Em alguns dias completarei 34 anos. Pelo que li e ouvi, Roberto Dias, Oscar, Darío Pereyra,

Mauro Ramos de Oliveira, foram melhores do que você.Pelo que vi desde 1990, Ricardo Rocha, Valber, Ronaldão e Miranda

foram melhores do que você. Parte deles se destacou pela técnica, pela antecipação, pela versatilidade, atributos

que Lugano não possui.

Mas Lugano está e estará no meu SP de todos os tempos por alguns motivos: pela alma, pela entrega, pelo caráter, pela

persistência. Me lembro da sua contestada contratação, do fato de Oswaldo de Oliveira o ignorar e Lugano ficar chutando

a bola na parede, sozinho.

Seu 1º jogo contra o Galo no Mineirão no distante 11/05/2003 não deixou uma boa impressão, mas sua garra chamou a atenção.

Até metade de 2004 era reserva e somente com a adoção do esquema 3-5-2, atuando de líbero, Lugano se tornou titular para

nunca mais sair.

Eram tempos difíceis aqueles, como a falta de títulos, Kaká e Luís Fabiano negociados, jogadores

sendo chamados de pipoqueiros. E a entrada de Lugano deu personalidade ao time e confiança aos torcedores.

E quanto mais a maior parte da imprensa chamava Lugano de violento, mais a torcida o idolatrava, tornando a camisa 5

a mais vendida.

Veio os títulos importantes, a convocação pra seleção uruguaia e venda para a Turquia. Ficamos várias janelas de transferência

na ilusão de um retorno do nosso ídolo. O clube antes modelo de gestão, era cercado de denúncias, o time dando vexame no

campo, os jogadores apáticos. Por pressão da torcida, Leco o contratou.

Sabíamos que Lugano estava longe do seu melhor momento, mas o queríamos novamente no time. E ao contrário

dos pessimistas de plantão, não comprometeu. Agora que está eleito e não precisar fazer populismo, Leco demonstra

interesse em não renovar com Lugano.

Em meio ao desmanche que ameaça levar jovens promissores, é necessária a renovação de Lugano, porque precisamos

de jogadores experientes no momento de mais uma interminável transição. E nunca a parte financeira deve ser levada em conta

em se tratando de ídolos como Lugano. O retorno que ele nos deu é intangível, quando  entra em campo carrega 20 milhões

de torcedores com ele.

Lugano, obrigado pelo carrinho em Gerrard, por não trocar camisa com adversário, pelo chega pra lá no Guerrero num

jogo que todos davam como perdido num sábado de chuva e frio.

Obrigado pela honra, pela garra, pelos chutões, pelo caráter e pela alma que emprestou ao São Paulo nos mais de 200 jogos realizados.

Lugano, jogadores como você estarão nas principais páginas de qualquer revista ou livro sobre o São Paulo, crianças levarão o seu nome na Certidão de Nascimento e aqueles que o humilham estarão no rodapé da história.

Rafael de Albuquerque