O São Paulo concluiu na noite da última quarta-feira uma pequena “maratona” neste início de pré-temporada. Foram sete jogos em 36 dias, levando-se em conta a data em que o time começou a treinar. E a avaliação de Dorival Júnior foi positiva.

Ao bater o Bragantino por 1 a 0, a equipe tricolor alcançou a quarta vitória em sete partidas realizadas. Tem ainda um empate e duas derrotas – uma na única vez que escalou reservas e outra no clássico para o Corinthians, atual campeão brasileiro.

“Não vamos ter qualidade de jogo agora. É aquela situação que já havíamos falado: queremos quantidade ou qualidade? Desde a primeira etapa eu já percebi que a equipe caiu de produção, tudo pela grande quantidade de jogos, que é um absurdo. Com 35 minutos, a nossa marcação já dava sinais de que não estava encaixada. Mas gostaríamos de ter deixado uma impressão melhor”, disse Dorival.

O treinador também celebrou o período que terá para preparar o time. O próximo duelo será daqui uma semana, no dia 15, contra o Ituano, em Itu, pela sétima rodada do Campeonato Paulista. Tempo que permitirá descansar e entrosar mais os titulares.

Mas será que, assim como Dorival, o torcedor tricolor também tem motivos para se dizer satisfeito neste início de temporada? Veja abaixo um balanço sobre o estágio atual do time.

PRESSÃO INTERNA

Ainda que oficialmente nada tenha sido dito pela diretoria, Dorival Júnior trabalha pressionado para conseguir resultados positivos. Ele sentiu isso logo na estreia quando o time perdeu para o São Bento por 2 a 0. Mesmo com reservas houve cobranças.

Admitiu na quarta que aquela derrota o fez modificar o planejamento e antecipar a escalação dos titulares. No segundo jogo (um empate sem gols com o Novorizontino) a torcida já viu quase força máxima dentro de campo no Morumbi.

Se os resultados até são positivos neste momento, a atuação da equipe ainda é alvo de desconfiança. É provável que a sequência alcançada dê tranquilidade para Dorival Júnior trabalhar nesses próximos dias, mas o caminho será bem longo.

ELENCO FECHADO

A exemplo do último ano, o São Paulo se mexeu pouco na pré-temporada e trouxe apenas três reforços: o goleiro Jean, o zagueiro Anderson Martins e o meia-atacante Diego Souza, tendo gasto cerca de R$ 20 milhões no total.

A falta de recursos fez a diretoria apontar que a solução/ajuda estaria no grupo de nove atletas subidos da base, casos de Bissoli, Caíque, Gabriel, Lucas Paes, Lucas Perri, Marquinhos Cipriano, Paulinho, Pedro Augusto e Ron. Dorival, que já tinha outros seis jogadores promovidos do ano passado no elenco, chegou a afirmar que os jovens estavam muito verdes ainda para tamanha responsabilidade.

Oportunidades de mercado fizeram com que o clube buscasse mais reforços ao treinador. Assim vieram o meia Nenê, o centroavante Tréllez e o meia-atacante Valdivia, cujos gastos representaram R$ 6 milhões (pagos só no jogador do Vitória).

Agora, a diretoria avalia que o elenco está fechado e Dorival Júnior tem condições de montar um time competitivo. O tempo para treinar chegou agora, com a folga na tabela obtida no Carvanal.

Novidades? Só se uma situação boa de mercado aparecer, isto é, um jogador com potencial sem necessidade de investimento financeiro. Ou se for o caso de oferecer um contrato de produtividade para Luis Fabiano, que aprimora a forma física no centro de treinamento da Barra Funda, se juntar ao elenco em uma temporada que poderia marcar a sua despedida dos gramados.

DEFESA SÓLIDA

Um dos setores mais criticados nos últimos anos, a defesa tem números para se orgulhar neste início de temporada.

Foram apenas quatro gols sofridos em sete jogos, sendo dois marcados pelo São Bento diante de um time reserva do São Paulo e outros dois pelo Corinthians, no Pacaembu. Um retrospecto que o São Paulo não ostentava há 14 anos.

A última vez que sofreu somente quatro gols nos primeiros sete jogos oficiais foi em 2004, quando o São Paulo era treinado por Cuca. Naquele ano, o time ainda conseguiu a façanha de ficar invicto, com seis vitórias e um empate.

ATAQUE ECONÔMICO

Um gol por jogo é algo que o torcedor do São Paulo não viu neste século. Ou seja, o atual desempenho ofensivo tricolor é o pior desde 2001 porque está exatamente nesta linha de corte. Foram sete gols anotados em sete jogos.

O desempenho mais próximo do atual ocorreu em 2016 e 2008, quando o time fez oito gols em sete jogos oficiais. Ano retrasado a equipe estava sob o comando de Edgardo Bauza e há dez anos sob a batuta de Muricy Ramalho.

Nas outras 15 temporadas sempre fez mais de dez gols nos sete jogos iniciais, tendo feito incríveis 22 em 2005.

Os atuais artilheiros do São Paulo são Diego Souza (2), Brenner (2), Cueva, Marcos Guilherme e Nenê.

AJUSTES

A atuação diante do Bragantino apresentou elementos já conhecidos da torcida: um time que chuta pouco ao gol, um tempo bom e outro ruim, falhas defensivas que resultam em chances de gol e grandes defesas de Sidão.

Ou seja, o São Paulo segue oscilando.

Há ainda ajustes para serem feitos, mas o time que venceu o Bragantino está bem próximo do ideal. Pode se dizer que a única dúvida está na zaga. Quem será o companheiro de Rodrigo Caio? Na quarta, Bruno Alves atuou, mas ele é o quarto na ordem de preferência. A disputa será entre Anderson Martins, que ficou no banco, e Arboleda, que recupera-se de um problema físico.

O meio de campo deve ter mesmo a formação com Jucilei e Pretos, e Marcos Guilherme, Cueva e Nenê mais adiantados. Diego Souza jogará com liberdade, entrando e saindo da área para finalizar e criar jogadas.

ESPN – Rafael Valente