Me desculpem.

Ontem foi meu aniversário. Um dia que, pra mim, é o mais feliz dos dias do ano.

Só queria um fim de noite diferente.

Uma alegria improvável. Mas cheia de esperança.

Justo ontem.

Justo hoje.

Hoje é dia de coluna.

Hoje é dia de falar sobre o jogo de ontem.

Me desculpem.

Não consigo.

Vou tentar.

Tinha esperança no jogo de ontem.

O gol do Pratto, o sexto, de cabeça, me animou.

A falha de Rodrigo Caio jogou um balde de água fria.

O gol do Gilberto, reavivou uma esperança que, infelizmente, não foi concretizada. A história seria lindamente escrita, Rodrigo Caio se redimiria da falha com a assistência ao artilheiro.

Mas não foi.

Ganhamos, não nos classificamos.

Foi com brio.

Desclassificações com brio a história faz questão de apagar.

Me desculpem por este comentário. Hoje o modo torcedor grita mais alto. Ninguém é de ferro.

Infelizmente, o jogo feio, retrancado, pegado, contanto que vença, entra na história.

O jogo bonito, com fair play, com jogadas ensaiadas, com domínio de bola, caso seja derrotado, são raríssimos o que entram para a história.

Não me parece o de ontem ter o destino de entrar para a história.

Mas hoje não. Ainda está fresco na memória. Ainda resta um pouco de esperança, como diria a canção.

Eu, aí falo isso muito particular, só torcia pela Copa do Brasil esse ano. A única competição que eu realmente estava esperançoso de vencer. Ou pelo menos chegar mais longe.

A desclassificação não quer dizer que acho que está uma droga, que Rogério não presta, que Rodrigo Caio seja vendido, que tem que haver mais uma reformulação. Nada disso.

Muito pelo contrário.

Acho que o trabalho está em andamento. E evoluindo.

Foi um azar. Uma imprudência. Uma desclassificação.

Me desculpe, mas queria muito ter a sensação de calar a boca de comentarista que falou que o São Paulo não deveria gastar passagem para ir pra Minas.

Essa mídia parcial, mal preparada e mal intencionada me irrita. Me mata por dentro.

Tenho absoluta certeza que essa desclassificação não será mais uma.

Ainda acho que virão bons frutos, contanto que haja paciência, continuidade e, principalmente, Rogério repense alguns conceitos.

Especialmente aprimorar treinos de fundamentos e posicionamento. Exaustivamente. Quando achar que está demais, treinar mais. Muito mais.

Era previsto. Racionalmente, não fosse eu um torcedor do São Paulo, digo que não havia lógica acreditar em uma virada.

Mas torço pelo time da fé. Tinha certeza da classificação. Nem que ela viesse nos pênaltis.

Renan se consagraria.

Mas meu coração não quer entender assim. Mesmo minha cabeça forçosamente querendo colocar razão e esperança de dias melhores, me desculpe, meu coração ainda está bem triste.

De certeza desse jogo de ontem, Morato fez o papel que Luiz Araújo e Nem não faziam: Marcar a saída de bola adversária e ser efetivo no ataque.

Não foi fominha e nem ineficiente.

Thomaz foi uma contratação muito acertada. Gilberto não pode ser reserva. Se o for, que entre mais cedo em jogos assim.

Pratto e Gilberto juntos não é uma loucura. Mesmo não sendo tão prudente assim.

Wesley mata todos os contra-ataques. O medo de perder a bola na saída o faz quase sempre optar pelo drible para trás, girando para dominar a bola e só depois partindo para cima, matando o ritmo que deveria ser colocado na jogada.

Consegue evitar uma roubada de bola e um bom contra-ataque nosso ao mesmo tempo. Um fenômeno.

Outra certeza é o preparo físico do São Paulo. Ou a falta dele. A absoluta falta dele.

Bruno jogou 20 minutos. Não saiu porque levou pancada. Jucilei estava com desgaste físico foi poupado e entrou no lugar de Bruno. Há alguma razão nisso?

Cueva estava nítido que não estava no pleno auge físico. Ainda que eu ache que Rogério devesse entrar com Thomaz e colocar Cueva no segundo tempo.

Como pode? Como pode um time gigante com um preparo físico tão pífio?

O bom trabalho de preparo físico que sempre foi um destaque do tricolor, sumiu.

Mas não é dia de falar disso.

Hoje não.

Hoje não é dia de achar que tudo está perdido.

Hoje não é dia de blasfemar contra os jogadores, técnico, lances, nada.

Hoje não é dia de falar de política. Aliás, não é bom falar mais disso.

É triste ver uma eleição de presidente ser mais falada do que o desempenho no campo. Isso nunca deveria ter acontecido.

Não é dia de comemorar a vitória de um ou a derrota de outro candidato. No frigir dos ovos, os dois saíram vencedores.

O único derrotado foi o São Paulo, que mais uma vez, virou notícia pela política. E pela falta de ética que virou lugar comum quando se trata de assuntos extra campo.

Hoje é dia de apoiar.

Hoje é dia de acreditar que domingo pode ser diferente.

Hoje é dia de pensar que 2017 pode ser uma transição. Quem sabe 2017 não seja mais uma, seja a derradeira etapa de transição para voltarmos às glórias.

Ganhamos mas não levamos. Ganhamos com brio. Saímos de cabeça erguida.

Mas como é difícil.

Muito difícil.

Mais uma vez, me desculpem.

 

Cleiton