Pratto e Gilberto: desespero ou possibilidade?

O São Paulo sofreu um revés inesperado e decepcionante no último domingo diante do Corinthians, mas, em meio à agonia, a falta de criação e poderio de romper a defesa do rival, Rogério Ceni surpreendeu ao sacar Luiz Araújo da equipe e apostar na entrada de Gilberto, na volta para o segundo tempo. Uma aposta considerada um tanto improvável, mas que surtiu efeito direto no rendimento da equipe.

O número de finalizações aumentou, o controle na posse de bola permaneceu, mas tudo aconteceu muito mais na base da vontade do que na organização. Também há de se lembrar que a lesão de Jadson, responsável pela transição e cadência do rival, beneficiou o crescimento do São Paulo. Porém, o mérito da tentativa, ainda que no desespero, tem sim que ser dado a Rogério, que, por acidente, pode ter encontrado uma alternativa. E o próprio Ceni parece ter entendido isso.

– O Gilberto vem fazendo gols, e o Pratto, no meu modo de ver, é diferenciado, super talentoso. As possibilidades vamos testando nas partidas. Gilberto entrou muito bem, deu outro ritmo ao time, conseguiu jogadas perigosas. Passa a ser uma possibilidade – , declarou.

Se exemplos forem necessários, o argentino conhece bem o caminho, e até mesmo seu desejo em ser protagonista também reflete muito que se vê hoje em seu ex-time, que tem Fred e Rafael Moura no ataque, abastecidos por um meio-campo leve, com aproximação, e volantes que saibam sair para o jogo também. Como o treinador disse, ‘’passa a ser uma possibilidade’’. Sim, mas não necessariamente uma obrigação.

Ceni precisa entender que nem sempre propor o jogo será um mérito no seu São Paulo ainda em evolução e longe da perfeição. Os últimos confrontos mostraram isso, onde o planejamento do Tricolor foi anulado por uma marcação compacta, preenchendo os espaços do campo, e velocidade na ligação entre defesa e ataque. Logo, o mérito de utilizar os dois juntos depende do peso do jogo, da característica do adversário, do momento da partida, e do equilíbrio que isso pode oferecer a equipe.

Talvez, agora com as peças ideais, apostar em um esquema com três zagueiros, com Lucão ao lado de Rodrigo Caio e Maicon, um meio-campo mais compacto,  liberdade para Cueva, e tendo Pratto e Gilberto no ataque, um 3-4-1-2, seja uma alternativa de sair do padrão já manjado do São Paulo.

E quando cito peças (jogadores), a melhor partida do ano, diante do Santos, comprova isso. Em um time que tem por DNA ser agressivo, Luiz Araújo era mais do quem uma boa opção, foi a melhor saída para a equipe na Vila Belmiro. Mas nem todos se expõe dessa forma. E talvez por obra do acaso e do desespero, Ceni tenha encontrado uma saída.

Tadeu Matsunaga