A derrota ainda machuca. Mas hoje é diferente. Da dor, fez-se a esperança.
No são-paulino, a razão de ser e existir o São Paulo.
No Futebol, sobrenome de São Paulo.

Mas especialmente no ser humano e em algumas de suas virtudes que cotidianamente vemos serem encobertas por atos da imperfeição do homem.

Assistimos ao jogo próximos à divisa do local em que fica a torcida visitante. A nossa visão era praticamente as das fotos deste post. Como de se esperar, sobraram provocações de lado a lado.
Foi assim até o jogo acabar, com a tristeza de um Morumbi repleto no placar.

Desolados, esperamos um pouco para sair.

Em nossa direção, caminhou um garoto. De 12 anos, aparentemente. Pensei comigo: vai repetir os outros tantos e responder às troças dos saltitantes colombianos.
Pois ele – humildemente – se pôs a aplaudi-los, vitoriosos que eram daquela batalha, com sinceridade.
Virou-se e se pôs a chorar pela derrota do nosso São Paulo. Começou a fazer o caminho duro da volta.
Passou por nós.
Não podia ficar calado ao presenciar aquela cena: me dirigi a ele com o óbvio – “aqui é São Paulo”, batendo no escudo. “Ainda tem a volta!”.
E dei um abraço meio distante, dentro do que foi possível.

O garoto, só chorava. Balançou a cabeça timidamente como afirmação. E foi.

Doído e machucado.
Sem palavras.

Eu, ali, me vi a contradição em carne e osso. Compartilhando (até agora) da tristeza daquele garoto ao ver o nosso Tricolor perder um jogo de semifinal da Libertadores, porém estranhamente esperançoso.
Vai ser difícil o nosso São Paulo avançar à final. Improvável, até.

Mas não é impossível. Não para quem tem o sobrenome Futebol, que insiste em dar lições.
Para aqueles que dizem que esse esporte é perda de tempo, não digo nada. Para mim, bastam as virtudes das ações silentes daquele garoto.

Neste momento de dor, encontrei a esperança. E ela, vi e senti, era absolutamente são-paulina.

Por: Rafael Bueno