Amigos tricolores.

A cada artigo que escrevo aqui, leio nos comentários sobre o possível rebaixamento do São Paulo. De fato, há tantas rodadas no Z4, esse fantasma nos assombra. Eu, particularmente, como São Paulino fanático, não acredito em rebaixamento, acredito que vamos escapar no fim do campeonato. Será no sufoco, mas não vamos cair.

Devemos, também, parar de falar que “time grande não cai”. Cai sim! Time grande não cai, ele ganha títulos! Sem clubismo, mas Palmeiras, Atlético-MG, Inter, Corinthians, Grêmio são times grandes e caíram por serem mal administrados, como é o nosso caso desde 2008, onde após o tricampeonato o São Paulo caiu em desgraça no que diz respeito a administração. Achou que realmente era soberano e quando se estuda liderança e gestão, sabe-se que um dos piores pecados é acreditar que é o melhor em tudo e que ninguém pode bater, isso é um erro quase mortal para uma empresa, quando seus lideres acreditam cegamente que ninguém poderá superá-los. Erro que JJ cometeu, passou para Aidar e Leco. O mundo muda, quem fica parado, morre. O Brasil sempre se achou a melhor seleção do mundo, único penta campeão, único pais a disputar todas as Copas do Mundo. Nas Copa de 50, perdeu na final, na de 2014, a Alemanha nos atropelou de um jeito, que só não foi pior por dó do seu técnico em amplo respeito a seleção sede da Copa, pois aquele, dia 10X1 ainda ficaria de bom tamanho.

Apenas alguns exemplos, da minha área, de marketing digital:

– Yahoo! teve a oportunidade de comprar o Google. Não o fez, pois se achou o melhor buscador do mundo e nem quis ouvir aqueles “dois moleques de Stanford”.

– Kodak inventou a máquina digital, mas como era soberana em venda de filmes, não acreditou que aquilo pudesse tirar sua hegemonia. A Sony acreditou.

– A Blockbuster, por 50 milhões de dólares, poderia ter comprado o Netflix. Não o fez, acreditou que o modelo de aluguel de fitas/DVDs jamais morreria, entretanto hoje é um mercado quase morto e a Netflix valendo 25 bilhões de dólares.

Vejo muitos de vocês defendendo que se o São Paulo cair, ocorrerá igual nossos rivais, voltaremos por cima, vamos arrumar a casa e ganhar tudo. Será? Só porque algo acontece com um time, não significa que acontecerá com outro. O Palmeiras, por exemplo, foi para Tóquio com um time respeitável e perdeu o mundial numa falha do seu maior ídolo, Marcos. O São Paulo, em 2005, garantiu a vitória com uma atuação impecável, do também, seu maior ídolo, Rogério Ceni. Não é porque lá deu certo, que aqui dará, mesmo porque eles caíram 2 vezes.

Eu não acredito que o São Paulo caia, deixando bem claro, mas vamos supor que acabe o campeonato, o São Paulo, em 17o lugar, caia. Apenas para reflexão, pois esse é o objetivo do artigo, refletir:

O que mudaria?

– Alguém realmente acredita que, se cair, Leco e Pinotti entregaram seus cargos?

– Haverá nova eleição, mudará o técnico, time, atitude e seremos campeões Paulista logo em 2018?

– Que a falta de alma no São Paulo é reflexo apenas do Leco?

– Que em 2018 tudo será diferente?

Acho que isso é quase tão impossível como acreditar que um dia o Corinthians será campeão sem ajuda da arbitragem.

Outro ponto. Para que tudo mude, não é preciso cair. É preciso atitude. O São Paulo tem oposição, tem conselho administrativo, tem mais de 230 conselheiros e principalmente, tem mais de 20 milhões de torcedores para cobrar, sem violência, mudança radical no time. Não precisa de série B ou C para isso, precisa de vergonha na cara, de todos, do presidente ao faxineiro do São Paulo. Vergonha na cara!

O ano de 2003 deveria ser um exemplo para os dias atuais.

O São Paulo era um time apático, sem alma e que jogava sem vontade. Saíram alguns jogadores, veio Cuca, montou um elenco com diversos desconhecidos como Danilo, Josué, Mineiro, Rodrigo. Trouxe Junior, ex-palmeiras e Cicinho, esse mais conhecido por ser lateral do Galo e formou um time vencedor. Esses jogadores, além de talento, tinham vontade de vencer, de crescer em um time grande.

Um ano para entrosar, montar o time, dar sequencia. Leão apenas deu sequencia em 2005. Autuori fez o mesmo, mudou pouca coisa, ganhou Amoroso da diretoria e deu no que deu, glórias atrás de glórias. Para isso ocorrer, o São Paulo precisou mudar muita coisa em todos os setores, mas principalmente, trazer de volta a vontade de vencer tudo e a todos. Diferente das contratações de 2017, por exemplo.

O São Paulo não vai cair, mas se cair, não esperem o “choque de gestão” que Pinotti prometeu em Junho e até o momento nada se viu. Não esperem que Leco saia e seja feita uma nova eleição. Não espere que Pimenta assuma no 1o dia do ano, pois se Leco sair, Roberto Natel assume, por ser vice do Leco e não sabemos o quanto ele poderá mexer no “caminho certo” que essa gestão tem feito. Sim, o lema deles é “caminho certo”. Só não se sabe para onde esperam que esse caminho os leve.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova). Me siga facebook.com/plannerfelipe