Renda X Ingresso X Público – Decisões administrativas /esportivas

Olá torcida tricolor, meu nome é Tiago e começo neste post uma série de discussões para falar sobre gestão do esporte abordando não apenas nosso SPFC (até porque tem muita gente mais capacitada aqui pra falar disso que eu), mas exemplos de outros times no mundo e como isso pode influenciar o nosso tricolor.

O tema hoje está relacionado com o post do Cleiton desta quinta, 13/04/17, pra falar sobre Renda X preço do ingresso X público presente.

Pra começar, quero utilizar como base um estudo publicado no site “Universidade do futebol”, onde eles demonstram, após estudar 17 mil partidas de 9 campeonatos continentais e nacionais, que existe sim o efeito casa e este efeito varia de campeonato pra campeonato, sendo que dentre os campeonatos nacionais, o campeonato brasileiro é onde este efeito é maior (por uma série de fatores, tais quais: longas distâncias de viagens, mudança de estilo de jogo dos times mandantes X visitantes, etc.). O que importa é que, dentro deste estudo, se um time do campeonato brasileiro joga em casa, a chance de vencer é de 50%, contra 26,8% de empate e 23,2% de derrota.

Então, pra efeito de desempenho esportivo, fiz uma pesquisa sobre todas as partidas jogadas pelo São Paulo em casa, analisando o público presente X resultado em campo. Tentando entender se existe alguma relação.

A primeira impressão é que, sim meus amigos, estamos invictos em casa. Temos um aproveitamento de 71,43% dos pontos disputados, vencendo 5 partidas de 8. Mas não estamos aqui pra falar de disso.

A ideia é analisar pro SPFC, em específico, qual o efeito de jogar com casa cheia. Pra fins de análise, considerei que um público razoável pro SP seria maior ou igual a 25.000.

Para os jogos em que tivemos mais do que 25 mil torcedores de público, os resultados foram duas vitórias e dois empates, com aproveitamento de 66%.  Enquanto nos jogos com menos de 25 mil torcedores presentes, o aproveitamento é de 77%. Então quando tem menos torcida o SPFC joga melhor? Não, há que se considerar os adversários e, claro, analisar uma base de dados maior. Por isso, resolvi fazer a mesma coisa com o campeonato brasileiro de 2016.

Bom, a primeira impressão que fica é que a Renda Bruta de todo campeonato brasileiro não paga um mês de salário do nosso time. Sem falar que precisamos descontar daí os impostos, despesas de dia de jogo, etc.

Mas, mais uma vez, queremos saber se público presente tem impacto no desempenho do time em campo. Usando o mesmo critério de quantidade de gente, considerei um público razoável 25.000 presentes. O que temos?

Em jogos com menos de 25.000 pagantes nosso desempenho é de 61,53% dos pontos disputados. Já em jogos com mais de 25.000 pagantes nosso desempenho é de 61,11% dos pontos disputados.

Em outras palavras, pro SPFC de 2016, jogar com casa (meio) cheia ou quase vazia é praticamente a mesma coisa.

Mas se considerarmos jogos com mais de 40 mil pagantes, o desempenho é de impressionantes 77,77% dos pontos disputados. Um aumento considerável. Mas, mais uma vez estamos falando de uma base pequena de dados.

*Todos os dados foram tirados do site da CBF.

Decisões administrativas X Decisões esportivas

A grande questão colocada por todo analista de futebol brasileiro é que nossos dirigentes tomam decisões na base da emoção, sem planejamento e, por isso, o nosso futebol está como está.

O que se deve colocar em pauta quando apurados dados financeiros/administrativos de times de futebol envolve bem mais do que simplesmente olhar para um balanço. É preciso encontrar um equilíbrio entre o que é bom para o time em campo versus o que é bom para o time fora de campo. Sabendo sempre que um afeta o outro e o outro afeta o um. Basta lembrar-se do folclórico “Eles fingem que pagam, eu finjo que jogo”.

Um time bem montado, geralmente custa caro, mas leva mais público ao estádio, pode chegar a níveis mais avançados de competição e, com isso, gerar mais renda.

Quanto à decisão de baratear ingressos para ter mais público em campo, esta decisão não passa apenas por desempenho esportivo. Inclui desempenho financeiro, imagem, visão de patrocinadores, etc. Neste caso, é sempre bom lembrar torcidas que lotam estádios e, por isso, atraem grandes parceiros.

Pela enquete do Cleiton, o que a torcida tricolor quer é estádio cheio. Mais incentivos aos jogadores, uma melhor imagem, e, quem sabe, uma geração de renda superior.

Este pequeno estudo não pretende ser base para nada. Ele é apenas um demonstrativo de que nos últimos campeonatos que disputamos ter ou não ter muita torcida em casa não se refletiu em campo. O que serve de parâmetro para tirar este argumento de pauta quando a questão é baratear ou não os ingressos.

Grande abraço.

Tiago Koyano