Olá amigos tricolores!

Você abdica do seu sábado à noite. Afinal, não sou mais nenhum menino. Com 18 eu “varava direto” como diria um amigo meu. Mas com 37 é melhor ficar em casa de boa. Mesmo assim você não dispensa um bom papo no whatsapp e as horas passam num piscar de olhos. Lá pras tantas da madrugada você se despede da galera porque tem que acordar cedo no domingo. Domingo, aliás, que se tratava de uma folga minha, ou seja, uma rara oportunidade de dormir até mais tarde. A maioria dos jogadores de futebol não sabe o que o torcedor passa para ficar 90 e poucos minutos ali torcendo nas arquibancadas.

Se os profissionais soubessem, o mínimo que eles teriam seria vergonha na cara e correriam feito louco a cada segundo. As derrotas até aconteceriam, mas só a custo de sangue. Voltando, no domingo o relógio despertou às 6h da madrugada (pra mim pelo menos é madrugada). O motivo? Excursão para o Morumbi! São Paulo e Sport se enfrentariam às 16h. Mas como moro em Cedral (ao lado de São José do Rio Preto, interior paulista) só saindo muito cedo porque são cerca de 450km até a capital. Por volta de 7h35 já estava sob o pontilhão esperando o ônibus, que partiria de Rio Preto.

Perto das 8h embarquei, já fiz novos amigos. Realmente eu falo pelos cotovelos. Mas, no fim das contas, melhor do que ficar calado. Uma parada em Catanduva e o micro-ônibus lotou. Aí para os gordinhos como eu complica. Pouco espaço para mexer as pernas, medo de incomodar quem está ao lado. Que aliás, sempre é um magrinho (ainda bem!). Para amenizar, foram muitas as paradas para esticar as pernas e, claro, o famoso xixi. Chegamos ao Morumbi por volta de 15h15 da tarde. Um mar tricolor era o que se via do lado de fora do estádio pelas ruas que circundam o palco do sofrimento que viria a seguir.

Entrei no Morumbi e o locutor no sistema de som anunciou o hino nacional. A fila para ser revistado e entrar era enorme, daí o “atraso”. Os times já estavam perfilados. Mas ainda deu tempo tirar a famosa selfie e de fazer dois novos amigos da capital, trocar whats, facebook, etc, e até deixar meio que combinado uma cervejinha no futuro. O Tricolor estreou a nova terceira camisa de cor preta. Mas os calções e meias vinho proporcionaram uma combinação bizarra e totalmente distante das tradições do Clube da Fé. Será que era muito difícil colocar tudo preto de uma vez? Deixa pra lá. Esse fardamento, que me lembrou mais um time da sexta divisão da Inglaterra do que o SPFC, mereceria um post à parte.

Bola rolando e o primeiro tempo já não foi muito bom. Time parecia ter almoçado feijoada ou ter ficado conversando no whatsapp como eu até de madrugada. As exceções, pra mim, foram Sidão, Rodrigo Caio, Marcos Guilherme e Lucas Pratto. Pelo menos surgiu o gol do jogo, muito mais por méritos de Hernanes, que ganhou uma bola no chão com muita raça e sorte de Edimar que jogou na área e só torceu, mas viu a zaga pernambucana se atrapalhar, do que por méritos do São Paulo. Marcos Guilherme pegou a sobra abriu o placar aos 35 minutos. O Morumbi explodiu. Mas o que parecia que não poderia piorar piorou. E bastante. Na etapa final durante quase todos os 50 minutos parecia que estávamos na Ilha do Retiro em Recife e não no Cícero Pompeu de Toledo, na capital paulista.

O São Paulo durante a etapa final inteirinha marcou com os 11 jogadores atrás da linha divisória, atraindo o Sport para dentro do próprio campo, buscando um contra-ataque para matar o jogo. Não bastasse isso, o time comandado por Vanderlei Luxemburgo tocava tranquilamente a bola e se aproximava com perigo da meta são-paulina. Um único mísero chute em todo o segundo tempo foi o que o São Paulo fez. Desnecessário. Não precisava do sufoco que foi o finalzinho com dois milagres feitos pelo arqueiro Tricolor, que salvou o resultado, a saída da zona de rebaixamento, a semana, o mês, tudo.

Lucas Fernandes deve sair urgente do time. Jogamos em 10. Cueva, sempre ele, precisa se dedicar mais, além de parar de ser substituído por “cansaço” todo jogo. Ainda demos azar de presenciar Hernanes e Petros em uma tarde não inspirada. Apagados, erraram quase tudo que tentaram. Dorival Junior “pede” pra ser criticado quando, por exemplo, coloca em campo a interrogação Jonatan Gomez e não a certeza Jucilei. Quando dá chance ao inconstante Marcinho e não a Maicosuel, por exemplo, que se não tem ainda um primor físico, pelo menos tem mais capacidade técnica.

Finalmente explicando o título desse post, quando Sidão salva a cabeçada a queima roupa aos 50 minutos do segundo tempo, o árbitro apita o final do jogo na sequência e a torcida comemora mais que o gol, me sento na arquibancada. Olho para o céu, penso nas horas e horas sem se alimentar direito (comendo porcarias), na dor nas pernas, nas cãibras, no dia todo sem escovar os dentes, nas mais de seis horas da viagem de volta e respiro fundo. O ar nem vem direito. Lágrimas correm. Pensava “passar por tudo isso para ver esses caras andarem em campo assim não faz sentido”. Se tirar o sentimento realmente não faz. Mas como diz o velho clichê “não é só futebol”. E não é mesmo.

Não morri de enfarte neste domingo, dia 1 de outubro de 2017, não morro mais. De enfarte não. Por isso que eu repito: se esses caras soubessem o que passa o torcedor por causa deles, só para ver um jogo, o mínimo que fariam era “se matar” em campo toda partida, todos os minutos, os segundos, a cada jogada. O São Paulo do jogo contra o Corinthians não cai para a série B. Este, principalmente o do segundo tempo do jogo contra o Sport não sei. Tenho dúvidas.

Postado por Rafael Rossi