No último dia 19 de abril, a atual gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva à frente do São Paulo completou um ano. A diretoria, então, divulgou relatório nesta quarta-feira com avaliações e dados sobre o trabalho exercido desde a vitória de Leco em disputa com José Eduardo Mesquita Pimenta – o antigo candidato da oposição também atua na gestão, como integrante do inédito Conselho de Administração. Na análise do próprio Tricolor, os principais avanços estão na redução da dívida do clube, na melhora organizacional e no resgate da credibilidade, baseada nos acertos com Banco Inter e Adidas. “Mesmo em um cenário de enormes dificuldades, obtivemos avanços notáveis: fomos à semifinal da Copa Libertadores da América após seis anos, reduzimos substancialmente a dívida e aprovamos o novo estatuto social, que trouxe modernidade e profissionalização para o Morumbi. O êxito desses esforços foi referendado em 18 de abril de 2017, quando esta gestão foi eleita para um mandato até dezembro de 2020.  Hoje temos equilíbrio financeiro, celebramos o resgate de imagem que fica ilustrado em parcerias como as firmadas com a adidas e o Banco Inter, e uma gestão modernizada que contempla um Conselho de Administração e uma Diretoria Executiva, edificada com o importante apoio do Conselho Deliberativo. Pavimentamos a estrada”, diz o presidente Leco na abertura do relatório.

Há destaque para a melhora na relação com clubes rivais – a era Carlos Miguel Aidar foi marcada por desavenças, principalmente com o Palmeiras – e com a Federação Paulista de Futebol (FPF) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A vitória de Rogério Caboclo, conselheiro vitalício do Tricolor, como presidente da CBF foi exaltada. As medidas institucionais e de responsabilidade social, como o “SPFC se importa”, que aborda temas como espaço e voz para as mulheres e inclusão de portadores da síndrome de down, foram colocadas como pontos altos da gestão. A redução da dívida desde 2015, quando Leco iniciou seu mandato anterior, foi, de R$ 170 milhões para quase R$ 90 milhões e também foi comemorada.

A criação e a atuação do Conselho de Administração foram destacadas e recebem elogios inclusive de oposicionistas. O órgão conta com Leco, o vice-presidente Roberto Rhormens Alves Natel, os membros eleitos Silvio Médici, Júlio Casares e Adilson Alves Martins, escolhidos pelo Conselho Deliberativo, o membro indicado pelo Conselho Consultivo, José Eduardo Mesquita Pimenta, além do empresário Júlio Conejero, o Secretário de Estado do Governo de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho e do jornalista Marcio Aith, membros independentes do órgão.  Leco também exalta sua diretoria executiva, formada por Raí (Futebol), Rodrigo Gaspar (Administrativo), Guilherme Palenzuela (Comunicação), Rafael Palma (Estádio), Elias Albarello (Financeiro), Eduardo Rebouças (Infraestrutura), Leonardo Serafim dos Anjos (Jurídico) e Luiz Fiorese (Marketing). Esse ponto, no entanto, é constante alvo de reclamações da oposição. Há até solicitação para que o estatuto seja revisto e evite a presença de ex-conselheiros em cargos executivos. Isso acontece com Rodrigo Gaspar, Elias Albarello, Leonardo Serafim e Eduardo Rebouças.

Um dos objetivos da atual é gestão era profissionalizar alguns processos considerados ultrapassados no clube. A diretoria financeira, por exemplo, pretende não usar mais o que for arrecadado com vendas de jogadores para obras e melhorias relacionadas ao Morumbi ou administrativas. Esse dinheiro deve ficar com o departamento de futebol, para manutenção e fortalecimento do elenco. Por outro lado, os dirigentes enxergam a necessidade de unificar o São Paulo em outros aspectos.

Processos administrativos e de gestão antes eram diferentes no Morumbi, em Cotia e no CT da Barra Funda. Tudo isso agora está sincronizado. Algo que parecia óbvio e simples, mas que travava o funcionamento do clube. O avanço nesse aspecto passa pela implantação do SAP, um software de gestão que só era usado no Brasil por Palmeiras e Grêmio. Há também um projeto estratégico para a área de recursos humanos, que era pouco estruturada, e foi criada uma superintendência de gestão de contratos. É um filtro, uma auditoria interna.

Histórico esportivo

Leco está na presidência são-paulina desde o fim de outubro de 2015, quando assumiu em mandato tampão causado pela renúncia de Carlos Miguel Aidar. As principais críticas ao cartola sempre saíram do mau desempenho esportivo do Tricolor. Foram duas temporadas seguidas brigando para não ser rebaixado no Campeonato Brasileiro e frequentes vendas de atletas importantes, como Paulo Henrique Ganso, Alan Kardec, David Neres, Luiz Araújo e Thiago Mendes Nenhum título foi conquistado no período.

A gestão também ficou marcada pelas trocas frequentes de dirigentes à frente do departamento de futebol, mais até do que de treinadores. Entre técnicos, passaram com Leco nomes como Doriva (contratado por Aidar e demitido rapidamente), Edgardo Bauza, Ricardo Gomes, Rogério Ceni, Dorival Júnior e, agora, Diego Aguirre. Entre cartolas, estiveram no CT da Barra Funda os diretores-executivos Gustavo Oliveira, Marco Aurélio Cunha e Vinicius Pinotti, os diretores estatutários Rubens Moreno, Luiz Cunha e José Jacobson Neto e os vice-presidentes de futebol Ataíde Gil Guerreiro e José Alexandre Médicis.

Hoje a diretoria de futebol é composta por Raí (diretor-executivo), Ricardo Rocha (coordenador de futebol) e Fernando Chapecó (diretor-adjunto). Diego Lugano, outro ídolo histórico do clube, também auxilia no dia a dia esportivo, mas tem o cargo de superintendente de relações institucionais. Apesar da falta de resultados, o relatório divulgado nesta quarta cita a maior integração com Cotia como um dos grandes avanços da gestão. Essa era uma promessa constante das últimas diretorias, mas que conseguiu sair do papel com Raí, que vai ao CFA Laudo Natel até duas vezes por semana para ajudar a implantar processos e monitorar a preparação dos jovens. A promoção de André Jardine, antigo técnico do sub-20, para auxiliar do profissional também foi citada.

“O São Paulo sempre foi um clube vencedor em sua essência e nosso trabalho é para retomar essa trajetória de sucesso. Mas não bastam apenas bons jogadores, é necessário investir cada vez mais em infraestrutura, equipe de apoio e acompanhar o que é feito de melhor nos grandes centros. Esse está sendo justamente nosso grande desafio neste momento, investir em todo o entorno para garantir que nossos jogadores tenham contato com metodologias, equipamentos e profissionais de ponta. Ter uma estrutura moderna é a chave para potencializar o rendimento dos nossos atletas, o que nos trará certamente títulos e outras conquistas com o passar dos anos.” diz Raí.

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