Dia 12 de abril de 2017. A diretoria do São Paulo apresentava o atacante Morato, que vinha do Ituano para um período de empréstimo de um ano. Uma semana depois, o jogador foi a surpresa na escalação de Rogério Ceni no jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão, pela Copa do Brasil.

O time venceu por 2 a 1, mas não se classificou. Mesmo assim, Morato deixou ótima impressão. Com velocidade, dribles curtos e hablidade, deu trabalho aos defensores adversários e fez a jogada do primeiro gol tricolor, marcado por Lucas Pratto.

Só que 17 dias depois a empolgação transformou-se em desespero: em jogo-treino no CT de Cotia, o jogador torceu o joelho direito e precisou ser operado. Prazo de recuperação: oito meses.

Iniciou-se um longo processo de paciência. Os companheiros o ajudavam com mensagens positivas. Também teve espaço para conversas informais com a psicóloga do clube, Analy Couto. O processo está no fim. Para animá-lo, um presente de Natal: o jogador teve o empréstimo renovado por mais um ano.

Morato está com sete meses e uma semana de recuperação. No dia 18 de janeiro, completará oito meses e deverá estar liberado para iniciar as atividades físicas no gramado. Ele acredita que no final de fevereiro estará à disposição do técnico Dorival Júnior.

Na conversa que teve com o GloboEsporte.com, Morato conta sobre tudo que viveu neste ano, a surpresa com a renovação de contrato e a expectativa de ter um 2018 com títulos no Tricolor.

GloboEsporte.com – Como está a sua recuperação?
Morato 
– Estou na fase final, já intercalo o trabalho do Reffis com os equipamentos da academia e o campo. Faço pequenas atividades com bola. Tenho evoluído bastante. Mesmo assim, o médico prefere ser cauteloso, quer esperar dar os oito meses de recuperação. Ainda tenho uma ressonância para fazer, para saber em que estágio está meu joelho. No dia 18 de janeiro, chego aos oito meses. Estamos indo para os “finalmente”.

Você está zerado? Não sente mais dores?
– Faço tudo que me pedem, sem receio. Mas ainda não é a mesma coisa em termos de giro, por exemplo. Ainda não é hora de ir para o campo direto e treinar. É sempre preciso fazer fortalecimento. Ter paciência nesse período de fase final será fundamental.

Como conseguiu ter tanta paciência nesses meses? Desanimou em algum momento?
– Foi muito difícil, mas não tinha jeito. Teria que passar por isso. Se não tivesse, não estaria no estágio que estou hoje. Foi viver cada momento. Desde as dobradas no joelho, até os exercícios com peso nas caneleiras, o que me matava (risos).

Os primeiros três meses foram muito complicados. A lesão era recente, mexeram muita coisa no meu joelho e era muita dor. Mas eu tinha que fazer os exercícios para ganhar flexão e extensão. Tratei a minha rotina no Reffis com metas. Em cada uma, foi preciso muita concentração. Queria até fazer algo a mais, mas o corpo não aceitava.

 Você esperava ter o contrato renovado?

– Complicado falar isso. Fiz apenas um jogo. Tudo bem que foi um bom jogo, mas foi apenas um jogo. Era difícil pensar que um jogador nessas condições poderia renovar o empréstimo. Acho que meu primeiro mês foi bom, não só dentro de campo. Nos treinos, no extracampo. Mas claro que bateu o medo.

No início, antes de operar, pensei que tivesse colocado tudo a perder. Ia chegar em dezembro recuperado e com o contrato vencido. Pensei que tivesse sido mais uma oportunidade rasgada. Agora tenho mais um ano para mostrar serviço.

Teve ajuda da piscóloga neste período?
– Não foi algo marcado, que eu precisasse de ajuda. As conversas eram muito naturais, não chamo de consulta. Não procurei ela porque não estava suportando. Ela é uma pessoa receptiva, tem um carisma, um modo de chegar nas pessoas que deixa todo mundo tranquilo. Sofri bastante na recuperação, mas a cabeça estava boa.

A companhia do Nem ajudou no Reffis?
– Infelizmente, ele também se lesionou. Um se apegou ao outro. Quando cheguei aqui, o via como muito carismático. Com tanta convivência, ou você vira amigo ou se afasta de vez. Vou levá-lo para o resto da vida. É um parceiraço.

Você impressionou na partida que fez contra o Cruzeiro. Como conseguiu ser tão gelado naquela estreia?
– Eu me preparei para estar aqui. Não me assustei com nada, até porque o jogo que fiz não foi sorte. Quando cheguei ao São Paulo, pensei: “Vou fazer tudo que fiz até agora ao contrário.” Não era disciplinado. Nunca fui da noite, mas exagerava em algumas coisas. Era um chopp a mais, um doce a mais. Me descuidava. Meu empresário pensou que não conseguiria. Mas venci.

O que você pode projetar para a temporada 2018?
– Espero que seja um ano totalmente diferente para mim e para o São Paulo. Pessoalmente, posso garantir ao torcedor que quem viu meu primeiro jogo, viu uma amostra. É dali para mais. Dedicação e empenho o tempo todo. E que possamos ter vitórias, classificações e títulos em 2018.

GE