Amigos tricolores

Participei de alguns programas de web sobre o nosso tricolor nos últimos meses. Entre diversos assuntos conversados, surgiu sobre Lucas Fernandes. Talento, não há o que discutir, ali tem. E muito. Alegrias para o tricolor, ele já deu, como por exemplo a Libertadores Sub20, onde o gol do titulo sobre o “freguês” Liverpool foi marcado pelo camisa 10, Lucas Fernandes. Era um time excelente com David Neres, Luiz Araújo, Pedro e o próprio Lucas Fernandes, Perri, Maidana, Kal e Shaylon (reserva). Fazia tempo que a geração do tricolor não era tão boa, com cerca de 12 titulos conquistados em 2016. O ano de 2017 seria promissor para a base.

 

A começar que Rogério Ceni estava sendo esperado no Morumbi como o técnico para 2017. Ele conhecia bem a base, pois treinava até 2015 com quase todos. O fim do ano de 2016, David Neres e Luiz Araújo despontavam como atacantes que muito ajudariam o tricolor, ainda mais depois dos 4×0 que o tricolor enfiou na gambazada! O ano de 2017 tinha tudo para ser o ano em que seria mesclado a experiência de alguns jogadores, com o talento e vontade da base. Não era para ser um desastroso ano como foi, mas a opção foi vender as joias e penamos com jogadores muito, mas muito abaixo do nível mínimo que deveria se ter, de talento, para jogar no tricolor. Foi Neres, veio Marcinho. Foi Araujo, veio Denilson. Mas Lucas ficou, contundido, mas ficou e o tricolor aposta muito nele.

 

Rogério e Dorival lhe deram chances. Ora titular, ora entrando no intervalo, ora no 2o tempo. O garoto, pouco rendeu. Para alguns, ele estava fora de posição, o jogaram para ser um ponta direita, mas ele rende melhor na meia, armando. Nesse ponto concordo, mas o fato dele não dar um chute ao gol, não acertar passes e dribles, não podemos creditar ao posicionamento errado mas sim a uma falta enorme de confiança do próprio Lucas.

 

Nos programas que participei, e trago para cá esse debate, o que se chegou a conclusão, até levantada por mim, foi o fato da personalidade do garoto. Ele é um rapaz bem tímido. Eu tive a oportunidade de vê-lo por 2 vezes no CT. Mesmo ao lado dos outros jogadores, até os da base, Lucas passava sorrindo, mas com aquele sorriso distante, cabisbaixo. Passou por mim e pelo pessoal da Editora Inova e deu um “oi” tímido, como se nós fossemos a celebridade, o ídolo, e não ele. Os outros passaram, nos cumprimentaram, sorridentes, felizes, como devem ser garotos de 20 anos que realizam o sonho. Aquelas sadias brincadeiras e muita risada. Ele, mesmo ao lado, parecendo distante de tudo aquilo.

 

Relembramos a entrevista de quando o São Paulo foi campeão Sub20 da Libertadores. David Neres, já “metendo marra” zoando outros times (https://www.youtube.com/watch?v=Oeh64JpisAE) dizendo quem manda na Libertadores. Lucas, riu, mas foi mais cometido, fez o discurso padrão de união, foco…

 

Isso, na minha opinião, reflete em campo. A timidez de Lucas talvez esteja impedindo do seu talento explodir. A recente contusão é algo que mexe com a cabeça de qualquer jogador, não há duvida, mas falta ali um trabalho mais psicológico do que de treinos. Falta, talvez, um Cueva, Petros, Jucilei e sem a menor dúvida, o Hernanes, “adotar” o menino para lhe dar confiança, falta ele tentar, não ter medo de errar, tentar o algo novo, o drible, o chute, o passe. Todos vão errar, mas sem tentar, nunca vai acertar, isso é fato. Entrar para dar toque de lado ou para trás, coloca o Thomaz ou o Goméz que eles fazem isso, mas desses nada esperamos. O que esperamos é de quem tem talento, e repito, Lucas tem de sobra.

 

A torcida do São Paulo é paciente, até a página 02. Há muitas críticas já nas Redes Sociais e em grupos que participo no WhatsApp e Facebook, muitos o chamando de mentiroso e de novo Sérgio Motta (meia da base que “era” o novo Raí mas nunca vingou). Não acho, acredito que ele tenha talento de sobra, mas que precisa ter mais vontade, perder a timidez e entender mais o que ele pode fazer pelo São Paulo. Isso feito, teremos um camisa 10 que muito vai nos ajudar a conquistar títulos.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova). Me siga facebook.com/plannerfelipe