Amigos tricolores.

Nasci em 1979 quando o São Paulo tinha o saudoso Waldir Peres no gol. Até 2015, pouco sofri com o camisa 1 que defendia o São Paulo. Nesses quase 36 anos, vimos no gol goleiros fracos como Anselmo, Maizena, Marcos, Alencar, Gilberto, mas eles eram apenas reservas e só entravam em campo quando as grandes feras como Gilmar, Zetti e Rogério Ceni não podiam jogar. Sofríamos pouco, pois sabíamos que o titular era de altíssimo nível. Tivemos Roger e Bosco que foram reservas de Rogério Ceni e pouco comprometeram, mesmo lembrando dos 7X2 contra a Lusa, que Roger tomou gol do meio de campo do zagueiro Emerson, que depois jogou no São Paulo.

Uma época tínhamos Zetti no gol e Rogério Ceni no banco. Essa era uma época de grande tranquilidade. O saudoso Alexandre, reserva de Zetti tinha tudo para ser um dos maiores goleiros do tricolor. Em entrevista para o livro sobre a historia do Telê Santana no São Paulo, Moraci Sant’anna me confessou que nos “rachões” o pessoal preferia Alexandre a Zetti ou Rogério Ceni. Uma grande pena o acidente que tirou a vida desse goleiro.

Nesses 36 anos, o São Paulo nunca se preocupou com o gol, estava sempre muito bem representado. Gilmar era muito bom, Rogério Ceni foi ótimo e Zetti o melhor de todos. Há quem defenda que Zetti foi o maior goleiro do São Paulo, há quem defenda José Poy, King ou até Sérgio Valentim, questão de gosto, mas isso mostra que no gol, raramente tivemos grandes problemas. Sempre tivemos um camisa 1 de confiança, tanto que em 1982, o goleiro titular da seleção era Waldir Peres, em 1994, Gilmar e Zetti estavam no plantel de Parreira, em 2002 e 2006 Rogério Ceni estava na Copa e poderia ser facilmente titular das duas. IIsso mostra que de camisa 1, o São Paulo entende. Ou entendia.

Em 2015, o ultimo grande goleiro e ídolo se aposentou. Rogério Ceni saiu de cena, dando espaço para o seu sempre contestado reserva, Denis. Acredito que Denis tenha sido o goleiro mais contestado até hoje no tricolor. Sujeito calmo e extremamente educado, não tem uma constância no gol. Em 2016 até teve seu momento, uma época em que ele era o melhor jogador do time – sim isso aconteceu – mas foi apenas um momento, voltou a falhar em partidas decisivas e caiu, novamente, em desgraça. Sem prestígio e confiança, nunca se arriscou a bater uma falta durante o jogo, e acreditem, ele tem uma precisão similar a Rogério Ceni. Há vídeos no Youtube dele batendo faltas com maestria. Mas lhe falta confiança.

Denis entrou em um desafio enorme. Substituir ninguém menos que Rogério Ceni o maior ídolo do São Paulo nos últimos 30 anos!! Torcedor, jogou 25 anos nos no clube, capitão, conquistou inúmeros títulos sempre como protagonista, maior goleiro artilheiro, jogador que mais vestiu a camisa do São Paulo e por ai vai. Acredito que, até por Rogério Ceni ser o maior goleiro artilheiro da história, Denis tenha se resguardado das faltas pois se ele bate uma e erra, a torcida não perdoa! Sua imagem não é muito boa com os torcedores. Denis, literalmente, sentiu o peso de substituir o maior ídolo de uma geração.

Quando Marcos saiu do Palmeiras, o time foi atrás de Fernando Prass, experiente, bom goleiro e acostumado a jogar sob pressão. Perfil de liderança, logo se mostrou um líder do time, Denis, não tem esse perfil. Aliás, nem ele e nem Sidão. O Palmeiras fez o certo. O São Paulo resolveu apostar em Denis, até por indicação de Rogério Ceni, mas como sabemos, não deu certo. Hoje, Denis está fora dos planos e em 2018 estará seguindo sua carreira fora do Morumbi. Desejo-lhe sorte, pode não ser o goleiro que precisamos, mas tem caráter e isso vale muito.

O ano de 2016 acabou com Renan Ribeiro no gol. Pouco jogou em 2016 mas a torcida apostava no jovem, alguns por falta de confiança em Denis, outros porque a imprensa dizia que nos treinos Renan era um gigante. Eu fui ver 2 treinos do São Paulo no CT e confesso ter ficado impressionado com o Renan. Nos jogos que ele entrou em 2016, pouco comprometeu. Era uma esperança. Renan acaba o ano titular, mas se machucou no ultimo jogo e ficou alguns meses fora se recuperando.

Em 2017, o ano começou com Sidão sendo contratado. Ele tinha feito um excelente campeonato pelo Audax-SP e pelo Botafogo-RJ em 2016. Rogério Ceni ligou para Sidão para conversar com ele. O cara fez 2 bons campeonatos, Rogério Ceni conhece muito da posição o pediu, tinha tudo para ser o substituto do M1TO. Estava mais do que credenciado para isso.

Florida Cup, Janeiro, final contra o Corinthians. Sidão pega 2 penaltis, São Paulo ganha o torneio em cima do rival. Sidão é levado ao posto de ídolo! (Tal qual escrevi em um artigo anterior, qualquer um que jogue bem um jogo, vira ídolo, vira “JuciLenda”) era a esperança. Começa o Campeonato Paulista, Sidão falha, Renan se recupera, Rogério Ceni lhe dá uma chance, ele agarra com unhas e dentes. Sidão é colocado no banco. Renan via bem no começo, mas falha inúmeras vezes. Torcida se divide entre aposta no Renan ou troca. Mas por quem?

Sai na mídia que o São Paulo está atrás de Walter do Corinthians ou de Diego Cavalieri, eterno futuro goleiro do São Paulo. Inúmeras são as vezes que ele está “próximo de acertar” mas permanece no Fluminense. A torcida se divide, de novo, para muitos, Walter é melhor que Cássio, seria uma boa para o tricolor? Demoraria um tempo até ter a confiança da torcida, afinal, ele viria de um grande rival. O negócio é desmentido, Walter permanece no Corinthians. Sai na mídia que o São Paulo está atrás de um goleiro, cogitou Diego Alves, que acertou com o Flamengo. Recentemente, se cogitou Armani do Atlético Nacional, que contra o São Paulo, em 2016, fechou o gol! Nada concreto.

O fato é que a torcida, que estava acostumada a ter um camisa 1 seguro e confiável não vê mais isso. Renan é o menos criticado, alguns torcedores que tenho conversado, dizem que ele não é goleiro para ser titular do São Paulo, mas na atual situação é mais confiável que Denis e Sidão. Léo, que vinha muito bem nos times de base, foi para o Paraná e passou mais de 10 jogos sem tomar gol. O São Paulo o vendeu para o Atlético-PR. Lucas Perri, uma esperança da torcida, não está pronto para assumir o time agora, é queimar o menino que vai entrar com o apoio da torcida, mas e se ele falha e o São Paulo perde de 1X0 para o Corinthians? E se ele falha em 2 jogos seguidos? Novo, pode sentir a pressão e se queimar com a torcida, conhecida por não ter muita paciência com jogadores. Até Kaká foi hostilizado por alguns torcedores. O momento do São Paulo, que insiste em não sair da proximidade do Z4, não abre espaço para colocar um jovem na fogueira, vai queimar um goleiro que tem potencial, mas ainda não, é para estar ao lado de King, Poy, Waldir, Zetti e Rogério na galeria dos grandes. Tem potencial, mas é muito cedo ainda para prever isso.

O fato é que para 2018, seja Armani, Walter, Diego, Pedro, Paulo, Rogério, seja quem for, o São Paulo precisa de um camisa 1 de confiança. Desejo que Renan treine muito e se consolide no tricolor, parece ter potencial e talvez precise de treinos para melhorar alguns pontos, mas se até o fim do ano ainda não convencer, que venha outro goleiro mais experiente que até ajude Renan e Perri a melhorarem. E Sidão, bom, assim como Denis, desejo sucesso em sua carreira, mas não vestindo a camisa que um dia foi do meu grande ídolo, Zetti!

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova). Me siga facebook.com/plannerfelipe