Fatos da semana – 28/07 a 03/08

As opiniões deste colunista a respeito da semana que passou.

Edgardo Bauza – El Patón fez sua escolha. Depois do jogo desta quinta-feira, parte para sua terra natal, de onde assumirá o comando da seleção nacional.

Tal qual ocorreu quando Osório decidiu assumir o México, não condenarei a opção de nosso ex-treinador. Primeiro porque negócios são negócios, e se o contrato de Bauza com o São Paulo dizia que não haveria multa para o caso de uma quebra do vínculo, o combinado não tem motivos para sair caro.

Segundo porque trata-se de uma opção pessoal, que qualquer profissional deve ter o direito de fazer. Uma seleção de grande porte, do país em que ele nasceu e que por anos defendeu. Por maior que tenha sido a identificação de Bauza com o Tricolor, não se pode condenar uma troca feita baseada por seu sentimento.

Bauza tem o direito de escolher, tanto quanto merece o respeito da torcida são-paulina.

Dito isto, vamos a parte futebolística. O legado de Bauza.

De fato, nosso agora ex-técnico entrega um São Paulo com muito mais alma do que aquele que tínhamos em janeiro. É besteira dizer que essa nova fase é fruto exclusivo do trabalho do argentino. Peças desgastadas foram embora do elenco, e outras como Lugano e Pintado chegaram para colaborar nesse processo de reciclagem. Bauza ajudou, mas não é o único responsável por estas mudanças.

Na qualidade de jogo, há muito pouco a se comemorar. Também por causa da falta de habilidade da diretoria, que deixou uma possível base ir embora. Mas fato é que hoje, 7 meses após o inicio da Era Bauza no Tricolor, não temos nem esboço de um time.

São cerca de 45% de aproveitamento sob o comando do técnico. Muito baixo para uma equipe do porte do São Paulo FC. Não vencemos fora de casa, e eu poderia até novamente culpar a diretoria e a falta de reforços por essa estatística, mas a carreira de Bauza inteira mostra como os seus times não sabem jogar longe de seus domínios.

Paton fez Ganso jogar como nunca, ressuscitou Hudson, apresentou o verdadeiro João Schmidt e nos ‘deu’ Calleri e Buffarini. As insistências com Dênis, Lucão, Wesley e Centurion chegam a irritar, mas o saldo por aqui é positivo.

Talvez eu esteja sendo exigente demais com Paton. Talvez ele de fato tenha tirado algum leite de pedra, como muitos tem gostado de dizer, ao nos levar à semifinal da Libertadores. Seja como for, não importa mais. Fica o meu agradecimento a Edgardo Bauza, mas a realidade é que o jogo segue, e temos uma metade de temporada inteira pela frente.

Novo treinador – Tem sido assim. O São Paulo troca de técnico e uma enxurrada de nomes começam a ser especulados pela imprensa. Como ocorre com qualquer clube, com o agravante de que no caso do Tricolor, a lista inclui nomes estrangeiros, por causa de nossas escolhas recentes.

Ao invés de ficar argumentando a favor ou contra este ou aquele nome, vou me dedicar apenas a traçar um perfil do que na minha visão precisaríamos no momento, e eventualmente apontar alguns nomes que se encaixariam nessa necessidade.

Não sou exatamente favorável ou desfavorável a vinda de um treinador estrangeiro. O que condeno é essa supervalorização dos brasileiros sobre o que vem de fora, como se só o fato de ter nascido fora do nosso país fosse prova irrefutável de qualidade.

Talvez não vivamos mesmo um momento de grandes nomes brasileiros no setor, como ocorria nas décadas passadas com Telê Santana, Vanderlei Luxemburgo e Luis Felipe Scolari. Mas isso não é suficiente para dizer que tudo que vir de fora será inovador ou revolucionário ou simplesmente melhor.

De fato, após as passagens de Juan Carlos Osório e Edgardo Bauza pelo Morumbi, reafirmei algo que eu já tinha em mente. Pode até ser que, com a vinda de treinadores gringos, tenhamos visto conceitos novos praticados no dia a dia do clube. Mas o valor dessa ‘vantagem’ acaba sendo anulado por outra ‘desvantagem’: o tempo de adaptação.

É muito complicado fazer com que alguém que nunca tenha jogado ou treinado um clube no Brasil entenda as pequenezas do futebol brasileiro. A força da imprensa, os salários que se atrasam, o sentimentalismo dos jogadores… isso tudo requer tempo para ser compreendido. Um tempo que, salvas raríssimas exceções, nunca veremos um técnico estrangeiro desfrutar.

Osório foi embora antes de compreender a brasilidade. Bauza sabe ainda menos sobre o país que trabalhou em 2016. Não há que se condenar.

Penso que, por essas e outras, e ainda mais por vivermos um período de meio de temporada, um técnico gringo é nada recomendável para o atual momento.

Com nada para se fazer no Brasileirão, e para comandar um elenco certamente sem estrelas, talvez um técnico mais pragmático e copeiro, para nos guiar até o fim do ano talvez seja a opção mais viável.

Mano Menezes era a opção que acabamos deixando passar. O técnico, de quem pessoalmente eu tenho ojeriza, costuma fazer bons trabalhos com clubes desacreditados. Mas está bem empregado no Cruzeiro de Belo Horizonte.

Roger Machado e Jorginho são ótimos nomes, mas tenho dúvidas de que qualquer um dos dois largariam seus atuais clubes – de onde ambos tem histórias – para se aventurar em um clube sem tantas perspectivas como é o atual São Paulo.

A alternativa possivelmente terá que ser postar em alguém sem currículo. Milton Mendes? Eduardo Baptista?

Falta de timing – Maicon chegou ao São Paulo cerca de dois dias antes do fechamento da lista de inscritos para a Libertadores. Sua contratação em definitivo foi feita ante o mesmo tempo do inicio das semifinais do torneio. Semifinal que Rogério não pode jogar, pois foi liberado para defender o Sport Recife, abrindo vaga para Daniel(?) atuar. Buffarini foi além: acertou com o Tricolor minutos DEPOIS do fechamento da janela de transferências.

Tenho dito aqui este ano, que nos reforços que vieram em 2016, a diretoria do São Paulo praticamente só acertou. Com exceção a Kieza, todos os nomes que vieram mostraram, pelo menos por algum momento, terem sido decisões acertadas dos homens que comandam o futebol do clube.

O problema tem sido a quantidade e o timing das negociações.

Temos um elenco enxuto, e a imobilidade da direção parece imperar enquanto o deadline das inscrições não chega. Quantos pontos mais teremos que perder antes que as peças de reposição, que a esta altura do campeonato, praticamente só poderão vir de séries inferiores do Brasileiro, cheguem no Morumbi?

O prazo para inscrição de novos reforços termina em 16 de setembro. Será que novamente teremos que chegar a esta data, quebrando o F5 do computador na esperança de que um novo nome seja anunciado no bater dos sinos? Precisamos de reforços!!!

Centurion – A situação é tão complicada, que houve até quem lamentasse a saída de Centurion para o Boca Juniors. Meu Deus!!! Mais triste do que ter Centurion no ataque seria precisar deste projeto de jogador no elenco. Consequências da lentidão da diretoria…

Copa do Brasil – A sorte nos sorriu. Para compensar o azar que andamos tendo nos sorteios de grupos das últimas Libertadores, as bolinhas foram boazinhas conosco na Copa do Brasil.

Com a possibilidade de enfrentar times embalados como Atlético-PR e Ponte Preta, ou de tradição como Fluminense e Vasco da Gama, acabamos sendo postos de frente a uma das mamatas das oitavas, o Juventude.

Dono da 5ª melhor campanha da Série C do Campeonato Brasileiro, o time gaúcho não é mais nem sombra daquele time que chegava a incomodar nas últimas duas décadas.

Jogar em Caxias nunca foi e ainda não deve ser fácil. Mas o São Paulo precisa passar sem sofrimento caso aspire voos maiores no torneio….

Uniforme amarelo – Certa vez, cheguei a escrever aqui a respeito da minha opinião sobre terceiros uniformes coloridos. Sou absolutamente contra.

Cultivar as cores originais de um clube faz parte da construção de sua imagem e sua marca, junto a torcedores – novos e velhos -, imprensa, publicidade e etc…

Parece besteira, mas quando o gremista de 5 anos passa a se recusar em vestir vermelho, ele está colocando em prática o que aprendeu sobre a aura do clube que escolheu para torcer.

Chegar em um estádio lotado (o Morumbi em uma noite de Libertadores por exemplo), e ver toda aquela multidão vermelha, preta e branca contribui com a fomento da identidade tricolor. Espaços amarelos, ou de qualquer outra cor que fuja de nossa tradição, descaracteriza a agremiação. O retorno financeiro oriundo da venda de alguns milhares de camisas não compensa o prejuízo visual. É a opinião deste colunista…

Olimpíadas 2016 – Para não passar em branco o evento que se iniciou nesta semana no Rio de Janeiro, um pensamento que eu já havia tido, mas nunca externado. O São Paulo FC bem que poderia ter vinculado sua imagem ao ginasta Arthur Zanetti, atual campeão olímpico e certamente bicampeão dentro de um mês. O atleta, são-paulino fanático, nos traria divulgação maior ainda do que a obtida com Maurren Maggi, anos atrás.

Uma pena. Talvez a situação financeira do clube atual não seja a mais adequada para um patrocínio fora do futebol, mas foi sim mais uma oportunidade que deixaram passar…

Sócio-Torcedor – Às 00h01 desta quinta-feira, eram exatamente 109.663 sócios cadastrados. Acima da gente apenas Internacional (112.756), SEP (126.607) e SCCP (130.017).

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Wagner Moribe

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