Faltam 8 dias para o tão aguardado confronto contra o Atletico Nacional pela semi-final da Libertadores. O São Paulo de Paton Bauza já tem o espírito da Libertadores. Um futebol de contato, que na Libertadores os árbitros permitem que aconteça.  Por isso Maicon, Lugano, Thiago Mendes, Mena, Calleri são tão importantes, jogadores que gostam “pelear” pela bola.

E Libertadores não se ganha apenas jogando bonito, jogando bem todas as partidas. Libertadores se ganha nos detalhes pensando em cada partida. E se ganha pensando em algo simples, mas que é difícil de implementar: não tomar gols em casa, e marcar como visitante.

Antes mesmo que os adeptos a exceção e nunca a regra, vou direto para a exceção: na fase de grupos pode acontecer de você empatar todas por 0 x 0, e perder todas fora de casa por 2 x 1 que seu time não se classificará. E no mata-mata você pode ganhar por 1 x 0 e perder de 3 x 1. O San Lorenzo campeão da Libertadores de 2014 com Paton tem um número interessante:  tomou apenas 2 gols, jogando em casa durante toda a Libertadores de 2014. E o São Paulo de Paton até aqui tomou 1 gol do The Strongest (na fase de grupos, ainda sem Maicon e Lugano), e 1 gol do River!

Já como visitante, marcamos gols em TODAS as partidas:  Cesar Vallejo (1 x 1), River (1 x 1), Trujillanos (1 x 1), The Stronges (1 x 1), Toluca ( 1 x 3) e Atlético-MG (1 x 2). Se fizermos isso, contra o Atlético Nacional, certamente estaremos muito próximos de passar.

Paton começou trabalhando da defesa para o ataque.  E não há dúvidas de que Maicon, tornou a defesa do São Paulo mais segura.  Afinal, ele tem uma combinação das características de Lugano com Rodrigo Caio:  experiente, raçudo, líder, boa recuperação e técnica.

Quando jogamos contra o River, um time de mais contato e que joga com um 9 alto e sem muita velocidade, jogamos com Maicon e Lugano. Já quando jogamos na altitude, onde o adversário vem tentando sufocar, jogando em velocidade, jogamos com Maicon e Rodrigo Caio, que deve ser a zaga que vai jogar contra o veloz time da Colombia.

O Atlético Nacional é um time que joga com Amplitude e profundidade.  Que quer alargar e prolongar o campo, para ter espaço para correr em velocidade. Será a primeira vez que enfrentaremos um time assim. Mas, o São Paulo de Paton, tem um esquema e uma filosofia de jogo que dificultam muito o jogo do Atletico Nacional.

Ou seja, são sempre duas linhas de 4 próximas no primeiro e no segundo terço de campo formado por Bruno, Maicon, Rodrigo Caio (Lugano) e Mena; Kelvin, Hudson, Thiago Mendes e Michel Bastos, vem dando certo. Os volantes protegem a zaga em linha, correndo sempre em diagonal (fechando drible para o meio, e forçando o adversário ir para o lado do campo, onde temos extremo e lateral.  É aí que os laterais e extremos tentam dar o bote.

E isso vem funcionando bem.

Trazer um zagueiro agora, para se entrosar e entender todo o funcionamento desse sistema, cobertura, etc, é difícil. Agora é preciso reforçar com opções para o banco de reservas.  Jogadores que possam entrar, e mesmo sem entrosamento, possam decidir. Jogadores para o último terço do campo.

Mas, para entender que jogadores são esses é importante entender e prestar atenção no funcionamento do time, quando temos a bola. Quando estamos em nosso campo, e saindo para o ataque, os únicos que arriscam algo são Calleri e Ganso.  Pois se eles perderem a bola, temos essas duas linhas encurtando e não dando espaço em linha reta para os adversários correrem soltos sem contato com nossos jogadores.

Trocamos passes até o time inteiro chegar junto ao segundo terço do campo. Quando estamos todos posicionados no segundo terço do campo,  os extremos (Michel Bastos e Luiz Araujo/Wesley/T. Mendes) podem entrar no último terço do campo, e arriscarem junto com Ganso e Calleri. E aí, aprofundamos por um dos lados com o auxílio do lateral e do volante que joga por aquele lado.

O lateral oposto guarda posição, e o volante do lado oposto centraliza protegendo a zaga. Ou seja, atacamos sempre com 6:  Calleri, Ganso, dois extremos, um dos volantes e um dos laterais.

A linha de zaga do Atlético Nacional, joga avançada. E quando roubarmos uma bola na primeira linha (extremos e volantes), temos que rapidamente achar Ganso. E jogando com uma linha de defesa avançada, com um camisa 10 com visão de jogo, e genialidade no passe, e um atacante veloz, pode fazer isso:

https://youtu.be/DLjDNAcEg3I

Mas, Calleri é um brigador.  Corre o tempo inteiro, tromba, cai, levanta, e pode cansar. Algo que tem alta probabilidade de acontecer.  Pois ele se entrega o jogo inteiro. E se o jogo ainda estiver 0 x 0 aos 30 do segundo tempo? Não haverá com que se desesperar.  Não será necessário fazer aquela substituição de comentarista do Sportv: tirar o lateral, passar o volante para lateral, recuar o meia na posição do volante, e colocar mais um atacante. Ou seja, você não muda o esquema, e altera 3 posições, com uma substituição.  E os jogadores que nunca treinaram desta forma, procurarão uma obra do acaso.

Vamos lembrar, o importante é não tomar gols em casa e fazer gol fora. Nesses jogos, é melhor mudar 6 por meia dúzia.  E quando sai Calleri, não existe a meia dúzia. E um meia dúzia interessante:

https://youtu.be/vEq4-F-SLH4

Sim.  Pato!  Um jogador que não precisará de entrosamento.  Já conhece Ganso.  E se marcou pela Champions, jogando fora de casa contra a linha avançada do Barcelona, teria grandes chances de fazer contra o Atlético Nacional, em casa e fora. Alexandre Pato tem como seu principal atributo a arrancada!  Ele tem uma explosão para arranque curto impressionante.

E se o primeiro jogo já estiver 1 x 0 para o São Paulo e o Atlético Nacional pressionar nossa saída de jogo? Precisariamos de dois extremos velozes, inteligentes que acreditam até o final.  Alguém com mais folego que Michel Bastos, que além de ajudar na marcação, em uma bola “estourada” de Denis, acredite em Calleri e possa fazer isso:

https://youtu.be/00BImvRuwKw

Ignacio Piatti.  Meio campista, pensador, que ganhou a Libertadores com Paton em 2014.  Sem tempo para treinar, Paton saberia usá-lo durante o jogo. E claro, muitos se pergutaram e Kelvin, quem deve substitui-lo?  Pode ser o próprio Piatti. Mas, acredito que o destino muitas vezes reserva algo diferente para alguns poucos.  O famoso “estar no lugar certo na hora certa”. Assim como foi com Kaka, que era Cacá, meio campista reserva do time de juniores.

“Eu era titular dos juniores e machuquei o pescoço, tive uma fratura, em outubro. Saí do time titular e entrou o Hugo (mesmo que foi tricampeão brasileiro aqui). Ele jogou a final do Paulista e a Taça São Paulo. Voltei a treinar em janeiro de 2001, ele já era titular e o Edinho manteve o time. Aí o Vadão (técnico do São Paulo, na época) liga para o Edinho e fala que precisa de jogadores para treinar com a gente e completar o plantel. Ia começar o Rio-São Paulo. Ele pediu um atacante e um meio-campo. O Edinho falou: “Meu meia é o meu capitão, o Harison, não vou mandar, vou mandar o reserva dele”. O reserva era eu – lembrou Kaká.” O resto todo mundo já sabe.  De reserva dos juniores em 2001, para Copa do Mundo de 2002.

David Neres, Lucas Fernandes, Joanderson, formavam o trio ofensivo do São Paulo sub-20 que conquistou Copa Ouro, Copa do Brasil, Copa RS e Copa Libertadores. Os dois primeiros sem dúvidas foram os grandes destaques daquele time. Quis o destino que David Neres se machucasse, antes de subir. Lucas Fernandes então foi o primeiro a subir e ter chances.  Mas, também de machucou. Aí, o São Paulo empresta Rogério e Auro.  Centurion esta suspenso para primeira partida.

Kelvin, o titular do lado direito, se machuca. E quem pode começar jogando ou mesmo ser a grande opção no banco para o lado direito?  Luiz Araujo! Um jogador com um arranque ainda mais impressionante do que de Pato, e que para jogar contra um time com linha avançada, seja desde o começo ou no segundo tempo, ele pode fazer isso:

https://youtu.be/-4lS5ZxJNsE

 Ernani Takahashi