Marco Aurélio Cunha fala sobre 2017, time, política os momentos mais difíceis que já viveu no futebol ao Blog do São Paulo
Blog do São Paulo: Até que ponto o Senhor vê o São Paulo competitivo e com condições de disputar taças que já não conquistamos há 4 anos em 2017 com a projeção financeira ruim que temos?
MAC:  O futebol brasileiro sempre se reinventa apesar das condições econômicas desfavoráveis. Ter uma base talentosa, especialmente no ataque, dá esperança . Não é toda hora que isso acontece. Houve com Müller, Silas, Sidnei e depois com Denilson, Juninho, Caio, Kaká , Julio Baptista, Simplicio entre outros. São alternativas boas com grande chance de êxito. O necessário é ancorar os meninos hoje.Luis Araújo, Neres, Lucas Fernandes, João , Lucão, Lyanko, compõem ataque, meio e defesa Tem Auro , Foguete, tem Matheus Reis. Falta, claro a liderança em campo e um bom meia armador . Mas para isso ainda temos Rodrigo Caio, Maicon e Lugano. É possível disputar sim.
Blog do São Paulo:  Qual o sentimento que tem como sãopaulino de ter vindo, deixado a CBF, passado por momentos duríssimos e agora ver a luz ao menos para salvar este ano de 2016 com a manutenção na Série A? O que passa em sua cabeça?
MAC: Foram os dias mais difíceis de minha carreira profissional. Mudar o ambiente sem conturba-lo, sem criar novas crises. Dar proteção e ao mesmo tempo cobrar com firmeza, sem barulho, internamente. Vim por sentir que precisavam de ajuda, que teria que me arriscar e saber que muita gente estaria pronta para me enterrar se fracassasse. Mas o SPFC é mais importante que meu risco e receios. Não poderia negar. A CBF permitiu, eu agradeço muito, e após o campeonato analisarei a questão política para ver se fico. Não tenho nenhuma intenção de candidatura e vou torcer para que os eventuais candidatos se respeitem e que não tenhamos uma guerra interna. Que os interessados correspondam ao anseio dos torcedores e de sócios.
Luiz Cunha fala também sobre política, 2017, time e futuro ao Blog do São Paulo
Blog do São Paulo: Politicamente o São Paulo está instável, mudanças políticas vão ocorrendo como seu ingresso ao Grupo Participação mesmo sendo opositor à Leco. Mas, e quanto ao planejamento do próximo ano? Nomes pipocam de vários jornalistas de interesses e negociações. Qual seu pensamento para o time que se projeta ter em 2017?
Luiz Cunha: Inicio falando sobre minha adesão ao Grupo Participação, que na verdade é uma re-adesão: Queridos e velhos amigos do Grupo convidaram-me para um almoço no penúltimo sábado (15/10) e disseram que eu deveria voltar a fazer parte integrante, coisa que fiz no passado praticamente desde a fundação. Saí por um tempo para atender pedido do saudoso Paulo Elysio, no sentido de formar um Grupo composto por jovens que viessem a se candidatar ao CD no intuito de promover uma espécie de renovação. O Grupo denomina-se Nova Força. Na última Assembléia Geral ofereceram-me um lugar na chapa da situação. Todavia declinei do convite pedindo que em meu lugar fossem colocados três jovens valorosos são-paulino, filhos de pessoas com grandes serviços prestados ao Clube. Dois foram eleitos logo de cara e um ficou na suplência mas assumiu e hoje é um dos mais jovens conselheiros vitalícios do SPFC. Considero que prestei um muito bom serviço à Instituição neste affair. Bom dizer que muito embora o presidente Leco também faça parte do Grupo Participação, deixei clara minha postura firmemente opositora da gestão, obviamente demonstrada na minha saída da diretoria mesmo estando o time classificado para a fase semifinal da Copa Libertadores. Aliás, esta não é uma postura nova pois também me opus com força e atuação firme contra o terceiro mandato de JJ que exercia inconteste liderança no Participação.
Disseram-me que o Grupo é democrático e as opiniões pessoais sempre são respeitados, daí minha aceitação ao convite e, adesão. 
Difícil falar de fora, sobre o que pretendem para 2017. Se minha saída da diretoria expôs radical divergência com o presidente, meus substitutos ( Dr. Médicis na vice-presidente que estava vacante no meu tempo, e Dr. Jacobson no cargo que exerci ), são pessoas que teem de mim total confiança. Resta saber se terão liberdade de trabalho, sem interferência da presidência, o que duvido muito que aconteça. Temos a grande novidade que é a presença do Marco Aurélio Cunha que por sí só, garante experiência de bons tempos vividos quando foi nosso vitorioso superintendente do futebol profissional.
Como torcedor, gostaria muito de ver uma atitude institucional de maior e melhor aproveitamento do futebol de base cujos jovens já mostraram ser merecedores de confiança, além de comporem um grupo fartamente vencedor. Eles, com o que já temos de bom no CT, mais alguns poucos mas pontuais grandes reforços, podem, se bem trabalhados, nos dar um ano de, no mínimo, bom futebol.
Blog do São Paulo: Até que ponto o Senhor vê o São Paulo competitivo e com condições de disputar taças que já não conquistamos há 4 anos em 2017 com a projeção financeira ruim que temos?
Luiz Cunha: Avancei neste tema na resposta anterior. Vejo o seguinte: Uma fina mistura dos melhores jogadores do time atual, temperados com pontuais e consistentes contratações – não muitas -, acrescidos dos mais destacados meninos de Cotia, poderão nos fazer sonhar com um muito bom ano, aproveitando a pré temporada adequada que poderemos ter caso se confirme a não classificação (que se desenha em tons muito fortes), para a Copa Libertadores de 2017. Ainda que não conquistemos títulos, podemos formar uma sólida base para frutificar mais adiante.
A boa campanha até a semifinal da Copa Libertadores deste ano comprova a capacidade do grupo atual. Mais encorpado, pode vir a ser promissor. Pena termos perdido PH Ganso que seria peça fundamental. Temos que encontrar outro 10 para o time voltar a crescer e defender nossas melhores tradições.
As finanças são um calcanhar de Aquiles, um ponto fraco e não podemos deixar de ter um olho no gato e outro na sardinha que está assando, ou seja: Olhar para as necessidades do time, sem comprometer ainda mais o grande deficit herdado de passado recente e gestões excessivamente centralizadoras. Um novo Estatuto Social mais aberto e que possibilite aos são-paulinos contribuintes do programa sócio torcedor opinarem eleitoralmente, poderia nos trazer gestões mais modernas, um presidente menos centralizador até pela normas estatutárias e com isto, mentes mais afinadas com sistemas de gestão compartilhada também chamada de governança corporativa. Pessoas afinadas e vividas com estes conceitos nos farão muito bem. Esperemos que venham.
Blog do São Paulo: Qual o sentimento que tem como sãopaulino de ter vindo, saído do clube, reerguido internamente e após sua saída o time ter ficado à míngua e só ter reagido após o retorno de outro sãopaulino de coração como MAC? Após quase rebaixamento em 2013 e agora, o que dizer ao sãopaulino torcedor?
Luiz Cunha: Digo ao torcedor para ter Fé, para apoiar os jogadores. Nenhum deles foi tocar a campainha do CT pedindo para jogar no SPFC. Foram sondados e contratados pelas diretorias ou, promovidos ainda que tardiamente, do futebol de base. Por isto merecem nossa torcida e consideração, afinal não tem faltado garra, luta.
 Temos que considerar toda turbulência pela qual o Clube passou nos últimos meses do ano passado e neste ano também. Foram muitas troca de técnicos e até de dirigentes. Imaginar que isto não respinga no rendimento do time, é como tapar o sol com peneira,
Sobre a minha estada, desde que assumi a direção de Cotia até que me demiti do futebol profissional, esqueci o resto da minha vida. Mergulhei de corpo e alma no SPFC e dei tudo que podia e mais um pouco ou muito. Assistia aos treinos, conversava com membros da Comissão Técnica, com funcionários e com jogadores. Analisava o que cada um necessitava e procurava com conversas, apoios e até presenteando, melhorar o astral e dar tranquilidade para trabalharem. Tive atitudes firmes de impacto mas também fiz o trabalho da formiguinha, no dia a dia, no hora a hora. Chegava cedo e só ia embora à noite quando não havia mais quase nenhum carro no estacionamento. Ia do campo para minha sala de trabalho, onde pensava e planejava, Descia ao REFIS dar força aos contundidos em tratamento, Não coloquei nenhum limite na minha atuação. A porta da sala estava sempre aberta para que entrassem e dialogássemos individual ou coletivamente. Penso que o grupo assimilou, aceitou minha liderança e assim formamos uma equipe unida que poderia terminar com o título continental.
Acho que o Marco Aurélio também é assim pois me inspirei muito no que ele fazia quando lá esteve. Conquistar as confianças, não decepcionar, ser parceiro e exigir disciplina; a meu ver é a fórmula certa.
Encerro o que seria uma coluna, mas fica aí uma aula de amor ao clube somada à experiência de quem levantou o clube neste ano em momentos duros como ambos fizeram e chego à conclusão que seria maravilhoso ter ambos juntos no São Paulo e que desse amor e competência, poderia surgir nosso renascimento no futebol. Administrativamente, idem. Torçamos que a hora tenha chegado…2017 precisa ser diferente!
Alexandre Zanquetta
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