Nada anda tão chato como o futebol. Um reflexo da sociedade, o futebol está sem graça, sem encanto.

Tentaram de tudo para melhorar, mas o medo de vencer está mais forte que a vontade de ganhar. Já tentaram de tudo: Mudaram o peso e o desenho da bola, a chuteira, a grama, a grama molhada e por fim, o tamanho do campo. Nada deu certo, pois continuam a não respeitar o spray do juiz e como a qualidade dos jogadores está menor, a força física e a correria tentam compensar a falta de competência.

A última grande mudança veio com o técnico Gardiola e tem a ver com esquemas táticos. Posse de bola, perda de bola, dar o campo para o outro jogar, tic-tac, jogar no contra ataque e volto a dizer:  Deturparam o Gardiola e hoje impera o medo de vencer. O líder do brasileirão passa por isso e o M. United é o exemplo cabal disso: Times sem vontade de ganhar, que jogam por “uma bola”, com linhas defensivas e esquemas táticos que parecem números de RG: 4-4-2, 4-2-3-1, 4-5-1, sei lá o que mais. Enfim, muito chato, descaracterizado e de gritinhos de jogadores que num determinado lance, conseguem fazer a sua obrigação, apenas isso. Enfim, muito chato.

Outra coisa insana é o tal do uniforme alternativo. Terceiro uniforme já se tornou uma licença poética, afinal, tem times que jogam com vários tipos de uniformes diferentes. Já desisti de memorizar o nome de jogador ou de usar camisas do meu time com números nas costas representando um determinado jogador. O que resta agora é ler no canto superior quem está jogando, pois, por trás do “abadá” do uniforme, descaracterizado, há um time, jamais um esquadrão, defendendo um momento de interesses, jamais a história de um clube e de uma torcida.

Não podemos esquecer os jogadores que vivem num mundo diferente do restante, com atitudes infantis e mentes vazias. Claro que há jogadores instruídos, formadores de opinião, mas há uma grande parcela que dá pena, pois deixam a desejar em vários sentidos. Há uma pobreza de futebol, de comprometimento, buscando apenas que seus egos sejam valorizados. Vamos imaginar a seguinte situação: O sujeito ganha 400 mil reais por mês. Se ele joga duas vezes na semana quer dizer que ele ganha 50 mil por jogo, fora os tais “bichos por vitória”. Há muitos jogadores que “correm pra não chegar” na bola e fazem corpo mole. Um absurdo e ainda fazem teatro quando caem. Nada pode ser mais depressivo que cera ou simulação no campo. Falta atitude, pois muitos são mimados e com isso esquecem de ter responsabilidades. Passou da hora de deixar de idolatrar e cobrar os jogadores por futebol, apenas por isso.

Que vergonha. De quem é a culpa? Colocar a culpa nos dirigentes apenas seria de grande ingenuidade. Patrocinadores, também tem sua culpa, vendendo camisas que só jogadores usam, por exemplo, e que não cabem nas pessoas do mundo real, por serem muito justas. Que insanidade de padrões são estes que querem impor até a porcaria do tamanho de camisas! A culpa também são dos torcedores, além dos conselheiros que prostituem a agremiação e de muitos dos veículos de comunicação.

Está claro que no Brasil o marketing esportivo não acompanhou o marketing aplicado a outros produtos. Isso é óbvio, mas o que não pode ser óbvio é a manipulação de informações em prol de um clube, um clubismo ou mesmo uma ação. Perguntas medíocres em entrevistas e programas que nivelam por baixo a qualidade da informação detonam o esporte. Há especialistas em fofocas de clubes, que pulverizam notícias equivocadas e tudo mais e que não somam nada. Pouco se discute sobre futebol, melhorias e desempenho. Muito triste isso.

Enfim, o futebol está muito chato. Aumentem o tamanho do campo, não tem que ser do tamanho do serra dourada de outrora, mas um pouco maior. Usem camisas que defendam as cores de uma nação apaixonada e joguem com vontade de ganhar, não medo de perder. Ao final, ao dar à notícia, leve a paixão ao torcedor, não uma fofoca. Deixem o futebol ser jogado, cobrado, amado e acima de tudo respeitado. Que venha a tecnologia pra somar e a melhorar.

Num país onde alguns acham que ir ao estádio e xingar a mãe do juiz deve ser visto como permitido e algo “sagrado”, apenas corrobora a pobreza da sociedade e a chatice dos jogos. Jamais levaria um filho para ver juiz ser xingado, jogador fazendo corpo mole, jogos com times sem vontade de ganhar, usando “abadas”, sentado num lugar ruim, caro e sem conforto.

Mataram a paixão, pela arrogância, despreparo e cobiça.

José Roberto Tavares