Essa semana, se vivo estivesse, Telê Santana completaria 86 anos de idade. Esse mineiro de Itabirito, pequena cidade do Estado de Minas Gerais, nasceu em 26/07/1931 e fez história no futebol. Não apenas no Brasileiro, mas no mundo.

Telê, como sabem, era um habilidoso ponta direita que construiu sua carreira, como jogador, praticamente no Fluminense, time de seu coração, desde sempre. Era um ponta moderno para a sua época, marcava, voltava para recuperar a bola e tinha uma precisão no passe e chute que poucos tinham, aliás, até hoje poucos tem! Foram 9 anos no profissional do Fluminense, depois, jogou no Guarani de Campinas, Madureira e encerrou sua carreira em 1963 no Vasco da Gama, aos 32 anos. Naquela época, era difícil um jogador jogar até os 35 anos.

Em 1968 Telê Santana volta ao Fluminense, agora para ser técnico. Começa por baixo, nas categorias de base, como todos devem começar. Vence torneios e sobe para o profissional em 1969, onde já é campeão com o time principal. Passou pelo Galo e em 1973, o que poucos sabem, ele passou 6 meses como comandante do São Paulo, mas constantes brigas com o astro do time, Pedro Rocha, derrubaram o técnico, que voltou para o Galo. Passou ainda pelo Botafogo, Grêmio, Palmeiras, onde fez um trabalho muito bom, mesmo não vencendo o campeonato em 1980, foi chamado para comandar a seleção, onde ele levou ao “pé da letra” o conceito de seleção e montou a melhor de todos os tempos, reverenciada mundialmente. O técnico italiano, após o fatídico jogo que nos tirou da Copa de 82 disse não acreditar que havia perdido para o melhor do mundo. A imprensa do mundo inteiro aplaudiu de pé Telê quando ele entrou para dar a coletiva depois da derrota. Ele era, ali, o melhor do mundo, mas os Deuses do Futebol não deixaram que ele ganhasse nenhum titulo pelo nossos país.

Em 1983, foi para os Emirados Árabes, voltou em 1985 para, novamente, comandar a seleção em uma Copa. Passou de novo pelo Galo, Flamengo, Fluminense, Palmeiras e em 1989 chegou ao São Paulo, onde ficou até a doença não mais permitir, inicio de 1996. Chegou a treinar o Palmeiras um dia no mesmo ano, mas a doença, já bem avançada não permitiu.

A fama de Pé Frio nunca foi justa. Perdeu por detalhes 2 Copas, nunca se imaginaria um erro de Cerezo (82) e Zico (86), mas como puderam ver, o “Pé Frio” só treinou grandes times do país ganhando títulos pelo Fluminense, Galo, Grêmio, Al-Ahli (Emirados Árabes), Flamengo e claro, todos os possíveis e imagináveis pelo nosso São Paulo.

Em Abril de 2006, Telê nos deixou para sempre, a saudades do grande mestre é eterna. Muitos me perguntam se eu acho que ele daria jeito no São Paulo de hoje, a minha resposta é que com esse bando de jogador “mimimi” que temos no futebol atual, inclusive no São Paulo, seria difícil. Infelizmente seus conhecimentos estão sendo esquecidos, a essência do futebol, deixada de lado para o jogo de resultados. Veremos um time esse ano ser campeão com o “ataque de uma bola”. Uma defesa sólida e 1X0 como resultado comemorado. Telê não aceitaria isso, mas, infelizmente, ele não está mais aqui.

*Felipe Morais. Publicitário, apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. Sócio da FM Planejamento, Palestrante sobre marketing digital, comportamento de consumo e inovação. Coordenador do MBA de Marketing Digital e do MBA de Gestão Estratégica de E-commerce da Faculdade Impacta de Tecnologia. Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Saraiva) e Ao Mestre com carinho, o São Paulo FC da era Telê (Ed Inova). Me siga facebook.com/plannerfelipe