Amigos tricolores.

Eu evito ao máximo falar do livro do Telê Santana aqui, pois acredito que nesse espaço, gentilmente cedido pelo grande Alexandre Zanquetta, o foco é falar do nosso tricolor, nos dias de hoje. Por mais criticas que ouvimos, algumas ótimas, outras que nem merecem ser lidas, quando se mexe com paixão nunca vai se agradar a todos. Vamos falar um pouco de história e vou relembrar uma bacana que conto no livro sobre o Telê Santana no nosso tricolor.

O texto de hoje é para que possamos fazer uma reflexão, daquelas “brincadeiras” que nós, torcedores, gostamos muito de fazer com nossos amigos torcedores de outros times. No atual momento do time, as vezes, o que nos resta é relembrar do passado. Recentemente eu dei uma entrevista para um programa de rádio, criado por torcedores tricolores, sobre o livro e um assunto gerou um bate papo bem legal que acho que vale não apenas refletir, mas também ouvir a opinião de vocês.

Em 1992, o São Paulo tinha um timaço, na verdade, uma seleção!!! Tricolor tinha em média 7 convocados para a seleção nacional a cada jogo, amistoso ou eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. O time, como diz na gíria do futebol, “voava baixo”. Mas e se aquele time tivesse alguns reforços de peso? Como seria o time? E a discussão se estendeu ao imaginar como seria um jogo contra o Palmeiras. Vamos as curiosidades:

  • Em 1992, Ronaldo fenômeno foi oferecido ao São Paulo por 10 mil dólares por 50% do seu passo. Na época, por mais que o tricolor tivesse uma seleção, a situação financeira do clube não era das melhores e por isso, Ronaldo não veio.
  • O União São João de Araras, ofereceu, por 500 mil dólares, Roberto Carlos ao tricolor. O União não queria vender ao Palmeiras, mas como a Parmalat havia oferecido esse valor e o São Paulo não conseguia nem “empatar”, Roberto foi para lá.
  • No mesmo ano o habilidoso Dener estava na Lusa, mas queria ir para outro time. Tinha propostas de alguns times pequenos da Europa. No Brasil, dois times brigavam por ele: Vasco e Grêmio. Com fama de “baladeiro”, Dener sabia que apenas uma pessoa poderia limpar essa sua imagem: Telê Santana. Dener se ofereceu ao São Paulo por metade do salario que recebia na Lusa. Sabia que no São Paulo ele ia jogar ainda mais, ter uma projeção maior e ir para um gigante da Europa. Telê vetou, Dener era problema e não solução (mais detalhes conto no livro).

O debate começou quando um dos apresentadores questionou como seria interessante se no Brasil os jogadores permanecessem muitos anos nos times, como é na Europa. Juntamos alguns jogadores que saíram do São Paulo em 1991 aos que permaneceram e esboçamos um time:

Zetti, Cafú, A. Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo; Pintado, Cerezo, Raí; Muller, Ronaldo e Dener. Técnico, só Telê Santana. Escalei aqui uma ideia, mas seria uma seleção literalmente!

Em 1997, o São Paulo perdia hegemonia, Telê não mais estava no time e a Parmalat injetou um alto dinheiro no Palmeiras, tal qual, a Crefisa faz atualmente. Comprou o Palmeiras, mesmo eles não assumindo, como é atualmente. Sem clubismo, mas aquele time de Muller, Djalminha, Rivaldo e Cesar Sampaio dava show.

Qual será que foi melhor? São Paulo 1992 ou Palmeiras de 1997? Em termos de importância de títulos, é sacanagem comparar. Palmeiras ganhou um paulista, São Paulo 2 mundiais, mas ao analisar em campo, nos jogos, seria um clássico eletrizante, com muitos gols, jogadas lindas, um clássico ao estilo do que, um dia, foi o futebol brasileiro. Para frente, jogando bonito e em direção ao gol. Naquela época, ainda se jogava assim.

A nossa brincadeira, foi imaginar se o São Paulo (1992), tivesse contratado os 3 citados acima versus um Palmeiras (1997) sem Cafu, Muller, Antônio Carlos e Roberto Carlos, que estariam ainda no São Paulo. Claro, o Palmeiras perderia força sem esses, mas manteria Edmundo, Djalminha, Luizão, Evair, Zinho, Cesar Sampaio, Cleber. Um time de respeito!

Com certeza, os times fariam diversas finais de campeonato, seriam jogos memoráveis. Títulos seriam divididos entre esses times. O Corinthians, bom, esse ia ou ficar na fila ou ia mexer os pauzinhos para ganhar uns títulos paulistas na mão grande. Como sempre o fazem.

A rivalidade Telê Santana X Luxemburgo, iniciada em 92, ficaria ainda mais acirrada (Luxemburgo saiu do Palmeiras, mas em 1996, voltou para comandar aquele time). Uma pena que Telê, em 1996, não mais seria técnico. Fato esse que poderia ter sido evitado, caso o mestre não tivesse sido tão teimoso com relação a sua doença, mas esse é um fato a ser contado em outro artigo. No livro, eu explico detalhadamente sobre esse fato com relatos inéditos de Moraci Sant’anna, Muricy Ramalho, Homero Bellintani, Carlos Caboclo, Kalef João Francisco, Pintado e Zetti. Os entrevistei para o livro e eles contaram, assim como outros são paulinos, fatos inéditos sobre aquela época.

Fica aqui um estimulo a uma brincadeira, para papo de bar, como costumamos falar. Infelizmente, por poucos anos esses times não se enfrentaram. O São Paulo venceu tudo em 92/93, o Palmeiras teve esse timaço 96/97, pouco tempo.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova). Me siga facebook.com/plannerfelipe