Nos últimos anos nos acostumamos a instabilidade e desordem. Como também as mesmas desculpas. Como é possível Leco criticar Juvenal e Aidar? Não fazem parte do mesmo grupo político? Leco não era braço direito de Juvenal e presidente do Conselho Deliberativo na gestão Aidar? As velhas desculpas só servem para encobrir o óbvio: ele e seu grupo são nocivos ao clube.

A gestão do Leco não é de toda ruim mas quando somada passa a ser ruim de quase tudo. Salvam-se a vontade de diminuir a dívida e o trabalho para preencher os espaços da camisa.

A manutenção do Gustavo por exemplo não é um ponto negativo. Afinal, ele tem excelentes requisitos como negociador. Fizemos bons negócios como as vendas de Kardec e as contratações de Maicon e Calleri. O ruim dessa relação foi a incompetência da presidência ao garantir a ele um poder acima de suas capacidades de leitura. Futebol é acima de tudo prazer, vivência. Ser filho de Sócrates e sobrinho de Raí não trazem isso tudo na bagagem. Ele é advogado e portanto como poderia montar um elenco? A resposta está em campo. Temos um goleiro (a posição em que os jogadores mais precisam ter confiança) instável e inseguro. Para a reserva, o Renan com pouquíssima experiência e o Léo que não preciso nem caracterizá-lo.Temos 6 laterais e apenas 1 meia. São 6 zagueiros contra 5 atacantes (contando com os pontas). Totalmente desequilibrado! Soma-se ao grupo a contratação de um técnico que não se encaixa no perfil do clube. Daí surge a pergunta, qual seria o perfil? A resposta é simples, se você é jogador e vem para um clube 3 vezes campeão do mundo, 3 vezes campeão da América e 6 vezes campeão brasileiro que técnico você espera encontrar? Com certeza não é o pragmático Ricardo Gomes.

Ele é tão fraco que apesar do time ter como maior deficiência a saída de bola ele insiste no mediano Hudson ao invés do habilidoso João Schmidt que ocupou a vaga de primeiro volante e fez uma belíssima apresentação no primeiro jogo de Jardine. Gomes insiste em jogar com dois pontas mas não ocupa o meio campo e por consequência não existe absolutamente profundidade ao time.

Quando o Ricardo veio pensei, porque não deixar o Jardine até o fim do ano, assim ter a chance pela primeira vez de  acertar com alguém com antecedência e montar um plano de jogo, um conceito e um elenco com tempo? Pensei também, não vai dar certo. Gomes vai mal, será dispensado e o Jardine assumirá depois de algumas rodadas para fazer o que deveria ter feito desde a saída do Bauza. Se isso acontecer, e tudo leva a crer que depois do jogo contra o Sport em Recife, acontecerá, só servirá de prova final para chancelar a idéia de que Leco, Ataíde e seu grupo deveriam, em nome do amor pelo clube que pregam, sair do Morumbi para sempre!

O São Paulo precisa deixar de ser político e ser profissional se quiser sobreviver. Eu duvido que esse novo estatuto faça esse papel regulador. É somente poeira. Os últimos anos de gestão desse grupo demonstram o motivo de minha percepção tão negativa, infelizmente.

Eu gostaria de ver uma diretoria formada por MAC, Luiz Cunha, Abílio Diniz, Muricy Ramalho, Leonardo, Rogério Ceni e tantos outros que já provaram trazer ar ao clube. Provaram ser são paulinos sem negócios escusos, sem interesses próprios. Nós precisamos renascere para isso morrer também. Não aquela morte literal e dramática mas sim o fim de um clube que deixou de ser  a referência que nos dava mais orgulho que as dezenas de títulos que ganhamos.

O São Paulo dos últimos anos precisa ser tão lembrado quanto o de Telê ou o de Muricy. Para que nunca mais se repitam os erros que cometemos e que infelizmente ainda cometeremos até a próxima gestão.

Que o santo São Paulo nos ilumine! Ele não merece essa blasfêmia nem nós merecemos o purgatório em vida!

Rodrigo Vargas é jornalista e editor da Tv Verdes Mares afiliada à Rede Globo no Ceará. É também estudante de psicologia e filho, neto e bisneto de são paulinos.