Exatos três meses depois de ser reeleito presidente do São Paulo, Leco tem de conviver com uma enorme insatisfação no Morumbi. Não apenas pela antepenúltima colocação na tabela do Campeonato Brasileiro, mas também pela maneira como tem preenchido as diretorias executivas, previstas no novo estatuto que entrou em vigor neste ano.

O documento que norteia a administração do clube estipula a nomeação de no mínimo três e no máximo nove diretores remunerados. Hoje são seis: Vinicius Pinotti (futebol), Marcio Aith (comunicação e marketing), Rodrigo Gaspar (administrativo), Elias Albarello (financeiro), Eduardo Rebouças (infraestrutura) e Rafael Palma (estádio).

Os críticos dizem que Leco, em vez de usar o estatuto para sua finalidade essencial, a de profissionalizar a gestão do São Paulo, na verdade está retribuindo apoios recebidos durante a campanha eleitoral que resultou em sua vitória, no pleito do último dia 18 de abril.

Nenhum profissional do mercado foi contratado para qualquer área. Todos esses seis já tinham ligação com o clube antes da eleição: Gaspar, Albarello e Rebouças são conselheiros. Pinotti era diretor de marketing; Aith atuou como um coordenador da campanha de Leco; Palma, por sua vez, já ocupava a direção de estádio desde 2015.

Esse tema deverá ser abordado novamente na próxima reunião do Conselho de Administração, órgão de auxílio à gestão, marcada para quinta-feira, dia 20. Para os membros, é evidente que a desordem administrativa interfere nos péssimos resultados do time, que não vence há 40 dias. Por essa razão, inclusive, eles pretendem voltar a exigir planos e metas para o futebol.

 O artigo 124 do estatuto determina que “Os membros da Diretoria Executiva serão contratados do SPFC, dentre profissionais que tenham notório conhecimento em suas respectivas áreas de atuação.”. Internamente, questionam a experiência de Pinotti na área para ter assumido a pasta. O desempenho da equipe potencializa a insatisfação do Conselho de Administração.

Não é só a oposição que tem tecido críticas a Leco. Também há pessoas que o apoiaram muito na eleição. O receio deles é que, ao priorizar a política à profissionalização de fato, o presidente pode entrar num buraco sem fim.

O São Paulo é todo dividido em correntes políticas. São mais de 10 “partidos” para 240 conselheiros, e a qualquer momento outros de sua base podem querer ser agraciados com cargos. Como a próxima eleição será apenas em dezembro de 2020, ninguém entende a necessidade da prática política neste momento.

GE