Primeiramente, gostaria de dizer que vou apoiar e torcer pelo sucesso de Ricardo Gomes.  Assim como apoio e torço por todos os jogadores contratados, apesar de discordar de critérios utilizados.

Em dezembro do ano passado, eu era mais um dos que faziam coro por Fernando Jubero.  E veio Bauza!  Apesar de preferir um estilo de jogo mais ousado, fui um dos maiores defensores de Bauza.  E meus posts comprovam isso.

No final defendia Bauza, de vários torcedores que em dezembro, aplaudiram a diretoria, dizendo que o técnico não inventava, não fazia rodízio e traria consistência defensiva.

E sabe os argumentos desses em julho?  Bauza é teimoso, retranqueiro, não ousa.

BEM VINDO RICARDO GOMES

Enfim, vamos falar do novo técnico do São Paulo, Ricardo Gomes.

Um ex-quarto zagueiro de muita personalidade, firme e sério.  

Como técnico, se espelha em Carlos Alberto Parreira, a quem acompanhou ao longo de sua trajetória como jogador e treinador.

Em 1984, participaram juntos da primeira conquista de Campeonato Brasileiro pelo Fluminense.

Entre 1992 a 1994, foi o capitão na seleção de Parreira, mas uma lesão o tirou da Copa do Mundo de 1994.

Em 2003 e 2004, Ricardo Gomes trabalhava em sintonia com Carlos Alberto Parreira, quando o primeiro era técnico da seleção Olímpica, e Parreira da principal.  (Relembre).

Em 2009, um dos dirigentes que mais deixam saudades no São Paulo, em minha humilde opinião, Marco Aurélio Cunha, definiu Ricardo Gomes como : “Parreira mais ousado”.

Enfim, na prática e nos últimos trabalhos no Brasil, podemos identificar essas semelhanças.  Adepto ao 4-4-2, Ricardo Gomes montou em seus trabalhos de maior destaque, o time assim:

São Paulo (2010):  Rogério Ceni; Jean, Alex Silva e Junior Cesar; Rodrigo Souto, Cleber Santana, Hernanes e Fernandão; Dagoberto e Ricardo Oliveira.

Vasco (2011): Fernando Prass; Fagner, Dedé, Anderson Martins e Marcio Careca; Rômulo, Eduardo Costa, Diego Souza e Felipe; Bernardo e Alecssandro.

Botafogo (2015): Jefferson; L. Ricardo, Renan Fonseca, Roger Carvalho e Carleto; R. Lindoso, W. Arão, Camacho e Daniel Carvalho; Neilton e Ronaldo.

ELENCO X PREFERÊNCIA TÁTICA

Importante para não gerar frustrações, entender o que ele pode fazer, com o elenco que tem nas mãos.

Adotando o esquema que sempre o acompanhou, a grande dúvida será quem serão nesse atual São Paulo o “Hernanes e Fernandão”, “Diego Souza e Felipe”.

Pode ser Cueva, J. Schmitd, Daniel, Wesley e Michel Bastos.

E não me surpreenderá, se o técnico escalar Wesley e Michel Bastos.  

E pode dar certo, se todos entenderem a proposta de jogo de Ricardo Gomes.

Assim como os times de Parreira, é um futebol de poucos erros, e que joga em cima do erro adversário.  E em um campeonato com times trocando de técnicos e perdendo jogadores, é algo que deverá funcionar bem.

Um time organizado em campo, que guarda posição, que alterna a subida dos laterais, e que quando um lateral sobe, um dos volantes o cobre.

Um time que trocará passes curtos, e que avançara em conjunto até o 2/3 do campo.

E por isso, acredito que Wesley e Michel Bastos, podem cumprir bem esse papel.  Não são brilhantes, não são ousados, e nesse esquema isso é uma qualidade.  Não arriscar, não desperdiçar a posse de bola.  

E para quem se lembra de Milton Cruz na Libertadores de 2015, e os primeiros jogos de Juan Carlos Osorio, o time jogava com Denilson, Souza, Wesley, Michel Bastos e Ganso.

Por isso que digo, pode dar certo.  Confesso que em 1994, queria Raí com Dunga e Mauro Silva, e um ataque com Bebeto, Romário e Muller.

Mas, não há dúvidas de que com Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho, o time foi bem!

E vejo exatamente isso, guardadas as devidas proporções (que fique claro que não é uma comparação levando em consideração que são identicos), vejo Michel Bastos podendo ser o Zinho, e Wesley sendo o Mazinho.  

São jogadores que cumprem bem o papel tático, jogadores experientes que cadenciam bem o jogo, seguram a bola, para que a defesa saia lá de trás, os laterais passem e os atacantes se posicionem de acordo com o treinado no treino, à frente.

Com Buffarini de lateral, acredito que um meia que seja mais cadenciado e menos vertical, o argentino tenha mais condições de participar das jogadas ofensivas, assim como Mena, sem expor as costas.

Enfim, vamos torcer e caso escale Wesley e Michel Bastos que compreendamos ele, e analisemos de acordo com sua proposta de jogo.

O que não podemos esperar é que Osorio monte uma defesa espetacular, Bauza, monte um ataque ousado, e que Ricardo Gomes seja muito ofensivo!

Afinal, se querem dar continuidade no trabalho de Bauza, e pelas contratações que fizemos, será injustiça pedir a ele isso!

Ernani Takahashi