Os gritos de torcedores do São Paulo por Vanderlei Luxemburgo como opção a Dorival Júnior após a derrota de quarta para o Ituano, 2 a 1 pelo Paulistão, não ecoa em membros da direção do clube. Antes, depois de outro insucesso, o de domingo para o Santos, 1 a 0, conselheiros já tinham levado o nome do treinador ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, com o argumento de que Luxa poderia ser uma solução parecida com a de Renato Gaúcho no Grêmio.

Como Luxemburgo, Renato não vivia uma boa fase profissional ao assumir o time gaúcho, em setembro de 2016. Havia quase dois anos e meio estava desempregado, e entrava em uma lista de treinadores considerados ultrapassados, da qual Luxemburgo também faz parte nesse momento.

Renato foi contratado como bombeiro após a saída de Roger Machado, hoje no Palmeiras e tratado como um dos principais nomes de uma nova geração de treinadores, mas que não conseguia mais fazer o Grêmio render. A gestão de Renato, porém, está longe de ser temporária e tem sido um sucesso: ainda em 2016 levou a Copa do Brasil, em 2017 conquistou a Libertadores, e nesta quarta à noite a Recopa. Muitos dentro do São Paulo, não apenas torcedores, acham que Luxemburgo poderia ter um destino semelhante se contratado.

A diretoria não concorda. Primeiro porque, na avaliação interna, o sucesso de Renato Gaúcho no Grêmio passou principalmente porque o técnico tem uma gigantesca identificação com o clube do Sul. Foi onde surgiu para o futebol, onde ganhou a Libertadores e o Mundial em 1983, e o qual já havia treinado entre 2010 e 2011. Renato Gaúcho chegou com carta branca e uma moral em Porto Alegre, apesar de estar fora do mercado, que Luxemburgo não teria no Morumbi — o técnico tem identificação zero com o São Paulo.

Outro ponto é que Renato estava parado, portanto há algum tempo longo dos holofotes e de críticas. Luxemburgo, não. Não fez um bom trabalho no Sport no ano passado, teve uma passagem pela China sem sucesso, e anteriores por Cruzeiro, Flamengo e Fluminense também sem brilho.

Dorival Júnior não é unanimidade. Mas caso se decida por uma mudança, se prevê dificuldade. Nomes estrangeiros estão descartados, por desilusões recentes com nomes como o colombiano Juan Carlos Osorio e o argentino Edgardo Bauza, que largaram o trabalho no meio por propostas de seleções, e brasileiros com potencial estão empregados — Mano Menezes do Cruzeiro, por exemplo.

Marcel Rizzo