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E aí, pessoal, tudo certo?

Esse título que parece desconexo casa com o momento atual do São Paulo e com o motivo da minha reflexão semanal, daquela nossa prosa semanal.

O São Paulo é cíclico, a cada tempo um assunto entra em voga e nossa atenção acaba indo em direção. De pelo menos 8, 9 anos para cá, não lembro de muito tempo em que a paz estivesse reinando por muito tempo, que o assunto fosse apenas futebol ou que estivéssemos 100% focados apenas no que acontece dentro de campo.

Para o bem e/ou para o mal, a torcida se acostumou a falar de política, de salários, de impeachment, expulsão de conselheiro, negociatas, contratações estranhas, empresas prestando serviço mais estranhas ainda…

Aprendemos a querer colaborar com o clube, aprendemos a querer estar mais perto, tomamos partido, temos opiniões, sabemos de cor quem são os conselheiros que não gostamos, os que gostamos, interagimos com presidente em redes sociais… enfim, fazemos tudo para ficar a cada dia mais próximo, mais por dentro do clube, queremos fazer parte.

De menos tempo para cá, debatemos estatuto, sugerimos coisas em todos os canais possíveis, começamos a prestar mais atenção aos balanços anuais do clube, onde está indo a verba, o que fazem com o dinheiro da venda do jogador X, de onde veio a grana para o jogador Y e, principalmente, começamos finalmente, de forma realmente efetiva, contribuir com o Sócio Torcedor.

E, ao que parece, quanto mais queremos ficar por dentro dos problemas do São Paulo, mais quem comanda o São Paulo parece gritar: É problema meu! O problema, é meu!

E, para mim, realmente é um problema.

Vejo clubes muito afastados de sua torcida. Atualmente, o nosso parece ter criado um Grand Cânion entre a nossa opinião e o que é tomado de decisão dentro do clube. Claro que é utopia pensar em um clube sendo administrado conforme as opiniões dos torcedores, mas é impressionante como nada é ouvido, como a opinião de quem torce não tem importância nenhuma.

E quando eu digo isso, falo por mim. Quem se identificar ou discordar totalmente, acredito no espaço democrático, liberal e irrestrito deste blog de torcedores isentos. Torcedores com opiniões, muitas vezes mais ácidas, muitas vezes suaves, mas, com toda certeza, opiniões cheias de amor a este time de três cores, que foi tomado há muito tempo por notícias que deveriam ser secundárias, sendo sobrepostas ao foco principal que é o clube, o São Paulo Futebol Clube.

Este desabafo que compartilho, é exclusivamente por uma decisão que tomei esta semana: Cancelei meu plano de Sócio Torcedor.

Vocês não tem ideia do que isto significou para mim. Minha carteirinha assinada pelo falecido Juvenal Juvêncio ainda está comigo, mas guardei em uma caixa. Não anda mais comigo na carteira.

Mas antes que seja alcunhado como modinha ou deixar de dar apoio quando o clube mais precisa, tive meus motivos. Exponho-os:

Quem acompanha o blog há mais tempo, sabe o quanto este veículo se empenhou em divulgar o plano, incentivar, apoiar e nunca fez o contrário. Eu, particularmente, em conjunto com o Zanquetta, fiz um levantamento sério de todos os planos de ST dos outros  sete clubes com mais STs, conforme o site futebol melhor. Comparei suas vantagens, preços, especificidades e diferenças.

Comparei, um a um, apresentei pontos fortes e fracos de nosso plano, comparando com outros clubes. Apoiei, incentivei. Este blog sempre apoiou e incentivou a torcida a ser ST. Quero deixar bem claro que conto aqui meu relato, não servindo de modelo a ninguém.

Fiz coluna pedindo sugestão para todos, tive uma caixa de mensagens lotada, tabulei dados com todas as sugestões, o próprio Zanquetta levou até a diretoria. Mesmo partindo de uma iniciativa da própria diretoria da época, nenhuma sugestão alterou uma vírgula no programa que foi lançado. Nenhuma sugestão de canal nenhum de comunicação ou rede social. Nenhuma virgula foi mudada do programa desde seu lançamento.

Como pensou quem elaborou, assim ficou. Se poderia mudar? Poderia, mas isso não parece ser um problema. Pelo menos não nosso.

Já vinha de tempos essa decisão sendo amadurecida, principalmente à época de atraso de salários a jogadores, a verdadeira motivação de um clube de futebol (pelo menos deveria ser) e remuneração alta a diretores em dia. Apesar de querer que todo torcedor contribua com uma mensalidade que ajude o clube, não deixa o ST participar da escolha de quem vai gerir o dinheiro.

Mas, confesso, o balanço foi decisivo. O São Paulo talvez tenha se perdido em sua própria megalomania. Postergação de dívidas, refinanciamentos sem fim, entrevistas descrendo a opinião da Itaú BBA, que afirmava que o clube “enxugava gelo”, a falta de postura de corrigir a dívida, colocar a casa em ordem ou então perder de vez a linha, o carretel e o papagaio, ficar devendo para todo mundo e gastar tufos nababescos no futebol em busca de títulos. Nada. Nenhuma dessas decisões foram tomadas. Hoje, no tricolor prefere-se o meio termo, gasta-se demais, reforça-se de menos.

Não que eu ache a opção de gastar como se não houvesse amanhã para reforçar a equipe correta, aliás, seria repulsivo ter essa postura. Mas se qualquer diretoria que assumisse fosse honesta, chama-se os torcedores à luz da razão, cortasse na carne, diminuísse custos, reduzisse elenco, dimensionasse a equipe para que passássemos períodos de (eventual) seca com títulos, mas com a garantia de finalizar um projeto de saneamento de dívidas, eu apoiaria completamente.

Mas, você que acompanha as notícias dos dois candidatos, ouviu algo parecido na campanha de alguém? Independente de quem vencer, e não seremos nós que vamos escolher quem vai vencer, não consigo visualizar nenhum projeto efetivo. Nem mesmo a criação do tal fundo de recursos eu vejo com bons olhos. Criar uma “instituição financeira de investimento”, não me parece tão seguro, uma vez que o lastro principal do tricolor talvez seja o valor do passe de seus jogares. E no futebol, o craque de 50 milhões pode não valer nem 500 mil em pouco tempo…

Com o advento do novo estatuto, eu tinha toda esperança que eu, como ST antigo, poderia ajudar a decidir quem comandaria o clube que eu ajudo a manter. O título simbólico de Sócio, teve um primeiro objetivo de aproximar o torcedor ao clube, mas as atitudes das diretorias dos clubes de futebol (isso não se resume apenas ao São Paulo, a esmagadora maioria dos clubes agem desta forma) nos deixando em nossos lugares, nas cadeiras, arquibancadas, sofás, bares, longe do clube, longe das decisões e sugestões que poderíamos dar.

Ia terminar, trazendo de volta à coluna o acompanhamento semanal do Sócio Torcedor, mas pensando bem, não vale a pena. Pelo menos não agora que não faço mais parte deste grupo.

Vida que segue, acredito ainda que o São Paulo vai ter uma atitude mais interativa com seu torcedor, que esse isolamento que nos impõe ainda há de ser quebrado, mas, por enquanto, São Paulo, te amarei de longe, mais de longe do que de semana passada, assim como você mesmo sempre quis. Mas quero te falar que eu to louco de vontade de voltar a fazermos parte da vida um do outro novamente, mas dessa vez, me deixa decidir as coisas junto com você, ouça minha opinião, cuide do que eu tiro do meu orçamento com tanta dificuldade por conta dessa crise e seja grato.

Te amo, São Paulo, cuida da gente e deixa a gente também ajudar a cuidar de você.

Não faça isso ser um problema seu, pelo menos não só seu!

Cleiton de Farias