‘Entretantos’

Um clube de futebol é um clube de futebol.

Não é uma empresa.

Não é uma família.

Não é uma administração pública.

A forma de trabalho, de visão das necessidades, o planejamento. Tudo tem sua natureza específica, bem distante da realidade à qual nos submetemos como torcedores comuns em nossas atividades diárias no trabalho ou em casa.

Não enxergamos através da densa neblina propositalmente criada pelos senhores que tomam as decisões. Ficamos à mercê de boas vontades nem tão boas assim e que às vezes nada boas são. Nos alimentamos de Fé cega, acreditando mais no acaso, no desconhecido, no passado… até mesmo na sorte, já que a falta dela se mostra muitas vezes como razão por gols sofridos de forma bisonha (quando a fase é ruim…).

Talvez, quando um clube ainda é embrião, a realidade de sua gestão se aproxima com a que vivemos como cidadãos. Uma busca mais pura, tal qual à do pai de família que luta por uma condição de vida digna para seus filhos e esposa amados. Porém, quando se trata de um gigante construído à base de superações e adaptações, e que está presente na vida de milhões de outros cidadãos e famílias, a política, a politicagem, os negócios e as negociatas, os acordos e os empresários, os balcões, a televisão e os demais mundanos interesses humanos buscam fortemente imperar sobre as vontades originais, mais paralelas à virtude de Sêneca, que se coloca alheia ao prazer.

 

Distinto.

Mesmo que um clube de futebol deixe de ser uma empresa, uma família, uma administração pública, ele permanece como forte representante da coisa humana. E, por incrível que pareça, ele fortalece a Fé. Principalmente quando tem que estar em guerra constante contra os próprios membros que o dirigem.

 

Nossos demônios.

Está longe do nosso controle a forma como agem aqueles que dirigem o clube. O inferno são os outros, mas o que fazemos com nossos pensamentos a respeito dos próximos passos a serem dados por eles e que nos movem junto permanece como resultado da particular e individual interpretação dos acontecimentos. Aqui, no Blog do São Paulo, e em outros espaços, unimos nossas visões singulares buscando o mesmo resultado. Atritos que exercitam a Fé, ainda que dificilmente assim percebamos acontecer.

Acreditar que são iguais a nós aqueles que tomam as rédeas da situação e vivenciar uma rotina de fracassos e vexames… pronto. Arde ainda mais a chama do inferno localizado naquele espaço em nossos corações dedicado ao São Paulo Futebol Clube. Não queremos acreditar que são nossos iguais. É quase impossível. É impossível.

Teria então que a Fé sobrepor os fatos e se mostrar ainda mais presente, já que na segunda-feira próxima estaremos mais uma vez acreditando que Ceni conseguiu finalmente encontrar um caminho para o futebol que verdadeiramente representa o que um dia fomos.

É notório que a cada dia que passa aumenta o número de torcedores que deixam de acreditar no time. Isso é resultado direto da política do ‘tanto faz’, que há anos se apoderou do controle administrativo, do modus operandi impregnado no clube, e que vem gerando um déficit financeiro incalculável para um futuro próximo.

Se você ainda está aqui, se você ainda torce e acredita, é porque sua Fé permanece sendo alimentada.

Sinceramente, isso é muito bom.

 

Ronnie Mancuzo – Sub


 

O Avaí retorna à Série A depois de um ano na segunda divisão.

Na primeira fase do Brasileirão de 2015, o São Paulo de Osorio enfrentou no Morumbi o time comandado por Gilson Kleina.

Pato, Ganso, Michel Bastos, Thiago Mendes, Hudson e outros que faziam a folha salarial pesar como chumbo não foram capazes de vencer em casa os companheiros de André Lima, ‘aquele’, autor do gol de empate aos 44 minutos do segundo tempo.

Era início de trabalho para o ex-técnico são-paulino. Pensamento comum e justificável: precisava de tempo.

Enfim, meses depois, na partida do segundo turno, no estádio em Florianópolis, Osorio comandou o Tricolor na derrota por 2 a 1. Em campo, nesse dia, Renan Ribeiro, Bruno, Rodrigo Caio, Lucão, Wesley, João Schmidt e Thiago Mendes… Breno, que se despede do clube, foi o autor do nosso tento único.

Muito para se pensar. Pouco para se entender. O contrário também vale. Como nada a se dizer.