Esqueçam a eliminação; foquem na apresentação. Se a Copa do Brasil 2017 perdeu o São Paulo, a equipe de Rogério Ceni ganhou – e muito – contra o Cruzeiro, em pleno o Mineirão e derrubando a invencibilidade dos mineiros no ano. E não foi só no placar. O São Paulo e o próprio Rogério podem ter, enfim, saído da caixa da mesmice, da tônica cansativa que o tinha se perfilado no time.

O 2 a 1 poderia ter sido três ou quatro, o que garantiria a vaga na próxima fase, quis o destino que não fosse assim, mas o caminho do time na temporada pode ser dividido em antes e depois do Mineirão. Se o futebol previsível sucumbiu dentro de do Morumbi, a partida diante do até então invicto Cruzeiro foi inovadora, com atitude, segurança, maturidade e volume de jogo efetivo, o que também traz um panorama diferente para o final de semana e onde mais um resultado precisará ser revertido.

Ceni entrou em campo com um time modificado (Bruno (Jucilei), Wesley, João Schmidt e Morato) e com variações táticas que fizeram com que os 35 minutos de partida fossem de um time só. No papel um 4-3-3, mas dentro das quatro linhas em alguns momentos um 3-4-3, com João Schmidt fazendo o papel de terceiro homem no setor defensivo e sendo responsável pela saída de bola, os laterais afunilando e pressionando no setor ofensivo, além de Morato ( Carta na manga de Rogério Ceni e um dos responsáveis pela excelente atuação do São Paulo), ou um 4-3-1-2, com Cueva mais centralizado apesar de péssima jornada. E aí vai mais um elogio a Rogério que sacou o peruano, entendendo que de fato a rotação dele estava em outro nível comparada aos companheiros.

Com Thomaz e Gilberto, o São Paulo foi ofensivo em um 4-2-4, seguiu uma filosofia defendida pelo seu técnico, que também manteve sua crença no sistema de jogo – ao contrário do último domingo, quando optou por Cícero no lugar de Wellington Nem. Gilberto, iluminado, marcou o segundo gol e deu esperanças ao time, que bateu na porta da classificação, mas parou na trave e nas defesas do bom goleiro Rafael.  Coisas do futebol.

O São Paulo tem que lamentar a eliminação, sim, mas traz na bagagem variações táticas, confiança e perspectiva de que esse time pode ir muito além, o que também passa pelas opções no elenco. O desgaste físico preocupa a comissão técnica para mais uma decisão, agora contra o Corinthians, mas Rogério, ontem, entendeu que existem alternativas e também esperança.

Tadeu Matsunaga