Fui muito próximo do Juvenal Juvêncio.

Logo que o CFA de Cotia foi inaugurado designaram-me cuidar de tudo por lá. Pelo menos 3 vezes por semana JJ me telefonava pedindo que passasse ao final das tardes, no CT da Barra Funda de onde ele comandava o futebol profissional. Queria discutir o futebol, o clube, assuntos variados e até pessoais e familiares, nas churrascarias da avenida Marquês de S. Vicente onde detínhamos garrafas de Whisky exclusivas, como nossos nomes, tal a frequência.

A certo tempo nossas opiniões começaram a ser mais e mais divergentes e ele passou a me telefonar menos, reclamar menos a minha presença como se não quisesse ouvir minhas discordâncias ao que ele queria fazer e fazia. Chegou à presidência sucedendo MPG e, distanciamo-nos.

Soube de longe que ele pensou em se manter na presidência por um terceiro mandato. Achei absurdo. Escrevi-lhe uma carta pedindo que não fizesse tal tentativa, que não burlasse o regimento, lei maior do Clube. Nem resposta recebi.

Escrevi carta aberta dirigida aos conselheiros destacando o trecho em que o terceiro mandato era vedado nos Estatutos Sociais do SPFC, pedindo que não permitissem agressão à Instituição acima da qual ninguém está e nem deve se colocar ou ser aceito.

Ajudei a fundar um movimento popular que denominamos “Terceiro Mandato, Nem a Pau, Juvenal” (pegando carona em um reclame comercial fartamente divulgado na televisão).

Fui ao estádio ao Canindé juntamente com outros parceiros deste ideal; distribuimos folhetos chamando a atenção dos torcedores para o avilte que pretendiam fazer numa reunião do Egrégio Conselho Deliberativo, passando  rasteira nos Estatutos e permitindo a permanência do presidente da diretoria pelo terceiro mandato consecutivo.

À torcida organizada que recebia benesses do Clube foi ordenado que nos impedisse. Brutamontes ameaçaram todos os que comparecessem ao Clube na data da reunião do CD, para protestar. Recebemos ali na porta do Canindé, ameaças de morte se continuássemos a panfletar. Lutamos no limite que nossas integridades físicas permitiram.

O terceiro mandato ocorreu e foi um período péssimo que, para o SPFC superar demorará muito tempo. Afora a vergonha de rasgar o Estatuto Social e burlar a lei, segundo manda o Código Civil.

“O tempo é Senhor da razão”. Os que apoiaram aquilo arrependeram-se amargamente. O que resta? A lição. O que fazer com aquilo? Aprender.

Aprendemos? Não. Infelizmente, não. Outra vez busca-se defender mandatos e períodos de poder no SPFC, de maneira pouco nobre. Tenta-se agora um passa moleque no poder judiciário com “espertezas”, trama advinda em mais um mandato já declarado nulo na justiça comum.

Perguntam aos sócios se aceitam “ratificar” tudo o que foi feito à revelia deles (sócios proprietários), sem os consultar como mandava a lei, e muito pior, a seu dano. Como pode o sócio do SPFC dizer sim a isto? Coisas erradas não se ratifica, retifica-se.

Alguém ir perante o padre e confessar seus pecados em busca de limpar a própria consciência pode ser de bom alvitre se realmente se sente arrependido. Mas, e quem não pecou, deve participar de tal confissão? E pagar penitência?

Necessitamos de um novo Estatuto Social e ele virá. Mas que venha altruísta e democrático. Para assim ser, não deve ser fruto de ações sorrateiras, tomadas do dia para a noite a partir de idéias nada nobres.

O sócios do SPFC foram enganados, passados pra trás. Devem agora dizer um grande e sonoro NÃO, à tentativa de varrer tudo para baixo do tapete, mantendo se assim permitirem, a varredura em nossa sala. NÃO devem enfiar as próprias cabeças em um buraco no chão pensando que ao não ver, os problemas se acabaram. A justiça tem sua efigie com os olhos tapados mas seu alcance é grande e outra vez, declarará nulo mais este um golpe. NÃO entremos nesta.

Não, não e não. É o que os sócios e conselheiros do SPFC devem dizer neste sábado.

Luiz Cunha