Amigos tricolores.

Começo esse artigo dizendo que confio muito nesse trio, mas sei que não será nada fácil o trabalho deles. Raí e Ricardo Rocha já tem um pouco mais de tempo nos cargos de diretoria e gerencia, respectivamente, Lugano está chegando agora, porém, o uruguaio tem uma vantagem sobre Raí e Ricardo, ele conhece muito mais o elenco, os bastidores e as conversas do que Raí e Ricardo, pois viveu até mês passado no “meio da boleirada”.

Campeões dentro de campo

Dentro de campo, não há o que justificar o CV dos 3. São campeões paulista, brasileiro, sulamericanos e mundial, apesar que Ricardo Rocha não teve “paciência” para ser campeão sulamericano e mundial, mas Raí, nosso grande líder e capitão em diversos títulos e Lugano, talvez o uruguaio mais identificado com o tricolor, um jogador que mesmo em fim de carreira foi altamente pedido pelas arquibancadas e, ao meu modo de ver, não comprometeu quando jogou, falhou muito menos que alguns zagueiros, goleiros e laterais que por lá ainda estão – ou devem voltar, para a nossa “alegria”.

Respeito dentro e fora de campo

Diferente de alguns ex-jogadores, que na maioria jogaram naquele time amplamente ajudado pela arbitragem brasileira, Raí, Ricardo e Lugano não se metem em polêmicas e não precisam usar a mídia, depois de aposentados, para aparecer. Foram grandes jogadores, craques, e são reconhecido por isso e não por serem “engraçados” para uma minoria que lhes dá espaço na mídia achando o máximo. Esses caras jogaram, ganharam e foram grandes lideres em seu tempo. Lugano, o mais recente. Ricardo Rocha tentou ser técnico, mas acabou indo para a TV onde fazia comentários pertinentes. Raí, dá alguns “pitacos” na ESPN, mas virou um grande empresário em vários ramos, inclusive, no ramo da comunicação onde eu atuo diariamente.

A chegada do Diego Souza, por exemplo, é um bom caso disso. Ele não escondeu que a ligação do Raí para ele mexeu com o meia/centroavante que topou o projeto São Paulo. Para essa nova molecada, ver ao seu lado caras como Raí e Ricardo Rocha deve dar um novo animo, um exemplo a ser seguido lado a lado. Foram como eles, um dia, jovens que sonhavam brilhar em um time grande, conquistar títulos, jogar na Seleção Brasileira e na Europa. Conseguiram.

As novas funções

Lugano por sua vez, estava ainda mais próximo. Brenner, por exemplo, essa jóia da base, sentiu muito a saída do uruguaio a quem chamava carinhosamente de “pai”. Lugano, mesmo com a grande sacanagem feita pela diretoria, nunca foi a público reclamar de nada e agora, depois de curtir as férias com a família, volta para o tricolor com nova função, claro, que será cobrado fora de campo, pois a torcida acredita nele, sabe do seu caráter e profissionalismo, por isso, as cobranças tendem a ser maiores, não se cobra de quem não entrega, essa é a regra do negócio.

Vamos deixar os caras trabalharem

Infelizmente, já há torcedores questionando o trabalho de Raí e Ricardo Rocha. Lugano, mal foi apresentado oficialmente ainda, mas em breve terá alguns reclamando. Bem, impossível agradar a todos, ainda mais quando se trabalha com futebol, paixão, onde temos quase 200 milhões de técnicos. Todo mundo tem um time, tem um jogador que queria no campo, que queria a volta, a contratação e mesmo assim, há sempre quem reclame.

Raí, Ricardo Rocha e Lugano. Apesar da brincadeira de que eles poderiam ajudar muito mais em campo, acredito muito nesse trio. Sério, honesto, transparente e trabalhador. Perfil, faça mais e fale menos. Serão responsáveis não apenas por reforçar o time, mas para manter o bom ambiente. Um time vencedor não pode ter “racha”, eles serão responsáveis por blindar o time de problemas políticos do clube e fazer com que eles apenas joguem bola. Jogador tem que entrar em campo e se dedicar ao máximo e não se preocupar com brigas políticas. Tem que ter a cabeça focada naquilo. Cabe ao trio ajudar.

Serão sim cobrados, queremos o nosso São Paulo maior, de volta ao eu patamar, de 1o lugar nos campeonatos e não lutando para não cair. Não quero mais comemorar recorde de torcedores no estádio ou ficar falando que time grande não cai. Time grande cai, mas para ser grande é preciso ganhar títulos, algo que estamos acostumados, mas no momento, nem par ou impar estamos ganhando com o time titular – em tempo, o sub23 é só orgulho!

O que esperar de 2018?

Temos que dar tempo ao tempo. O fato de estarmos na fila desde 2012, sem ganhar nada, e desde 2008 sem ganhar um título de grande expressão, está deixando o torcedor apreensivo. O péssimo inicio do campeonato paulista, a derrota para o rival, onde o time jogou até melhor, mas perdeu, de novo, deixa qualquer tricolor apreensivo. Será 2018 um novo 2017? Obviamente, como tricolor, não espero isso, eu sonho – e escrevi isso aqui já – com algo maior, sonho com o São Paulo voltando a ser grande. A cada novo nome, como Nenê e Diego Souza, consagrados jogadores, acende uma nova esperança, mas a constante reformulação atrapalha.

Cheguei a escrever que o Palmeiras estava um passo atrás do São Paulo por uma reformulação constante, mas os dias passaram, o SPFC entrou na mesma onda e voltamos ao zero, é montar um novo time e até “dar liga” pode ser tarde, ainda mais em um ano com a grande parada devido a Copa do Mundo.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova) – www.livrotele.com.br – facebook.com/plannerfelipe e @plannerfelipe