O problema do São Paulo não é técnico. Longe disso. Por mais que Dorival Júnior tenha cometido erros nesta temporada e Diego Aguirre, seu substituto, tenha escalado mal o time em sua estreia, a derrota por 1 a 0 para o São Caetano, no último sábado, no Anacleto Campanella, pelo jogo de ida das quartas de final do Paulistão, está na conta dos jogadores. De mais ninguém.

Está certo que a diretoria tem seus erros de planejamento nesta temporada. Mas isso não justifica a apatia do Tricolor contra o São Caetano. A equipe entrou em campo como se fosse uma partida da primeira rodada do estadual e não um jogo decisivo. Essa postura diante de um adversário mais fraco tecnicamente ajuda a explicar a turbulência que vive o São Paulo.

Não é exagero, aliás, dizer que a situação psicológica do Tricolor neste momento, após seis derrotas em 13 jogos do Paulistão, é pior do que a vivida ano passado na luta contra o rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Naquela ocasião, ao menos, não se via a apatia que se vê hoje. A entrega era maior. E existia indignação, algo que parece estar em falta no Morumbi.

Sim, Diego Aguirre disse que o “time precisa melhorar muito”. Assim como o diretor-executivo Raí falou que o São Paulo não viveu uma “tarde feliz”. Mas dos jogadores não partiu qualquer fala de indignação. Jogar mal passou a fazer tão parte da rotina desse elenco que a maioria dos jogadores adota discurso padrão para justificar os tropeços e as falhas.

Até o jogo de volta contra o São Caetano, na próxima terça-feira, às 21h, no Morumbi, o São Paulo terá apenas dois treinos: um regenerativo neste domingo e um tático na segunda-feira. É pouco tempo para ajustes técnicos, claro, mas se os jogadores ao menos mostrarem mais vontade em campo e menos apatia diante dos erros, há chance de virar o placar contra o Azulão.

Para avançar às semifinais do Paulistão, o São Paulo terá de vencer por dois gols de diferença no tempo normal. Ou por um gol para levar a decisão da vaga para os pênaltis.

– Nós temos de nos impor no Morumbi – disse Raí, multicampeão com o São Paulo nos anos 90.

Só que para avançar às semifinais, o São Paulo precisa encarar os problemas:

Jean é bom goleiro, uma promessa. Mas ainda não está pronto para ser titular. Sidão, se estiver em condições de jogo, deve voltar jogando.

Cueva estará fora por conta da convocação da seleção peruana, mas sua ausência pode fazer bem ao time. O meia vive fase ruim e não tem acertado nada nos últimos jogos.

Por mais que Diego Souza queira jogar de centroavante, não está dando certo. Os melhores minutos do camisa 9 no ano foram quando ele se aproximou mais dos meias.

Marcos Guilherme não pode ser reserva. O atacante é o motor do ataque são-paulino. Por mais que esteja cansado, é melhor tirá-lo no segundo tempo do que começar sem ele.

Petros está desgastado. Não só fisicamente como psicologicamente. Líder do elenco, ele merecia um descanso. Até porque Liziero pode dar mais qualidade na saída de bola.

Por último: Aguirre é adepto do rodízio. Mas talvez nessa fase final do Paulistão não seja o melhor momento para o técnico adotar essa filosofia. Os melhores têm de jogar.

GE