Em janeiro os são-paulinos estarão atentos ao começo de trabalho do velho ídolo e novo técnico Rogério Ceni. Mas os bastidores estarão se movimentando com a aproximação das eleições para a presidência do clube. Obviamente o ex-goleiro não concorrerá (pelo menos desta vez), mas o duelo promete ser intenso após um complicado e incompleto mandato de Carlos Miguel Aidar, substituído por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

São, a priori, três candidatos e um grupo de oposição tentando assegurar que dará apoio a quem realmente irá implementar o novo estatuto do São Paulo. É preciso que o próximo presidente realmente acredite na profissionalização do clube, como determina o recém-aprovado regulamento, classificado por muitos como revolucionário. Em tese seria capaz de mudar o futuro tricolor com novo modelo de administração, deixando o amadorismo para trás.

 Pela situação os nomes são Roberto Natel e o próprio Leco, mas dificilmente os dois serão candidatos. A ideia de uma prévia não vingou, mas é improvável que ambos mantenham suas candidaturas até abril. José Ópice Blum era o mais forte nome de uma dividida oposição, que aparentemente sem força para vencer nas urnas sozinha, começa a visualizar um nome intermediário. Este é Júlio Casares, ligado à campanha de Leco, mas descontente com alguns pontos.

Há alguns dias cenário possível seria Blum contra Natel, este apoiado pelo atual presidente, cuja candidatura vem se inviabilizando. Casares como terceira via é nome que cresce, contudo, ainda não disse se aceita ser candidato já em 2017. Para muitos, mais importante não são os nomes, nem a política, mas a implementação do estatuto e da gestão profissional. A questão, então, é quem, com certeza, o levará adiante?

A real aplicação do regulamento recentemente aprovado pode remodelar o São Paulo, posicionando-o num caminho moderno e profissional. Por isso há setores que buscam aquele que incondicionalmente apoie o formato, mudando as finanças, o marketing e a gestão, por intermédio de um conselho de administração.

O receio é de que, se isso não for implementado, o São Paulo desperdice sua grande oportunidade, continuando na mesmice. Embora aprovado, o regimento em tese pode ser driblado e não se prevê punição. Como? Com a contratação de, digamos, velhos conselheiros para cargos destinados a pessoas capazes numa gestão profissional. Como o conselho de administração precisa aprovar, não seria uma manobra simples.

Em suma, um novo e revolucionário estatuto que pode ser deixado de lado se funções novas forem ocupadas pelas pessoas erradas. Claro que pegaria mal não implementar o que consta no estatuto. Porém, a questão não é apenas essa, mas a qualidade do trabalho. Em tese é possível “disfarçar” colocando um velho cartola no lugar que deveria ser ocupado por um gestor profissional. E por ser remunerado, poderiam chamar de profissionalização.

Em meio a tudo isso, Casares avalia questões pessoais e profissionais antes de anunciar sua candidatura. Mas deverá concorrer à presidência do São Paulo Futebol Clube, que após anos voltará a ter uma eleição disputada, para valer. Com perspectivas de avanços imensos, desde que as novas diretrizes estabelecidas pelo novo estatuto sejam levadas adiante, sepultando o amadorismo administrativo no clube.

Mauro Cezar Pereira