entre outros. Timáço! Mas Leo, por ser um craque e inteligente ficou pouco no São Paulo, saindo do time no fim de 1991, indo para o Valencia da Espanha.

Saudades de uma diretoria competente…

Em 1993, o torcedor tricolor sofreu uma perda. Em 1991 e 1992, Raí, saiu de irmão do Sócrates para o grande Raí. Sem a menor dúvida, era o melhor jogador em atividade no Brasil. Era um maestro, um verdadeiro camisa 10. O São Paulo havia ganho importantes títulos, onde Raí fez gols decisivos em todos, como os 3 gols sobre o Corinthians, o gol da Libertadores de 1992, os 2 gols contra o Barcelona. Era o grande ídolo, mas como todo jogador que se destaca, Raí recebeu algumas sondagens, até que aceitou a do Paris Saint Germain, da França. Em Janeiro ele foi vendido, mas o São Paulo conseguiu manter o craque até Junho, ele disputou a final da Libertadores, levantou mais uma taça e carimbando mais uma passagem para Toquio. Mas iriamos sem o maestro e campo? Foi ai que a diretoria do São Paulo agiu muito rápido e trouxe um meia a altura de substituir o maestro, outro maestro, Leonardo, que na Espanha tinha se tornado um meia esquerda.

Um meia de altíssima qualidade

Na minha visão, Leonardo foi um genial meia e um “muito bom” lateral. Por mais que tenha ido para a Copa do Mundo de 1994 como lateral, Leo já jogava nas duas posições, mas com muito mais qualidade na meia. Além de talento, ele foi para a Copa pela sua versatilidade, algo que todos os técnicos de Copa valorizam. Léo foi campeão do mundo, como um autentico camisa 10, sendo protagonista, em 1993 pelo São Paulo e depois, campeão do mundo, com a seleção brasileira, como reserva do Branco, um excelente lateral, sem dúvida, mas Leo era mais técnico. Era craque!

Leonardo. O querido do mestre

Telê era um técnico que não prezava muito por ser amigo de jogador que comandava. Ele era muito bravo e reservado. Não fazia questão de ser amigo dos jogadores, era seu jeito de ser. Acredito que até para demonstrar quem era o comandante e o comandado. Alguns gestores optam por isso, é aceitável. Ele nunca disse abertamente, mas todos sabiam, que Telê tinha como seu preferido no São Paulo, Leonardo. Por mais que Cerezo era um jogador conhecido do mestre, pelas Copa de 82 e 86, e Raí ser a representação de Telê em campo, o “queridinho” do mestre, era o Léo. Ele nunca teve nenhuma vantagem, teve cobrança até extra, como Telê fazia com os craques, mas ele era mais ouvido pelo mestre do que os outros jogadores. Isso nunca ficou explicito, mas Leonardo sabia disso.

Raí e Leonardo no meio. Pena não ter dado certo

Uma pena Raí e Leonardo não terem jogado no meio de campo do tricolor. Imagino um time com: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Ronaldo Luís; Pintado, Cerezo, Raí e Leonardo; Muller e Palinha. Seria um timaço, uma pena não tivemos esse time em campo, mas, aqueles que Telê montou foram históricos e nos deram títulos! Uma pena, hoje, não termos mais talentos como esses…

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe