Não escreverei sobre o momento atual, mas dos últimos 8 anos do São Paulo FC.

Feitiço do Tempo, título desse texto, foi tirado de um filme de 1993, estrelado por Bill Murray. Ele interpreta Phil, um arrogante meteorologista de um canal de TV, que ao cobrir a saída anual de uma marmota de seu buraco, é pego m uma nevasca não prevista e fica preso em uma espécie de túnel o tempo, condenado a reviver o mesmo dia até que mude suas atitudes.

O tri campeonato brasileiro tornou a diretoria e parte da torcida arrogante. O símbolo disso foi a utilização do termo  cafona ”Soberano” em detrimento do simpático ”Clube da Fé”. Depois foi a contratação de jogadores de qualidade duvidosa ou com problemas físicos. Quando indagados diziam: ”sabemos fazer”.

Aproveitando a omissão da maioria da torcida e a simpatia da maioria da imprensa, Juvenal Juvêncio deu um golpe no estatuto com apoio quase que irrestrito do Conselho Deliberativo. Aos poucos, profissionais experientes e competentes foram demitidos.

Fizemos um bom brasileiro em 2009 e uma boa Libertadores em 2010, mas o preço do declínio começou a aparecer forte em 2011, quando deixamos de disputar a competição que mais amamos depois de 7 anos. Contratações midiáticas, como a de  Rivaldo, foram feitas. Colocamos 50 mil na apresentação de Luís Fabiano, 60 mil no jogo mil de Rogério Ceni e passamos mais um ano em branco.

Juvenal colocou Adalberto Batista, homem rico, para dirigir o futebol do clube, mas sua inexperiência nos levou ao caos. Brigamos para não sermos rebaixados, contratamos jogadores problemáticos, como Lúcio, aumentamos a dívida, perdemos força nos bastidores, sendo prejudicados cada vez mais pela arbitragem. Aidar, o mentor do golpe de Juvenal, foi premiado com a presidência. Os dois romperam e o nome do clube foi jogado na lama. Escândalos foram expostos, desmanches no time foram feitos, vexames no campo se tornaram frequentes.

Leco assumiu e em meio ao caos, conseguimos fazer uma Libertadores decente e só. Brigamos pra não cair em  2016 , fomos eliminados por times pequenos como Osasco e Juventude. Fora de campo a falta de transparência é enorme. Escolheu como executivo de futebol um jovem rico e inexperiente, tal qual JJ fizera em 2012.

Infelizmente vivemos o feitiço do tempo, todos os dias são iguais. Contratam ídolos do passado para serem usados como escudo e depois descartam como já foi feito com Autuori, Murici e Rogério Ceni. Temos vitórias efêmeras e vexames sucessivos. Comemoramos recorde de público, recorde de acessos em redes sociais entre outras conquistas laterais, e não comemoramos títulos.

Temos jogadores medianos, como Rodrigo Caio disputando 240 jogos, enquanto jovens com potencial de craques como Neres, vendidos por trocados após disputar 8 jogos. O Reffis, antes referência, virou depósito de jogadores bichados. A propósito, o que ocorre com Maicossuel?

Nesses anos todos, uma figura passa incólume: Leco. Passou por vários departamentos e sempre fazendo um péssimo trabalho. Foi mal no futebol, apoio os seguidos golpes de JJ e ao contrário do que vendem na mídia, ajudou a aumentar a dívida do clube. Distorceu o novo estatuto, escolhendo e remunerando amadores ao invés de colocar executivos, pensando apenas em poder.

O roteiro dos próximos meses já está desenhado: alguns vexames, dramas, diminuição do preço do ingresso, Marco Aurélio Cunha fazendo visitas ao CT, recordes de público, saída do rebaixamento, Leco dizendo que estamos no caminho certo, Lugano se despedindo numa festa emocionante, Kaká sendo contratado e Leco dando entrevistas  prometendo títulos. Em janeiro, Brenner e Militão serão vendidos e dirão que é pra pagar a dívida e com que esse dinheiro, outros jovens serão mantidos. Em julho de 2018, outros jovens serão vendidos, Bruno, Wesley continuarão e comemoraremos recorde de público numa segunda fria de junho.

Até quando viveremos esse feitiço do tempo? Até quando todos os dias serão iguais para o nosso SP. Luther King disse certa vez que o que lhe preocupava não era o grito dos maus, era  o silêncio dos bons.  Os bons precisam gritar.

Rafael de Albuquerque

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