Amigos tricolores.

Eu, particularmente, sempre gostei do futebol do Hudson, desde a sua chegada ao São Paulo. Nunca foi meu ídolo, tão menos o acho um craque, mas eu gosto de jogadores que tem raça e defendem as cores do São Paulo em campo. Hudson, não é um Falcão ou Alemão, mas se assemelha a Pintado e Dinho, jogadores que na raça e vontade superaram o fato de não serem altamente talentoso. E foram muito importantes para o São Paulo.

Eu avalio que um time, seja no futebol precisa ter talentos, claro, mas é preciso ter, também, aqueles que executam com maestria suas funções. Muitos jogadores não chegam a seleção ou são vendidos a grandes times da Europa, são os jogadores medianos ou acima da média, mas não craques, ou gênios. O São Paulo, como em qualquer outro time, já teve de tudo, de perna de pau a gênios. Sempre teve e sempre terá, mas é preciso entender que mesmo os gênios, sem os medianos não se destacariam, esses, na linguagem do futebol, são os “carregadores de piano” aqueles que marcam, correm, lutam para que o craque apareça. Raí foi genial, mas sem Pintado e Dinho, ele não teria o destaque no time. Esse é um dos inúmeros exemplos que o futebol nos mostra. Nem Pelé jogaria sozinho sem os “carregadores de piano”.

Vejamos 1992

O ano em que o São Paulo ganhou tudo, o ano em que o mundo estava aos nossos pés! O São Paulo tinha muitos talentos, os craques, como: Zetti, Cafú, Antonio Carlos, Raí, Palinha, Cerezo e Muller, mas também tinham os jogadores com menos talento, que não eram craques, mas tinham função importantíssima no tricolor. Pintado, em entrevista para o livro sobre Telê Santana no SPFC, me disse que se precisasse, em campo, dar porrada no Raí, Muller ou Zetti, ele dava! Era amigos de todos – ainda o é de vários – mas em campo ele defendia o São Paulo e exigia que todos em campo respeitassem o manto sagrado. Era a raça do tricolor. Ronaldão, sabia das suas limitações, ouvia demais Telê Santana e de um limitado lateral esquerdo se tornou um zagueiro muito eficiente que a torcida gosta até hoje. Não foi um Ricardo Rocha ou Roberto Dias, mas a torcida gostava da sua entrega e raça. E foi zagueiro de Copa do Mundo!

E assim, mesclando craques e jogadores medianos, Telê montou um super time onde conseguiu comandá-los e nos dar mais de 30 títulos. Ainda teve Adilson, Ronaldo Luis, Vitor jogadores muito bons, não craques, mas que em campo davam o sangue. Hudson entra nessa lista.

Hudson melhor que Petros ou Jucilei?

Tecnicamente, avalio Petros e Jucilei como sendo melhores que Hudson. Nenhum deles é craque, mas são jogadores acima da média. Petros e Jucilei, hoje, para mim, é uma das melhores duplas de volantes do país. Dão segurança a defesa, tem boa saída de bola e Petros ainda ajuda a molecada a ter a calma necessária para jogar bola e fazer o seu melhor. Jucilei impõe o respeito aos atacantes com seu físico.

Hudson, sem dúvida, evoluiu muito no Cruzeiro, tem números excelentes em desarmes, passes e assistências, está mais maduro e sem dúvida poderá ajudar o São Paulo nesse ano de 2018. Comenta-se que o Santos queria Hudson para liberar Vitor Ferraz, Jair Ventura não é bobo e sabe que Hudson seria um jogador titular em seu time, aliás, em vários times grandes ele o seria. Até mesmo, jogando na lateral direita como já fez no São Paulo com bons jogos.

3 volantes. Jamais!

Colocar os 3 em campo seria um desastre, jogar com 3 volantes é para time pequeno como o do Fábio Carille, que joga pelo 1X0. O São Paulo tem, historicamente, um futebol rápido e de toques de bola, Telê deixou isso ainda mais claro em sua passagem, o São Paulo sempre foi um time leve de toques precisos em direção ao gol. Hoje, infelizmente, não estamos jogando assim.

Hudson, ao meu ver seria um primeiro volante, nesse caso, ele está concorrendo diretamente com Jucilei, que no São Paulo joga mais recuado, na proteção da zaga. Petros, está um pouco mais a frente, as vezes, até fazendo um papel de elemento surpresa, que ao meu ver, não tem dado muito resultado. Jucilei pode jogar de 2o volante, caso Dorival opte em colocar Hudson na proteção, liberando mais Jucilei.

De bom, para o São Paulo, é que temos opções, isso sem contar com o Araruna que nessa função vai muito bem e em uma necessidade, Rodrigo Caio pode voltar a sua posição de origem, com Arboleda e Anderson Martins na zaga. Para o São Paulo isso é muito benéfico. O ano é longo, contusões e cartões virão, por isso, é preciso ter um elenco. Frase batida, mas verdadeira, não se ganha campeonatos com apenas 11 jogadores.

O problema bom para Dorival Jr

Todo o técnico gosta desse tipo de problema. Ter 15, 16 jogadores para apenas 11 posições. Nos setores como defesa e meio de campo, o São Paulo está bem servido, nosso problema está nas laterais e ataque, lembrando que Eder Militão, mesmo indo bem, é improvisado e por isso tem limitações, mas é um menino esforçado e tem dado o sangue e tentado fazer o melhor, no meio de campo, Dorival tem esse problema, colocar 4 jogadores com 6 opções: Jucilei, Petros, Nenê, Hudson, Cueva e Diego Souza. Ainda por fora, tem Lucas Fernandes e Shaylon. Na defesa, são 2 vagas para 3 opções: Arboleda, Rodrigo Caio e Anderson Martins. Ainda tem o Bruno que vai bem. Nesses 2 setores, o São Paulo vai bem.

Em resumo. Hudson vem com vontade e tem futebol para jogar como titular. Cabe a Jucilei e Petros, ao meu ver, ainda titulares, correrem mais do que estão, dar o “algo a mais” pois Hudson vem com tudo para conquistar a vaga de titular. Bom para o São Paulo, pois essas disputas, quando sadias, só beneficiam o nosso time!

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe