Meritocracia e Profissionalização no São Paulo

A questão da profissionalização vai além da simples remuneração de pessoas, ela representa o que tem de mais importante numa empresa cuja a chave do sucesso é ter processo e gente qualificada com curriculum comprovado, as melhoras pessoas nos lugares certos. Ou seja, no marketing alguém com resultados comprovados nesse ramo, no jurídico, um advogado com resultados comprovados nesse ramo e por aí vai…imagina um advogado no marketing e um publicitário no jurídico! A profissionalização afasta a politicagem que inferniza os clubes de futebol e seus apadrinhamentos políticos.

Vamos analisar, sem emoção e sem juízo de valor, simplesmente uma análise técnica, para ver como está a profissionalização do futebol no nosso São Paulo e como estão os resultados.

Com todo o respeito ao executivo de futebol e atual “CEO” do futebol Gustavo Oliveira, mas vamos analisar pelo aspecto puramente técnico as credenciais que o levaram a essa posição e seus resultados a frente do futebol do São Paulo FC. Ele está numa posição de destaque, de grande responsabilidade e de direta influência nos resultados do time. É um executivo com remuneração acima do mercado e, portanto, tem que justificar e ser responsabilizado por suas decisões. Todo executivo tem que estar preparado para a análise fria do resultado de seu trabalho, assim como cobramos técnicos e jogadores.

Seu trabalho influencia diretamente os resultados do time pois é ele que contrata técnico e jogadores, portanto sua posição de influência é de altíssima importância, e assim deveria ser. Filho de um ilustre corintiano, que encantava os gramados com seu jeito solto de jogar, sua elegância e sua técnica apurada, e fora dos gramados com sua inteligência e perspicácia, Gustavo cresceu torcendo pelo Corinthians. Não era raro vê-lo durante a faculdade no Pacaembu com radinho torcendo pelo seu time, nada mais normal. Também não acho que torcer por esse o outro time desqualifique qualquer profissional e o impede de trabalhar em qualquer time, queremos os melhores profissionais e não os melhores torcedores. O profissional, zela pelos resultados comprovados e essa deveria ser a única métrica. Advogado muito competente, ele entrou no São Paulo na área jurídica, normal. Em 2013 assumiu a posição de executivo de futebol sem nenhuma experiência no ramo e sem nenhum resultado comprovado, primeira falha. Duvido que somente a genética possa justificar sua capacidade de “entender” de futebol ou sua capacidade de gestão. Ele se preparou para ser advogado, mas aonde e quando se preparou para ser executivo de futebol? O São Paulo não merece o melhor profissional remunerado possível nessa posição?

Desde 2013 o SPFC não ganha nada. O modo de jogar, sem padrão, desagrada a maioria dos torcedores, as contratações só pioram a qualidade do time, os gastos com jogadores não encontram retorno financeiro, e tão pouco retorno esportivo. O investimento de 24 milhões de reais em Cotia não consegue suprir a necessidade de comprar atletas para o time, o que é um contrassenso estratégico. Até hoje não existe integração plena entre a base e os profissionais. O departamento de estática, chamado de “inteligência”, conta com um ou dois funcionários, o que é muito pouco em pleno século 21. As decisões de contratação são tomadas sem a participação das principais áreas estratégicas do clube como finanças, marketing etc.

Após 3 anos, sem resultado fora ou dentro de campo ele conseguiu se tornar o executivo de futebol mais bem remunerado do Brasil. Ou seja, desde 2013 sua remuneração só aumentou enquanto os resultados não aparecem. A culpa é só dele? Claro que não! Quem não queria ser diretor de futebol do São Paulo FC ganhando o maior salário do futebol brasileiro sem ter que entregar resultados? Meritocracia não funciona assim, mas a diretoria do São Paulo tão pouco sabe como isso funciona ou até o que é meritocracia.

Se comparamos com Alexandre Mattos, outro executivo muito bem remunerado e muito criticado pela quantidade de contratações que faz, ele se preparou para o cargo. Iniciou sua carreira no América de Minas onde ficou 6 anos, isso 6 anos, aí teve a oportunidade pelo bom trabalho de ir para o Cruzeiro onde ele montou elencos e foi bicampeão brasileiro. Saiu para o Palmeiras, e no primeiro ano venceu a Copa do Brasil. Ou seja, temos uma demonstração da experiência alinhada à resultados e por isso tem uma remuneração adequada, pelo menos dentro de campo. É fundamental que o executivo de futebol do São Paulo tenha experiência e não use o São Paulo como estágio altamente remunerado para aprender sua profissão. Ele precisa prestar contas e responder pelos resultados. Ele trabalha sem cobrança e sem prestar contas, assim fica fácil. A prestação de contas ajuda inclusive o profissional a entender suas falhas e melhorar. Esse apadrinhamento político é que impede o clube de evoluir a curto prazo e o condena a médio e longo prazo. Nessa janela gastamos 40 milhões de reais para trazer 4 jogadores que não valem isso, fora comissões. É muito dinheiro! Como é possível que com o maior investimento na base do Brasil, não temos 4 jogadores para essas posições! Ele é um ótimo advogado, mas como advogado, infelizmente, é um péssimo executivo de futebol. Sua remuneração não condiz com os resultados que ele vem entregando nos últimos 3 anos. Meritocracia e profissionalização não funcionam assim.

Acorda São Paulo, precisamos voltar a ser protagonista, merecemos mais do que migalhas. Somente com gestão profissional, executivos experientes, governança corporativa, transparência e responsabilidade voltaremos a liderar o futebol brasileiro e reinar nas Américas.

Saudações Tricolores

Edmundo Dantas