Ricardo Gomes realizou reunião com todo elenco, comissão técnica e dirigentes do departamento de futebol antes do treino.

Conversa durou pouco mais de 15 minutos e foi feita em um dos campos do CT. Até quem trata lesão no Reffis participou do papo.

Leco: “Estava aqui da primeira vez. Sabemos das qualidades pessoais e profissionais. Ele nos dará uma condição de vencedor”.

Ricardo Gomes se apresenta: “Agradeço a esse clube, essa casa que aprendi a gostar antes mesmo de 2009. Falei isso hoje aos jogadores. Estava na Seleção Brasileira e já gostava do clube pelo que os amigos me contavam. Tive minha caminhada com o Leco de 2009 a 2010 e agora, depois de meu acidente, estou muito feliz e querendo fazer ainda mais do que da primeira vez”.

O que o levou a deixar o Botafogo? “Passei um ano e um mês no Botafogo. Foi muito importante para minha recuperação, voltar a trabalhar. Tive uma proposta antes, no início do Brasileiro, mas achei que não era o caso. Mas quando veio a proposta do São Paulo, veio também minha memória desse gosto pelo clube. Conversei com o presidente do Botafogo, em uma conversa franca, e achei que seria melhor para mim. Ele permitiu de forma simples, em uma conversa e um almoço”.

Há desafios diferentes no São Paulo? “O desafio é constante para um treinador, independentemente da colocação do clube. Botafogo também é grande. Quando chega em um grande clube, é sempre assim. Agora quero fazer melhor do que fiz em 2009 e 2010, essa é minha meta. E esta é minha oportunidade, não poderia deixar passar”.

Como está a saúde? “Tenho algumas sequelas, como vocês reparam. Recuperei parte da sensibilidade, mas tenho sempre que trabalhar e estimular para melhorar. De resto, não há nenhuma restrição, nem à pressão de vocês. Sem contra-indicação”.

Técnicos trocam de clube no meio do campeonato, mas reclamam de falta de continuidade: “Isso é extremamente importante. Cheguei ao Botafogo foi em agosto de 2015, no meio da Série B. A pressão era ainda maior, tinha dificuldades de locomoção, melhorei nisso e sou extremamente grato ao Botafogo. Ganhamos a Série B, teve o Carioca e não quis ir ao Cruzeiro, pensando mais no Botafogo do que em mim. Agora foi mais pessoal e mesmo assim sem problemas com o Botafogo”.

Pressão maior em qual clube? “São situações diferentes. Chego no meio de um trabalho, de Bauza, de Jardine… Vou buscar as melhores e mais informações para este momento. Preciso tirar isso. Uma coisa é ver jogos, vídeos… O dia a dia com informações é que me dará conteúdo para escolher como agir. Não dá para traçar uma comparação dos clubes. São grandes clubes, com momentos diferentes”.

Leco volta a falar: “O contrato foi celebrado por tempo indeterminado. Temos uma relação de confiança, de história por ambos os lados. Deu uma tranquilidade de ajustar um contrato sem prazo. Nem isso e nem multa vincula ninguém. O que vinculo é o respeito e a confiança mútua que temos”.

Reação em 2009: “Tinha mais tempo do que agora, mas vida fácil não encontrei em clube nenhum. Tem que começar melhor o tempo todo, mas nem sempre você tem as ideias correspondidas e nem sempre tem as melhores ideias”.

Campeão brasileiro e da Libertadores? “Calma, não é assim (risos). Preciso primeiro de informações do dia a dia. Não posso chegar e mudar tudo. Tenho que pegar o método do Bauza e do Jardine até encontrar minha ideia que possa levar a vitórias consecutivas. Não vem do dia para a noite. Daqui um mês posso falar se será possível brigar por título. Gostaria muito, mas promessa hoje não dá para fazer”.

Contratações e uso da base: “Tenho memórias lindas da utilização de garotos formados pelo clube. Grandes recordações. O trabalho é bem feito e será valorizado. E se o presidente quiser reforçar o time também não vou reclamar”.

O que dá para melhorar? “Quando cheguei da primeira vez, a prioridade era a Libertadores. Tinham saído para o Cruzeiro na época. O clube vive a Libertadores de forma diferente, como foi em 2010 e agora. Temos que encontrar uma forma diferente de trabalhar. As dificuldades do Brasileirão são outras, então os meios têm de ser outros para subir na tabela, mexer com moral dos jogadores. Penso nisso todo dia. Ver o jogo pela televisão é uma coisa, quando conversa com quem está no estádio, a visão é outra. Chego com um trabalho bem resolvido, mas que precisa de uma mexida gradativa. Em um mês consigo falar qual será o objetivo do São Paulo. É o dia a dia, com as informações do Gustavo, do René Weber e do Pintado, que ajudará”.

O que falou na reunião de hoje? “Citei alguns exemplos do que temos que fazer. Se eu volto para o São Paulo, não é por acaso. Conhecem meu trabalho e certamente fiz coisas boas, e não tão boas, mas uma conduta de São Paulo. Isso é que posso exigir, um comportamento de São Paulo, com muito profissionalismo e entrega. Quem não entender estará fora. Estamos em 12º? Não pode. Não vai ser fácil e essa conduta não vou abrir mão”.

Saiu contra o Inter e volta contra o Inter: “Cheguei aqui no almoço e pensei que o tempo parecia não ter passado. São seis anos e percebo que as coisas estão bem parecidas, o São Paulo tem isso de manter as pessoas e os profissionais. É só ver o Lugano, que tem prazer em voltar. Aqui há uma conduta. E o Inter, apesar da má fase, é o Inter grande como sempre. Vai ser um jogo difícil, com o Celso Roth começando também. Tudo agora é muito importante. O jogo e a vitória”.

Também vai para uma seleção? “Só se for para a Costa Rica (risos). Meu contrato tem tempo indeterminado para ter um fim bem distante. Quero ficar muito”.

O que mudou: “A parte estrutural evoluiu muito, o ambiente é o mesmo. Eu estou muito mais tranquilo agora. Antes tinha só a casca de calmo, mas era muito nervoso. Agora sou calmo mesmo. A gente aprende na dor”.

Lugano: “Ele voltou pela conduta, pelo passado, e isso marca a importância da casa, do clube. Isso vai ser sempre exigido. A parte técnica não posso dizer ainda, mas claro que conto com ele. Não posso dar indícios sobre o próximo jogo ainda”.

Leco fala de novo: “Espero que o Ricardo conte com ele, que volte segunda-feira campeão olímpico e valorizado. Vai despertar interesse, mas espero que contemos com ele para a formação de uma equipe bem forte”.

Lição de vida serve de exemplo para os clubes? “Isso de superação é história. Tive um acidente. E aí ou você aceita e fica em casa ou se recupera. Sou exemplo para quem sofreu algo do tipo e quer voltar a trabalhar. Exemplo de superação no esporte não sou de forma alguma. Só não queria ficar em casa com 50 anos, não é superação nenhuma. No máximo para quem sofreu o acidente”.

Base do São Paulo: “Bons jogadores, bem aproveitados enquanto a Libertadores era priorizada e continuarão sendo agora”.

“Título e Libertadores sempre precisam ser prioridades, mas é diferente de você chegar no começo de um ano ou de um campeonato. Pego um trabalho em andamento, então a recuperação precisa ser mais curta e aproveitando o trabalho de Bauza e Jardine. O torcedor quer no mínimo a Libertadores e vamos buscar isso”.

Mais de Leco sobre Rodrigo Caio: “Oficialmente não recebemos nenhuma proposta, mas sabemos que existe o interesse não só do Sevilla, mas de outras. Ele tem se revelado um jogador de muita qualidade e personalidade na Olimpíada. As coisas estão em plano indefinido ainda”.

Preferência por esquema tático? “O esquema em si vale muito pouco, o que importa é a forma de jogar. E isso sim precisa ser mudado, rápido. Já comecei a conversar bastante com Pintado e Jardine e conseguimos diagnosticar algo, mas nada definido. Isso precisa ser introduzido aos poucos, mas é fato que precisa melhorar”.

Fonte: L!

Autor: Bruno Grossi