Amigos tricolores.

A chegada de Nenê, até  certo, ponto, dividiu o time. Li em um dos grupos que participo no Facebook algo que me deixou com a “pulga” atrás da orelha e jogo aqui para, educadamente, debater com vocês. O que ouvi é que Nenê, sem dúvida é acima da média e ainda joga em alto nível no futebol brasileiro, mas que para o atual São Paulo, ele deveria ter sido contratado há 10 anos atrás, renderia muito mais. De fato, com 26 anos, Nenê tinha mais explosão e velocidade, mas não a mesma experiência de fazer a bola correr e não o jogador, coisa que o Muller fez brilhantemente quando foi ficando mais experiente em campo.

Mas uma coisa é fato: No São Paulo, os velhinhos, sempre tem uma vida diferenciada. Velhinhos, claro, é uma brincadeira, com os jogadores acima dos 30 anos, que hoje, estão em plena forma, mas em algumas épocas, eram considerados fora de jogo, acabados e em fim de carreira.

Hoje, com a tecnologia e até com a expectativa de vida maior que nos anos 40/50, os jogadores vão bem até perto do 40, claro, o Zé Roberto é uma grande exceção, mas vejo alguns jogadores que são atletas, logo, estão sempre se cuidando e jogam em alto nível acima dos 35 anos. O nosso M1TO, foi uma outra exceção, ao passar dos 40 em alto nível.

Leônidas da Silva

Há quem defenda que Leônidas jogou mais que Pelé. Eu não vi, infelizmente, nenhum dos dois em campo, mas quem viu, diz que o Diamante Negro, como era conhecido, foi melhor que Pelé. Uma discussão que nunca se chegará a uma conclusão, os tempos eram outros, mas trata-se, sem dúvida de um dos gênios do futebol mundial. Começou a jogar em 1929, chegou ao São Paulo em 1942, onde ficou até 1950, quando encerrou a carreira, aos 37 anos. Leônidas chegou ao tricolor aos 29 anos, mas na época, essa era uma idade avançada para o futebol. Ficou 1 ano sem jogar antes de vir para o São Paulo, isso hoje já seria motivo para desconfiança, imagina na época. Idade mais esse período sem jogar, fizeram com que a imprensa matasse Leônidas para o futebol. Por 200 contos de réis, uma fortuna, o Diamante Negro chegou ao tricolor. Ficou por 8 anos, ganhou 5 titulos pelo tricolor.

Antonio Sastre

Meia argentino chegou ao São Paulo em 1943, aos 32 anos. Se Leônidas, com 29 já era “velho” imagina um argentino de 32. A imprensa, como sempre, “acertando” e “nada” sendo saudosista para outros times, dizia que o jogador em fim de carreira, era na verdade o “Desastre”. Aposto que nas redações essa piada era ecoada aos 4 cantos. O São Paulo amargava alguns anos de fila e mesmo com a chegada de Leônidas um ano antes, nada tinha ganho. Era preciso trazer um jogador para dividir as atenções com o Diamante Negro. Dois meses depois da estreia, contra a Portuguesa Santista, Sastre fez 6 dos 9 gols do tricolor e comandou, ao lado de Leônidas, o rolo compressor ganhando 5 dos 10 titulos disputado na década de 40.

Gerson

Um dos grandes “lançadores” do futebol brasileiro, o papagaio, como ainda é carinhosamente chamado, Gerson, jogou ao lado de Pedro Rocha no São Paulo. O canhotinha de ouro chegou com 30 anos, logo após ser um dos protagonistas do Brasil no Tri Campeonato Mundial no México. Ficou no São Paulo só até final de 1971. Em 72 foi para o Fluminense, jogou mais 2 anos e parou. Gerson comandou o São Paulo no bi-campeonato paulista de 1970 -1971, tirando o São Paulo de 13 anos de fila, depois de entregue a nossa casa, o Morumbi – que é nosso e está pago!

Toninho Cerezo

Um dos grandes volantes do futebol na década de 80. Presente na maior seleção de todas, do mestre Telê Santana em 1982 na Espanha. Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico. Que meio campo era esse??? Não venceu, por isso, no Brasil não é reverenciado, mas fora, é a maior das seleções. Cerezo chegou ao São Paulo com 37 anos, depois de uma vitoriosa carreira na Europa, sobretudo, na Sampdoria. Chegou em 1992 para ajudar o tricolor. Foi campeão do mundo em 1992, Libertadores e mundial em 1993. Em 1995 voltou ao São Paulo, mas sem o mesmo brilho. Parou em 1997 atuando pelo time que o revelou, o Atlético-MG, aos 42 anos.

Leonardo

Em 2001, aos 32 anos, Leonardo teve sua 3a passagem pelo São Paulo, mas essa muito menos vitoriosa que as passagens de 1991 (Campeão Brasileiro) e 1993 (Campeão do Mundo).  Ficou apenas 1 ano, com uma série de contusões não conseguiu ajudar o time a ganhar nenhum título, mas não faltou luta para o meia que mesmo sendo carioca e ter surgido no Flamengo, tem uma grande identificação com o São Paulo.

Vamos sonhar….

Esses são alguns exemplos que dão um panorama positivo para o nosso São Paulo. Algo que me chamou a atenção foi a chegada de Sastre. Ele, “velho” chegou ao São Paulo, com outro “velho” Leônidas. Ajudou o São Paulo a sair de uma fila de alguns anos. Diego Souza e Nenê chegaram esse ano para serem os protagonistas do São Paulo em campo. Que fique claro que não comparo jogadores, pois estamos falando de Deuses do futebol (Leônidas e Sastre) X Jogadores acima da média (Nenê e Diego), mas comparo a situação e espero que ocorra o mesmo que na década de 40, que a dupla seja protagonista e tire o São Paulo dessa incomoda situação: Fila de títulos, chacota da mídia, saco de pancada de rivais. Somos o São Paulo, somos o maior time do país, o que mais títulos mundiais tem!

Espero, sinceramente, que eles se encaixem no time. Nenê diz ser tricolor desde a infância, logo, esperamos o “algo a mais”, aliás, esse algo a mais sempre esperamos de quem é diferenciado e entrega. Que eles, ao lado de Jucilei e Petros dominem o meio de campo, sejam criativos e façam gols! Que ajudem o ataque a ganhar jogos e que assumam a responsabilidade. Vamos São Paulo, vamos São Paulo, vamos ser campeão!!!!

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe