Em junho de 2016 o São Paulo vivia uma novela daquelas, beirando o mexicanismo essebetista dos anos de 1990. Sem a figura de Rogério Ceni, aposentado, o clube e a torcida apostavam suas fichas no zagueiro Maicon que com menos de 4 meses jogando pelo clube já era chamado de ídolo. No dia 26 daquele mês o clube anunciava a maior contratação da sua história. Por 6 milhões de euros mais 50% dos passes de 2 jogadores promissores da nossa vitoriosa base, enfim tínhamos um grande ídolo novamente. “Digam a todos que fico!” esbravejava o xerifão em um vídeo institucional do clube. Em 12 meses, depois de ser expulso no jogo mais importante dos últimos anos para o clube, numa semi-final de libertadores, de perder a braçadeira de capitão e o posto de líder depois de seguidas falhas, o zagueiro foi vendido para o Galatasaray por 7 milhões de euros. O clube em festa recuperava-se de uma loucura.

As decisões que o São Paulo tomar para o próximo ano, dirão se o clube e seus dirigentes, tão acusados de amadorismo, aprenderam alguma coisa com a experiência da compra de Maicon. Naquele período o clube estava mal e precisava de um líder. A direção atuou no calor de sua torcida e fez um negócio que poderia ter rendido um prejuízo gigantesco ao clube. Para o ano que vem dois casos parecidos podem ter o mesmo desfecho: Jucilei e Hernanes. Sem dúvida os dois são importantes para o São Paulo. Ainda mais Hernanes, cria do clube e que comprovadamente é o responsável pela ascensão do time que caminhava pela primeira vez para a série B do campeonato brasileiro. A questão é: será que a história se repetirá? Jucilei foi comprado pelo Shandong Luneng por 8,5 milhões de euros e tem 29 anos. Hernanes foi comprado pelo Hebei Fortune por 10 milhões de euros, tem 32 anos e ganha 26,4 milhões de reais por ano.

Penso que ambos voltaram a jogar no Brasil para tentar uma vaga na seleção brasileira, Hernanes é o mais cotado. E depois disso? A diferença entre o “clube-empresa europeu” e o “clube do povo brasileiro” está no desfecho de Maicon em 2016. Contratar um jogador por um valor astronômico para os padrões tupiniquins, sabendo que o jogador não é  mais jovem e que as chances de recuperar o valor no futuro são bem pequenas é a visão amadora e irresponsável que quebrou a maioria de nossos clubes. A não ser que o negócio da China aconteça esses dois jogadores devem seguir os seus caminhos e retornar para seus clubes. Os times vencedores do São Paulo foram feitos com baixo orçamento e muito talento para escolher cada integrante do elenco. Falta talento para tal apontamento. O São Paulo não tem essa figura que entende de mercado e faz grandes escolhas. Para o próximo ano o elenco do São Paulo precisa dar espaço para a base ao invés de ficar com jogadores medianos como Denilson, Bruno, Buffarini, Marcinho, Thomaz, Aderllan, Jonatan Gomez, Maicossuel (eterno machucado) ou como preferiu ser chamado Maico (quem?) e Welligton Nem.  É preciso definir logo a permanência do Dorival e para a vaga de Jucilei que vai embora no dia 31 de dezembro, tratar do retorno de Hudson e Wellington que vem jogando muito bem no Vasco. Ainda tem o Artur que joga nos EUA. Para a lateral Reinaldo e dois nomes para a direita. Um meia para atuar na reserva de Cueva e um centroavante que saiba fazer gol. O Pratto é aguerrido mas futebol não é MMA e ele não marca gols como um atacante precisa fazer. É mais uma contratação duvidosa. Por 6,2 milhões de euros poderíamos ter trazido alguém mais fulminante na frente. Enquanto isso o Gilberto, que é fulminante na frente vai embora. Essa peça de reposição será fundamental para o sucesso no próximo ano.

Portanto, é preciso ter calma, coerência e principalmente profissionalismo. Deixar que os torcedores torçam e fazer o que se espera de dirigentes, que façam o melhor para o clube.

Rodrigo C. Vargas é jornalista, literato e estudante de psicologia. É filho, neto e bisneto de são paulinos – rodrigocvargas@gmail.com