Uma característica comum ao São Paulo na atual temporada é que o time de Dorival Júnior tem conseguido atuar bem por 45 minutos e ao mesmo tempo sofrer durante os outros 45. Algumas vezes a dificuldade está no primeiro tempo em outros no segundo.

 No triunfo diante do CSA por 2 a 0, em Maceió, na última quinta-feira, foi possível observar isso mais uma vez.

Nos primeiros 45 minutos, o São Paulo acertou o gol apenas uma vez e sofreu quatro finalizações certas, tendo uma atuação bem sofrível para seus torcedores. Nos 45 finais, a equipe do Morumbi finalizou oito vezes, das quais três no alvo, fez dois gols e sofreu somente um chute do rival, uma atuação bem mais empolgante. Resultado: vaga assegurada na terceira fase da Copa do Brasil.

Diante de Botafogo-SP (triunfo por 2 a 0) e Corinthians (revés por 2 a 1), ambos confrontos pelo Campeonato Paulista, o roteiro foi bem parecido. O time teve atuação decepcionante no primeiro tempo e melhorou na etapa final.

Contra Bragantino (1×0) e Madureira (1×0) o cenário foi o contrário. A equipe se saiu melhor no primeiro tempo.

Os rivais citados correspondem aos últimos cinco compromissos do São Paulo, jogos em que o time tricolor contou com quase força máxima, embora o meia Cueva só tenha retornado aos titulares contra Botafogo-SP, Bragantino e CSA.

O técnico Dorival Júnior não nega que o time tem mesmo mostrado essa deficiência. Ele foi questionado sobre isso nos últimos cinco jogos. De forma até repetitiva, ele atribuiu essa oscilação ao pouco tempo disponível para treinar e ao pouco tempo de recuperação entre um jogo e outro – em média, o São Paulo tem feito uma partida a cada três dias.

“Não tem como contestar isso. Qualidade de jogo não vamos ter. Não estamos tendo qualidade em campeonato nenhum. Vemos as grandes equipes jogando os torneios regionais e em paralelo a Copa do Brasil ou a Libertadores, alguma coisa assim, e vemos as dificuldades que todos têm. Não é uma situação específica do São Paulo. Todos os clubes estão vivendo isso. Queremos quantidade ou qualidade? Optamos pela quantidade e estamos vendo aí um campeonato tecnicamente muito pobre”, disse o treinador.

A justificativa de Dorival é válida, mas é possível ir além e observar com ajuda do TruMedia, a ferramenta de estatísticas exclusiva da ESPN, as características que tornam o São Paulo um time bom por 45 minutos e outro sofrível nos outros 45.

Nos 45 minutos em que joga melhor, o São Paulo atua com a marcação avançada, desarma mais (inclusive com os jogadores de frente) e é mais objetivo. Ou seja, troca passes em direção ao gol, finalizando mais e melhor.

Diante do CSA, mais especificamente no segundo tempo, o mapa de calor revela um time mais compactado, com todos os jogadores mais próximos. Naquele recorte de jogo, foram 195 passes (com acerto de 85,9%) e oito finalizações. Ou seja, um chute a cada 32,5 toques na bola. O time fez dois gols (o que acabou por definir a partida). O número de desarmes foi o mesmo dos 45 iniciais: cinco. Mas o rival alagoano só conseguiu dar dois chutes, sendo que somente um foi no alvo (e a bola foi defendida).

Nos 45 minutos em que decepciona, a equipe do Morumbi dá menos combate, desarma menos. Os jogadores ficam mais espaçados. Os homens de frente ajudam menos. E há quase nada de objetividade – os passes são trocados na linha do meio de campo.

O jogo contra o CSA também é uma boa referência. Durante o primeiro tempo, o São Paulo trocou 223 passes (com acerto de 84,8%), mas finalizou apenas três vezes. Ou seja, um chute a cada 74,4 toques na bola. Apesar de dar os mesmos cinco desarmes do segundo tempo, o time tricolor sofreu dez finalizações contra, sendo quatro no gol. O mapa de calor revela que os jogadores do clube do Morumbi estavam muito distantes e a troca de passes se deu basicamente na linha do meio de campo.

Dorival Jr. tem demonstrado preocupação com essa oscilação (e com esses problemas). Nos treinos, procura corrigir, exige dos jogadores mais participação, mais ajuda na marcação e mais velocidade.

O treinador sabe que contra adversarios em tese menores, o time conseguiu superar esses problemas e vencer por ter mais qualidades individuais. Mas contra o Corinthians, rival com jogadores mais qualificados e com boas opções no banco de reservas, a melhora no segundo tempo (após um primeiro tempo bem ruim) não modificou o resultado final (derrota por 2 a 1).

O clássico contra o Santos, no domingo, será mais um termômetro para o São Paulo neste início de temporada ver o quanto evoluiu e o quanto precisa trabalhar. O duelo será no Morumbi e nova apresentação irregular pode ter na escolha dos titulares.

CONFIRA UM RAIO-X DOS ÚLTIMOS 5 JOGOS DO SÃO PAULO

15/02/2018 – CSA 0x2 São Paulo
1º tempo
223 passes (84,8% de acerto)
3 chutes (1 no alvo)
10 chutes contra (4 no alvo)
5 desarmes
0 gol

2º tempo
195 passes (85,9% de acerto)
8 chutes (3 no alvo)
2 chutes contra (1 no alvo)
5 desarmes
2 gols

07/02/2018 – São Paulo 1×0 Bragantino
1º tempo
282 passes (86,8% de acerto)
5 chutes (3 no alvo)
3 chutes contra (1 no alvo)
4 desarmes
1 gol

2º tempo
204 passes (80,3% de acerto)
3 chutes (1 no alvo)
7 chutes contra (3 no alvo)
7 desarmes
0 gol

03/02/2018 – São Paulo 2×0 Botafogo-SP
1º tempo
200 passes (83,3% de acerto)
5 chutes (0 no alvo)
4 chutes contra (1 no alvo)
5 desarmes
0 gol

2º tempo
186 passes (80,9% de acerto)
6 chutes (2 no alvo)
7 chutes contra (4 no alvo)
7 desarmes
2 gols

31/01/2018 – Madureira 0x1 São Paulo
1º tempo
269 passes (84,1% de acerto)
3 chutes (1 no alvo)
4 chutes contra (3 no alvo)
6 desarmes
1 gol

2º tempo
251 passes (87,2% de acerto)
14 chutes (1 no alvo)
7 chutes (0 no alvo)
4 desarmes
0 gol

27/01/2018 – Corinthians 2×1 São Paulo
1º tempo
163 passes (84% de acerto)
6 chutes (1 no alvo)
5 chutes contra (5 no alvo)
6 desarmes
1 gol

2º tempo
248 passes (83,8% de acerto)
4 chutes (1 no alvo)
2 chutes contra (0 no alvo)
8 desarmes
0 gol

ESPN