Diego Souza chegou como solução para o São Paulo. Houve um componente forte de desespero em sua contratação, ocorrida em meio a uma enxurrada de críticas à diretoria, que perdia de uma só vez Hernanes e Lucas Pratto e ainda tinha a permanência de Cueva como incógnita. Só isso pode explicar por que o clube gastou 10 milhões de reais em um jogador de 32 anos.

Pois Diego começa a se tornar um abacaxi para Dorival Júnior descascar no elenco. O treinador gosta de times leves e velozes. Diego Souza é pesado e lento. Com a bola nos pés, é bom jogador. Tem categoria, usa o corpo com inteligência, é bom de passe e conclusão, domina os tais “atalhos da experiência”. Mas é a negação do futebol veloz com que sonha o treinador tricolor. Aliás, como alguém pode considerar Diego Souza como candidato a ir à Copa do Mundo?

Seu caso é mais grave que o de Nenê. Mesmo sendo quatro anos mais velho, o ex-vascaíno tem muito mais mobilidade e é capaz de imprimir velocidade com seus passes e lançamentos. Diego Souza, com essa história de ter virado centroavante na cabeça de Tite, acabou confundindo todo mundo, inclusive ele próprio. Ele  funciona bem atrás do camisa 9. É mais meia que atacante. No Sport, era melhor quando tinha André à sua frente. No São Paulo, pode render mais se jogar na faixa atrás de Brenner ou Trellez. Mas é justamente por onde circula Cueva, o melhor do time, o jogador que desequilibra… Não há muito espaço para Diego Souza no time titular de Dorival, e isso ficou claro na vitória sobre o CRB.

Em que pese a fragilidade do time alagoano, o São Paulo mostrou vitalidade, mobilidade, movimento, a partir da escalação de Brenner, Valdívia e Marcos Guilherme. Com o ótimo Militão e Reinaldo passando nas laterais, Cueva pôde exercitar toda sua visão de jogo, escolhendo, dentre as opções, o melhor alvo para seus passes precisos. Diego Souza, por ser forte e matuto, busca o contato com o zagueiro. Cueva gosta de tocar em profundidade, fazendo o time avançar a partir de seus passes. Precisa justamente do oposto: atacantes que escapem dos beques.

Outro problema que se avizinha é Jucilei. O volante é ótimo jogador, prende bem a bola e tem boa leitura de jogo. Mas, como Diego Souza, é pesado e lento. Hudson e Petros são jogadores mais velozes e agudos. Petros penetra na área com frequência. Hudson também, foi ele quem sofreu o pênalti perdido pelo peruano. Aliás, o ex-cruzeirense parece outro jogador depois da temporada nas mãos de Mano Menezes. Aliou inteligência e técnica àquela vontade bruta que apresentou em sua primeira passagem pelo Morumbi.

Dorival ganha uns dias de respiro e, suas crenças, força no clube. Resta saber como lidará com a provável insatisfação dos dois reforços badalados, Diego Souza e Nenê, que, por justiça, deverão frequentar mais o banco de reservas nas próximas partidas.

ESPN