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Ontem Sãos Paulos fizeram aniversário.

O santo, para quem acredita, um apóstolo de Cristo, que teve sua vida transformada por uma visão em uma estrada, que de pequeno soldado perseguidor, tornou-se um grande propagador da vida cristã. De todos os apóstolos, provavelmente foi o que mais propagou a palavra de Jesus em terras estrangeiras, tornando-se talvez o personagem mais conhecido depois de Cristo fora da cidade de Jerusalém. Uns podem dizer que Pedro teve maior fama, mas Paulo foi efetivamente o maior propagador de sua religião na época. Vinte e cinco de janeiro é celebrada pelos católicos o dia da conversão de Saulo (seu nome anterior ao início de sua caminhada cristã).

A cidade, para quem admira, começou quase que “num acaso”. Padres Jesuítas subiram a Serra do Mar e encontraram ar puro e água boa, ou em suas palavras, “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”. De uma escola para catequizar índios, tornou-se ponto de partida para as bandeiras (de onde os bandeirantes exploravam o interior do país em busca de riquezas), daí para se tornar a cidade brasileira mais conhecida no mundo. Alguns podem dizer que o Rio de Janeiro é mais famoso, mas São Paulo, efetivamente, é o maior centro financeiro, comercial, aéreo e cultural do Brasil. Vinte e cinco de janeiro é comemorado a data de fundação de Piratininga (seu nome anterior ao início de sua caminhada como metrópole)

O clube, para quem é apaixonado, começou por muita insistência, da associação de dois clubes AA das Palmeiras e o CA Paulistano, de suas improváveis glórias iniciais, de suas fusões e refundação anos depois, de clube ajudado por Monsenhor Bastos, que se concentrava na igreja, cedendo a mesma para elenco dormir no terceiro andar da torre, clube da fé, da moeda em pé, o mais querido. Na década de 40 já mostrava sua audácia contratando Leônidas da Silva. Proprietário do maior estádio particular do mundo durante algum tempo, o São Paulo passou a ser reconhecido mundialmente não só pela sua grandeza, mas também pelas suas conquistas. Bicampeão mundial consecutivo em cima das equipes mais badaladas da época, lembrando sempre que por meios lícitos, por torneios que realmente levavam ao título mundial.

Time de glórias, time de raça, time da camiseta mais famosa da minha infância: “Tô com o saco cheio de ser campeão”, seguido de um incontável número de títulos conquistados. Clube que sofreu na mão de dirigentes, jogadores medíocres, jogadores geniais, jogadores apaixonados. Anos mais tarde faria o inédito feito nacional, que dificilmente será alcançado, Tri Campeão Mundial.

Pouco tive o prazer de conviver na sua história, dos 87 anos, apenas 36 tive o prazer de ser São Paulino. Contrariando minha família de corintianos fanáticos. Nasci em São Paulo, na verdade Guarulhos, mas meu pai me registrou na Penha de França, ou apenas Penha. Meu pai queria um filho nascido na zona leste para honrar a tradição corintiana da família. Minha mãe conta sempre a história que meu pai me levava ao parque São Jorge, lugar que eu ficava amuado, não fazia amizade com as outras crianças. Conta meu pai que nunca teve a oportunidade de vestir a camisa do time sem cor em mim, que por algum motivo eu não deixava. Contava minha falecida avó que desde pequeno eu dizia que torcia “pu xão paulu”, para desgosto de toda família.

O tempo passou, aos 12 vi meu time ser campeão mundial. Dizia eu na escola que meu time não roubava, porque o Santos tinha roubado por ter o Pelé. Santistas diziam ser impossível ser bi. Aos 13 vi meu time quebrar este paradigma. Vi Telê, técnico teimoso e vencedor. Vi Ceni fazer o primeiro gol de falta no globo esporte de uma quinta, dia seguinte ao feito. Vi Raí, vi França, vi Amoroso, vi Aloísio Chulapa, vi Lucas, vi o recorde mundial de gols de goleiro ser quebrado, vi Muricy, vi Autuori, vi Falcão do Futsal, vi a imprensa odiar meu clube.

O que eu não vi? Uma partida ao vivo, no estádio. O trabalho desde os 14 anos, filho e neto único, único são paulino da família, a precária condição financeira da infância e juventude, bem como a distância, pois desde os 7 anos fui morar em Lençóis Paulista e posteriormente em Bauru, sempre foram empecilhos. Mas cada um tem suas dificuldades e cada um ama o clube à sua maneira.

Hoje tenho a oportunidade de poder escrever toda semana para muita gente que tem suas particularidades, sua vida, sua rotina, seus hábitos, seus gostos, todos diferentes (ou iguais) aos meus, mas em comum, a paixão ao maior clube de futebol do mundo, ao clube que me fez rir, chorar, brigar na escola, apanhar de gente de 2 séries “pra frente” que a minha, bater em gente da minha sala e de classes anteriores à minha.

Um clube que me fez tomar advertência no meu antigo trabalho, quando cheguei com a camisa do São Paulo, cantando o hino do Palmeiras, no dia seguinte ao rebaixamento da equipe verde em 2002. Meu chefe, do alto de sua mesa que tinha uma bandeira do Palmeiras sob um vidro em sua mesa, não pensou duas vezes e me deu advertência. A razão mencionada? Entrar com vestimenta inadequada ao ambiente profissional. Era uma outra época que ninguém sabia o que era assédio moral, reclamação trabalhista…

Primeira e única advertência da vida, pelo menos até agora, assinei com orgulho.

Afinal, hoje vejo uma equipe que de tanto planejamento e reconstruções, tornou-se vítima de vociferações de dirigentes, de promessas não cumpridas e contratações estranhas. Mas vejo também uma ponta de esperança quando vejo Marco Aurélio Cunha, oposição, ajudar a Leco, situação, em um bem maior. Independente das pessoas, da capacidade, interesses ou atuação de ambos, é raro dois lados opostos da política se unirem em um clube. aliás, em todos os lugares dificilmente lados opostos se unem para propor um bem comum maior que seus interesses. Até nisso fomos vanguarda.

Enfim, 25 de janeiro é celebrada a fundação do São Paulo Futebol Clube, conhecido na época por São Paulo da Floresta, antes de sua caminhada rumo à glória.

Termino esta coluna, dando parabéns aos Sãos Paulos, cidade e clube, que tem em comum um novos comandantes que demonstram entusiasmo, vontade de trabalhar, com novos ideais, que logo no início já deixaram uma excelente impressão de seus trabalhos.

Já o Santo, que nos proteja e que possa interceder por retomar às glórias que outrora já foram de seus dois xarás famosos por aqui.