Já faz muito tempo.

Dia 6 de fevereiro de 1982.

A cidade era Fortaleza.

A equipe do São Paulo estava na capital cearense onde enfrentaria no dia seguinte o Ferroviário, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro.

Estava em férias na casa dos meus avós.

Meu tio Silvio sugeriu meus primos e eu para irmos ao hotel, tentarmos os autógrafos dos jogadores do Tricolor.

O São Paulo era o atual bicampeão paulista com uma equipe conhecida como “A Máquina Tricolor”.

Tínhamos uma verdadeira seleção.

Apenas para citar alguns, Valdir Peres, Oscar, Renato, Serginho…Mário Sérgio, Marinho Chagas…

Era um timaço.

Seria fascinante para mim, com 11 anos, estar próximo de meus ídolos.

Pois é…

Naquele tempo, os atletas andavam pelo hall do hotel de forma bem descontraída.

O acesso era fácil.

Era apenas chegar próximo a cada um deles e pedir o autógrafo.

No caso, estava com um poster gigante do time que tinha conquistado meses atrás o título paulista.

Estava muito feliz.

Não parecia ser o caso dos jogadores.

Talvez estivessem cansados.

A equipe estava vindo de Recife e Campina Grande, onde tinha goleado Náutico e Treze.

Todos eles derem autógrafos, sem reclamar, mas, em sua maioria, com a “cara amarrada”.

Para Valdir, cheguei até a tentar puxar conversa:

“Eh Valdir, perdemos para o Flamengo, hein?” (tínhamos perdido por 3 a 2 na estreia do campeonato no Maracanã, de virada)

Valdir não respondeu e virou o rosto.

Paciência.

Talvez tivesse feito o mesmo.

Mas houve, em especial, uma exceção, Getúlio Costa de Oliveira, o “GEGE da Cara Grande”.

Lateral direito contratado junto ao Atlético Mineiro em 1977, Getúlio fez história no Tricolor.

Logo em seu primeiro campeonato pelo São Paulo, foi campeão brasileiro.

Suas atuações o levaram para a Seleção Brasileira.

Mas voltando a Fortaleza.

O Getúlio foi gente finíssima.

Simpático, brincando com todo mundo.

Gente muito boa.

Getúlio estreou no São Paulo em 16 de outubro de 1977, na vitória frente o Náutico por  1  a 0.

Foram 325 partidas e 37 gols marcados.

Sua ultima partida pelo Tricolor foi no empate por 2 a 2 contra o Palmeiras em 20 de novembro de 1983.

Ah, quanto a partida frente o Ferroviário, vencemos por 2 a 1.

O gol da vitória foi de Getúlio, no ultimo minuto da partida.

Alguns dias depois, voltando para São Paulo, me encontrei no aeroporto com a delegação de outra equipe paulistana.

Certo time alvinegro que estava em sua primeira participação na Segunda Divisão do Brasileiro, naquela época chamada Taça de Prata.

José Renato Santiago