Adjetivos para Justificar o Comando 

Algumas palavras são comuns em qualquer vocabulário de treinadores, comentaristas e experts no assunto futebol pelo mundo. Dentre os clichês, existem aqueles que trabalham duro e convertem uma fala apurada, bonita e marqueteira em resultados efetivos.

Rogério Ceni sempre se destacou no São Paulo por algumas razões e não por sorte. Além da aptidão e do talento óbvios, podemos destacar com tranquilidade e consenso que entre as principais estão: determinação, foco, trabalho duro, dedicação, treino, comprometimento e liderança. São estes adjetivos que o credenciaram de forma unânime a poder ser um treinador.

É evidente que há o amor à camisa envolvido, a responsabilidade maior com a torcida, a história do São Paulo e sua própria história. Mas, o que parece mais latente a todos agora, é que ele imporá um estilo ao clube que seja muito pautado nestes pilares que solidificaram a própria carreira. A opção por treinadores estrangeiros para compor sua comissão não é acaso. Ele quer estilos táticos de primeira linha mas quer que isso seja fruto de trabalho e resultado de treinamento. Michael Beale, o inglês que escreveu 9 livros de tática, formação de equipe e treinamentos é o espelho disto. A parte dos fundamentos, repetição, formação e prática incessante é o caminho escolhido. Afinal, consulte em qualquer lugar a razão de Ceni conseguir bater bem na bola e conseguir ser um exímio batedor de faltas: treino, treino e mais treino. Chegar antes dos outros, sair depois. Treinar, treinar, treinar.

Ceni virou um jogador diferenciado na insistência, na luta. E podemos esperar isso dele sendo passado aos demais.

A base e a filosofia para um projeto do princípio aos profissionais

Iniciar isso da base é o principal desejo dele. Jardine vem tendo resultados extraordinários e Cotia claramente vem se destacando e está prestes a levantar as taças nos jogos finais do ano sacramentando uma supremacia na base. O problema não é até a formação e sim a tão falada TRANSIÇÃO da base para os profissionais. Quando sobem, muitos dos garotos  não rendem e acabam negociados explodindo na Europa. Ou pior ainda, não rendem em lugar nenhum o que gera uma frustração e investimento desperdiçados. Analisar melhor, enxergar melhor o potencial dos meninos que podem subir e ter realmente um futuro é primordial. Alguns dos meninos hoje parecem ter futuro e realmente farão a diferença. Mas essa certeza, só o tempo dirá. Beale é  um exemplo de experiência na base com quase 15 anos atuando no segmento e pode ser o cara ideal para avaliar, avalizar e dar a  pincelada final nestes meninos.

Ele foi responsável pela formação do atleta mais jovem a marcar na Premier League e vinha sendo exaltado pelo trabalho de base fornecendo muitos garotos ao time profissional do Liverpool. Seu estilo ofensivo e vertical com atletas preparados e com fundamentos firmes, é o alvo principal. Destacando posição a  posição, com direcionamentos à zagueiros, laterais, volantes, meias e centroavantes, otimização de potenciais, trabalhando deficiências e gerando fundamentos a cada um por sua área de atuação é que caracterizam o principal objetivo do treinador inglês.

Com os fundamentos bem pautados, ele entende que simulando no treino atividades reais de jogo, situações que deixam o atleta pronto para os desafios reais das partidas, elevam o poder de  reação, raciocínio e desenvoltura em campo. Ter  posse, movimentação, entender a ler a partida, criar e aprender a vencer barreiras e obstáculos. Fruto de seu trabalho, o Chelsea é bi campeão da  Uefa Youth League, ele colocou atletas na Seleção inglesa e no time principal. Acho que é isso que precisamos e queremos. Acho que é isso que Ceni viu e quer para o São Paulo:

“O grande segredo do futebol é administrar pessoas e se relacionar bem com seus jogadores. São eles que podem fazer diferença. Eu quero que eles vejam futebol da maneira como eu via quando jogava, eu quero um time vencedor, que tenha uma mentalidade vencedora. Eu tenho certeza de que eles vão entender isso, já conheço muitos deles e sei da mentalidade vencedora que eles têm”.

Organização e Profissionalismo dentro e fora dos campos

Como todos sabem, Beale não veio sozinho. O francês Chales Hembert veio com ele. A experiência atuando em Operações Desportivas na empresa globalizada Pitch International que o conduziu à CBF cuidando dos jogos da Seleção Brasileira em todas as partidas no exterior o fez conhecer Ceni e aproximar no curso da FA em que ele e Ceni estiveram juntos.

Ter profissionalismo na gestão da equipe que passa pelos campos e fora deles, é o objetivo de Ceni. Mas, além de conhecer a parte logística, Ceni viu em Hembert um perfil que contribuirá dentro dos gramados com a parte de gestão do plantel,  scouts, estatísticas e base para os moldes de como estruturar a equipe para  enfrentar adversários, consertar problemas, ampliar qualidades e gerar maior coletividade para só então aparecer individualidade.

Preparação Física e Preparação de Goleiros

Um dos  piores aspectos do São Paulo não só em 2016 como nos últimos anos é a preparação física.

Ceni sabe bem desse problema e houve boatos de Carlinhos Neves no clube.

Ainda não há um nome confirmado mas Ceni que já trouxe dois auxiliares de fora para mudar a filosofia, pode surpreender.

Ceni quer muito contar com Taffarel para a preparação de goleiros mas o custo pode inviabilizar a contratação pois teria de tirá-lo do Galatasaray. Ele também está na Seleção.

Já Haroldo Lamounier é o principal nome para retornar ao posto de treinador de goleiros do clube caso o tetracampeão não venha.

Carlos deve sair.

Tanto no gol quanto na parte física, muito precisa mudar.

Estilo de Jogo do “São  Paulo na Era Ceni”

Dentre todos os treinadores que conheceu e fez estágio, Ceni é fissurado em Sampaoli.

Ceni entende que ele, agora na Europa, está mostrando algo diferente.

“Moderno, intenso, ofensivo e agressivo o tempo todo” disse Ceni sobre o estilo do argentino.

Para isto, escolher bem os atletas, perfil, preparar fisicamente e mentalmente é que Ceni arquiteta sua comissão neste formato.

Competitividade o tempo todo, time forte e destacado.

Domínio de Vestiário

Algo que Ceni precisará aprender é a dominar o vestiário.

Como jogador, ele precisa ter todos na mão de verdade. Ser líder de quem joga, quem não joga, preparar jovens, rotacionar o grupo etc.

Cativar com sua filosofia, fazer que acreditem nele, o sigam integralmente, que ele transforme um plantel em grupo e seja admirado é o maior desafio.

Ceni tem força maior que Leco junto à torcida e internamente. Ninguém tem força para tirar ele agora e nenhum jogador o derrubaria.

Ele tem tudo. Falta transformar isso em uma equipe.

Motivação

Na época de Juvenal, no intervalo de jogo, muitas vezes aparecia uma maleta forrada de dinheiro.

O dirigente falava com seu jeito pausado e folclórico: “Ganhou? Leva.no final de jogo…”

Ceni quer repetir as práticas famosas e vitoriosas do clube. Essa é apenas uma passagem de muitas do dirigente.

Reforços

Mena e São Paulo forçam a barra pela permanência e o Cruzeiro parece já topar empréstimo por um valor bem menor que os iniciais R$ 5,4 milhões que já caíram para R$ 3,6mi.

Calleri e Ricardo Oliveira não virão. Pratto é quase impossível. Os nomes mais viáveis não são tão unânimes. A busca pelo 9 é a mais complexa pela dificuldade de investimento x qualidade do atleta.

Felipe Melo é vontade de Ceni como Hernanes. Conseguir ajustar financeiramente é o pior problema.

Sidão e Nem estão certos.

Matheus Queiroz, volante voltou de empréstimo e será observado.

Alexandre Zanquetta

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