Vinicius Pinotti, diretor de futebol, e Leco durante treino do São Paulo no CT da Barra Funda, em São Paulo SP 27/06/2017 Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press

Como explicado recentemente pelo Blog do São Paulo, o clube geriu mal seu capital.

Entenda como o clube mesmo arrecadando mais de R$ 200 mi só com jogadores, ainda terá déficit:

O motivo? O São Paulo compra à vista e recebe à prazo.

Como pode se fazer gestão assim e não querer se endividar e se comprometer com juros e bancos?

Imagine que você não tem dinheiro na mão e quer e precisa comprar outro carro e pagar contas outras.

Você vende à prazo e vai terminar de receber a longo prazo.

Mas, precisa comprar logo outro e compra à vista para não ficar sem. Só que além de negociar mal a compra de um novo carro que era PIOR que o de antes, você ainda tem que pagar imposto da venda antiga e comissão da venda nova mais luvas.

Ao fim, você que já não tinha dinheiro, ficou com um carro pior, sem dinheiro e ainda endividado, no déficit.

É isso que fez o São Paulo.

Não é à toa que o time está no rebaixamento, vendeu, vendeu, vendeu e não tem números bons na gestão.

É isso que fazem Leco e Pinotti e afirmam estar no caminho certo.

Agora veja a matéria do Globo Esporte que detalha mas escancara os problemas e a péssima condução estratégica do dinheiro do clube. É o famoso ENXUGAR GELO:

Desde o início do ano, o São Paulo vendeu sete jogadores e contratou 19, por empréstimo ou definitivo. Essa reformulação com a temporada em andamento é apontada por críticos como a principal responsável pela 19ª colocação do Campeonato Brasileiro e pelo grande risco de rebaixamento à Série B, algo inédito para o clube. Por outro lado, as mudanças serviram para o clube reduzir drasticamente sua dívida. Quando o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, assumiu a vaga de Carlos Miguel Aidar, que renunciou em outubro de 2015, o débito era de R$ 170 milhões. No fim de agosto, segundo o diretor-executivo financeiro do clube, Elias Barquete Albarello, o valor havia caído pela metade: R$ 85 milhões.

Apesar da grande redução, o Tricolor tem um problema a resolver neste final de ano: precisa captar R$ 27,5 milhões. Isso porque todos os débitos que precisam ser quitados até dezembro são maiores do que as receitas que vão entrar. O clube já busca alternativas para isso.

A seguir, veja um raio-x da situação financeira do Tricolor. Vale lembrar que no levantamento abaixo não estão incluídas as dívidas tributárias, que são o Profut (Governo Federal) e PPI (PMSP). No início do ano, elas totalizavam R$ 93 milhões. O valor atualizado é de R$ 86 milhões e tudo será pago de maneira parcelada em 20 anos.

Recorde de vendas na temporada 2017

A diminuição da dívida só foi possível pela expressiva soma acumulada com as vendas de David Neres, Lyanco, Luiz Araújo, Augusto Galván, Thiago Mendes, Maicon e Centurión. A quantia total arrecadada nessas negociações foi de R$ 184,5 milhões. Descontados impostos, participações de terceiros (que detinham parte dos direitos dos atletas) e comissões, o clube recebeu R$ 162,8 milhões. Só que engana-se quem acha que o São Paulo vai receber essa bolada de uma vez. O clube vai ter de esperar dois anos para ver esse dinheiro entrar nos seus cofres, já que algumas vendas foram parceladas.

  • Até dezembro deste ano, o clube receberá R$ 108,9 milhões
  • Em 2018, o Tricolor tem a receber R$ 42,6 milhões
  • Em 2019, vem a parte final de R$ 11,3 milhões
  • Sem dúvida, foi a temporada que o clube mais arrecadou com vendas. O valor é bem superior ao que estava previsto no orçamento aprovado para 2017, que dizia que seria necessário conseguir R$ 70,8 milhões com negociações. O mesmo orçamento revelava ainda que seriam necessários mais R$ 70 milhões em empréstimos para que todas as obrigações do ano fossem quitadas. E, até setembro de 2017, o Tricolor não precisou tomar nada em bancos. Pelo contrário, o clube tem conseguido antecipar o pagamento de débitos, o que, juntamente com a não captação de recursos, traz uma grande econcomia, já que se livra de juros.

    A melhora nessa questão financeira fez também o clube mudar sua previsão para o final do ano. Antes, havia sido aprovado um orçamento que teria como resultado um déficit de R$ 7 milhões. Agora, a previsão é terminar com superávit entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões.

    Para repor as saídas e ainda tentar qualificar o time, que foi um fiasco no primeiro semestre, com eliminações no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana, o São Paulo foi ao mercado. Bruno Alves, o último a ser contratado, foi o 19º a chegar. Antes dele, desembarcaram no clube do Morumbi: Sidão, Wellington Nem, Cícero, Neílton, Jucilei, Lucas Pratto, Edimar, Marcinho, Morato, Thomaz, Maicosuel, Denilson, Aderllan, Petros, Arboleda, Jonatan Gomez, Marcos Guilherme e Hernanes. Para efetuar todas essas contratações, o clube terá gasto até dezembro R$ 59 milhões, dos quais R$ 32,1 milhões serão quitados neste segundo semestre.

    Outros dados importantes sobre as finanças do São Paulo:

    • A folha salarial do futebol profissional, já contando pagamento dos direitos de imagem é de R$ 10 milhões por mês.
    • Quando o São Paulo assinou contrato com a Under Armouro então presidente Carlos Miguel Aidar pediu antecipação de R$ 10 milhões e esse valor vem sendo descontado em parcelas. A parceira chegou a atrasar alguns pagamentos, mas agora tudo foi normalizado. Só que a fornecedora quer renegociar o acordo atual, o que o Tricolor não concorda. Existe até a possibilidade de rescisão.
    • Quando o orçamento do ano foi feito, estava previsto que o São Paulo ganharia R$ 14,5 milhões com o plano de sócio-torcedor. Como o time está mal, porém, muitos torcedores deixaram de pagar e uma nova previsão foi feita. Agora, o valor total a ser recebido deve ficar em R$ 11,6 milhões.
    • O São Paulo está fazendo demissões em todos os seus departamentos. Com isso, vai economizar até o final do ano a quantia de R$ 1,7 milhão.
    • O clube também renegociou vários contratos de prestadores de serviços e gastos com materiais, energia e água. A economia nestes ítens, até dezembro, será de R$ 3,4 milhões.

    Amortização das dívidas

    Do total que será recebido com vendas até o final do ano, foi definido em reunião entre o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e os diretores de futebol, Vinícius Pinotti, e financeiro, Elias Albarello, que entre 50% e 55% seriam usados para amortizar as dívidas da equipe. A situação hoje é bem melhor do que a de um ano atrás, quando não era possível deixar as contas em dia sem fazer empréstimos ou antecipar recursos.

    Com as amortizações feitas a partir de 2016, bem como o alongamento dos empréstimos, a dívida bancária, que em outubro de 2015 era de R$ 92 milhões, chegou a cair para R$ 42 milhões em agosto de 2016, conforme revelado pelo presidente Leco nesta entrevista ao GloboEsporte.com. Na sequência, em dezembro, ela acabou subindo para R$ 70 milhões, já que o clube precisou recorrer a novas captações. Isso porque o Conselho Deliberativo, na ocasião, não aprovou o novo contrato de transmissão de TV aberta, que renderia R$ 60 milhões entre luvas e adiantamentos.

    No balanço apresentado ao Conselho Deliberativo com dados até o mês de junho, houve uma redução para R$ 57 milhões. Só que novas amortizações foram feitas nesse período. Atualmente, o clube deve a instituições financeiras a quantia de R$ 45 milhões.

    Aqui abaixo seguem novos detalhes para os débitos do São Paulo que serão pagos até o final do ano:

    Além de dívidas com instituições financeiras, o São Paulo também quitará outros débitos até o final do ano. Alguns deles estão relacionados abaixo:

    • O clube vai pagar até o final do ano a quantia de R$ 10 milhões à TV Globo, valor que foi antecipado pelo ex-presidente Juvenal Juvêncio e que seria por acordo de anos à frente do seu mandato.
    • Outros R$ 7 milhões serão destinados a uma empresa chamada Kirin Soccer, que fez empréstimo com juros mais baratos do que os bancos quando o clube estava com dificuldade para honrar seus compromissos em gestões anteriores.
    • O clube pretende pagar também R$ 2 milhões ao atual diretor executivo Vinícius Pinotti. A dívida com o dirigente, porém, é bem maior: R$ 21 milhões. Em 2015, ele emprestou R$ 15 milhões, valor que o clube usou para contratar Centurión. Em outro momento, ele fez um outro aporte, de R$ 6 milhões. A dívida total será quitada até o final 2019.
    • O clube contraiu empréstimos do Bradesco, e a garantia de pagamento foi a venda do atacante Alan Kardec para o Chongqing Lifan, da ChinaCada parcela que o São Paulo recebe é enviada diretamente para o banco para a amortização dessa dívida.

    Aperto no fim do ano

    Existe uma situação que preocupa os dirigentes até o final do ano. Isso porque o clube tem a pagar R$ 115 milhões até o final do ano, entre gastos com o futebol profissional, CT de Cotia, empréstimos bancários, quitação de outras dívidas e juros de adiantamentos que foram feitos. E, segundo o balanço divulgado ao Conselho, até o final de junho só havia a previsão de receber R$ 87,5 mihões. Ou seja, seria preciso criar novas receitas que totalizassem R$ 27,5 milhões.

    Elias Albarello revela que pedir um empréstimo bancário não faz parte da estratégia financeira e que, portanto, será a última alternativa.

    – Existem algumas alternativas que podem ser feitas pois não é racional, financeiramente, amortizar alguns empréstimos e depois ter que fazer um novo empréstimo. Podemos conseguir novos patrocínios, alongar o perfil da dívida ou mesmo antecipar algumas as receitas que estão previstas para entrar somente no ano que vem. Você consegue juros mais competitivos do que os praticados pelos bancos e resolve seus problemas. Só teremos de recorrer aos bancos se nada der certo, mas estou muito otimista – afirmou Albarello, em conversa com a reportagem.

    Meta: zerar a dívida até dezembro de 2018

    Elias não quis prometer, mas deixou claro que tudo que está sendo feito no departamento financeiro do São Paulo é para que o clube fique sem dívidas até dezembro do ano que vem, quando ainda faltará mais um ano e meio para o final do mandato do presidente Leco. Mas a sensível melhora nas finanças já permitirá investimentos maiores no futebol em 2018.

    – Quando você antecipa o pagamento de empréstimos, há, naturalmente, uma redução com juros, o que permitirá um maior investimento na contratação de jogadores. É possível pensar em amortizar tudo. Já estamos discutindo o orçamento de 2018 e temos até novembro para apresentá-lo ao Conselho de Administração, para uma primeira aprovação e, em seguida, ao Conselho Deliberativo, para aprovação final. E, nesse orçamento, já constará o que precisa ser feito para terminar o próximo ano sem débitos – ressaltou Albarello.

    GE